"If you wake up at a different time in a different place, could you wake up as a different person?"
Não, acredito mesmo que é fisicamente impossível. Mas poderemos acordar como pessoas diferentes no dia seguinte a termos visto o Fight Club? Acredito também que não, mas não me admiraria se sim…
Lembro-me de ter visto o filme em 2002, mas não me lembro de este me ter fascinado e sensibilizado como neste natal. Admito que me é algo estranho dizê-lo, mas esta obra de David Fincher é virtualmente incólume. Tudo está bem nela. Tudo encaixa. Tudo é perfeito, um pouco contra a temática do filme…
Já houve quem me dissesse que nunca vira ou verá o filme porque “não gosta de filmes de porrada”, mas ter o Fight Club como um filme de porrada é uma pré-concepção errada, muito errada. È como achar a Lula e a Baleia um filme de animação, ou achar o Diamante de Sangue um bom filme. Cenas de combate, o filme tem apenas meia dúzia, que ao todo tomarão uns 8 minutos à película. Alias, esta errónea pré-concepção trouxe dissabores ao realizador, que, diz-se, ficou furioso quando viu publicidade ao filme ser especialmente feita no intervalo de combates, nos Estados Unidos.
Todo o filme é subversivo, temática e esteticamente falando. Não falo da subversividade de um filme sobre skaters adolescentes que fumam estupefacientes ao som de Korn ou Bob Marley. É algo diferente. No filme, combates de rua, entre amigos e desconhecidos, surgem como a mais eficaz forma de libertação. Libertação do dia-a-dia, da responsabilidade, do mobiliário Sueco, da arte incompreensível, da perfeição…
Das personagens, três há a focar. Tyler Durden, o Messias, o visionário, o sonho. Á sua volta orbitam Marla Singer, psicótica filha dos dias que correm, e principalmente o mirabolante insone Narrador, sem nome aparentemente. Das personagens nada mais direi. Seria como tirar o gás a uma Coca-Cola antes de a oferecer.
Tyler durden aparece-nos como um Messias, trazendo a salvação para uma vasta geração perdida no tempo e na sociedade. “We're the middle children of history. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives. We've all been raised on television to believe that one day we'd all be millionaires, and movie gods, and rock stars. But we won't. And we're slowly learning that fact. And we're very, very pissed off.”
Auto-destruição como modo de regeneração, libertação de toda e qualquer pré-concepção moral como modo de…de…de libertação de toda e qualquer pré-concepção moral, sabão como modo de purificação social, são estes alguns dos princípios defendidos por Tyler, princípios a que muitos rapidamente sucumbem. Mas mais dizer não quero. Seria como oferecer-vos este filme com o DVD riscado e maltratado: uma falsa sensação de satisfação...
Como atrás disse, toda a estética do filme vai contra os habituais critérios. A fotografia é propositadamente granulada, imperfeita, algo de acordo com a temática do filme. Ao longo do filme o espectador é brindado com repentinas e fugazes aparecimentos de elementos estranhos ao cenário, nem sempre agradáveis. A banda sonora, a cargo da dupla Dust Brothers, completa na perfeição a dualidade e irreverência da película.
Por fim, as interpretações. Perfeitas, todas elas perfeitas, com especial destaque para Edward Norton, o Narrador, e Brad Pitt, no papel de Tyler Durden. Este ultimo especialmente, julgo-o no papel da sua vida (até ao momento). A caracterização de Tyler está perfeita. Tyler é tudo que o Narrador quer ser. Tyler é tudo que queremos ser. “All the ways you wish you could be, that's me. I look like you wanna look, I fuck like you wanna fuck, I am smart, capable, and most importantly, I am free in all the ways that you are not.” Brilhante.
Não, não acredito que tenha acordado uma pessoa diferente no dia a seguir a ter visto o Fight Club, mas aprendi muito.
Não, acredito mesmo que é fisicamente impossível. Mas poderemos acordar como pessoas diferentes no dia seguinte a termos visto o Fight Club? Acredito também que não, mas não me admiraria se sim…
Lembro-me de ter visto o filme em 2002, mas não me lembro de este me ter fascinado e sensibilizado como neste natal. Admito que me é algo estranho dizê-lo, mas esta obra de David Fincher é virtualmente incólume. Tudo está bem nela. Tudo encaixa. Tudo é perfeito, um pouco contra a temática do filme…
Já houve quem me dissesse que nunca vira ou verá o filme porque “não gosta de filmes de porrada”, mas ter o Fight Club como um filme de porrada é uma pré-concepção errada, muito errada. È como achar a Lula e a Baleia um filme de animação, ou achar o Diamante de Sangue um bom filme. Cenas de combate, o filme tem apenas meia dúzia, que ao todo tomarão uns 8 minutos à película. Alias, esta errónea pré-concepção trouxe dissabores ao realizador, que, diz-se, ficou furioso quando viu publicidade ao filme ser especialmente feita no intervalo de combates, nos Estados Unidos.
Todo o filme é subversivo, temática e esteticamente falando. Não falo da subversividade de um filme sobre skaters adolescentes que fumam estupefacientes ao som de Korn ou Bob Marley. É algo diferente. No filme, combates de rua, entre amigos e desconhecidos, surgem como a mais eficaz forma de libertação. Libertação do dia-a-dia, da responsabilidade, do mobiliário Sueco, da arte incompreensível, da perfeição…
Das personagens, três há a focar. Tyler Durden, o Messias, o visionário, o sonho. Á sua volta orbitam Marla Singer, psicótica filha dos dias que correm, e principalmente o mirabolante insone Narrador, sem nome aparentemente. Das personagens nada mais direi. Seria como tirar o gás a uma Coca-Cola antes de a oferecer.
Tyler durden aparece-nos como um Messias, trazendo a salvação para uma vasta geração perdida no tempo e na sociedade. “We're the middle children of history. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives. We've all been raised on television to believe that one day we'd all be millionaires, and movie gods, and rock stars. But we won't. And we're slowly learning that fact. And we're very, very pissed off.”
Auto-destruição como modo de regeneração, libertação de toda e qualquer pré-concepção moral como modo de…de…de libertação de toda e qualquer pré-concepção moral, sabão como modo de purificação social, são estes alguns dos princípios defendidos por Tyler, princípios a que muitos rapidamente sucumbem. Mas mais dizer não quero. Seria como oferecer-vos este filme com o DVD riscado e maltratado: uma falsa sensação de satisfação...
Como atrás disse, toda a estética do filme vai contra os habituais critérios. A fotografia é propositadamente granulada, imperfeita, algo de acordo com a temática do filme. Ao longo do filme o espectador é brindado com repentinas e fugazes aparecimentos de elementos estranhos ao cenário, nem sempre agradáveis. A banda sonora, a cargo da dupla Dust Brothers, completa na perfeição a dualidade e irreverência da película.
Por fim, as interpretações. Perfeitas, todas elas perfeitas, com especial destaque para Edward Norton, o Narrador, e Brad Pitt, no papel de Tyler Durden. Este ultimo especialmente, julgo-o no papel da sua vida (até ao momento). A caracterização de Tyler está perfeita. Tyler é tudo que o Narrador quer ser. Tyler é tudo que queremos ser. “All the ways you wish you could be, that's me. I look like you wanna look, I fuck like you wanna fuck, I am smart, capable, and most importantly, I am free in all the ways that you are not.” Brilhante.
Não, não acredito que tenha acordado uma pessoa diferente no dia a seguir a ter visto o Fight Club, mas aprendi muito.
Como fazer sabão por exemplo…
6 comentários:
Certamente, um filme 5 estrelas. Gostei do modo como a história se desenrola, do seu ambiente negro.
Para mim, um filme de culto.
O Brad Pitt está (e é) brilhante.
eu lembro-me que um dos motivos porque demorei tanto tempo a ver o filme foi por achar que era um filme de pancada e nunca tinha entendido muito bem porque é que três grandes actores entravam lá. quando o filme andou por minha casa, lembro-me que o comecei a ver contrariada e só depois percebi que afinal não era um filme de pancada.
já o vi mesmo há muito tempo, mas lembro-me de ficar chocada quando se percebe a "realidade" das coisas e de achar algo como "pu** que pariu", que é algo que me sai quando fico mesmo surpreendida pela positiva com alguma coisa.
p.s.1 - a música com que o filme acaba não podia ter sido melhor escolhida e foi a partir daí que passei a conhecer melhor os pixies.
p.s. 2 - o brad pitt está sempre brilhante em todos os aspectos :p
"p.s. 2 - o brad pitt está sempre brilhante em todos os aspectos :p"
Daniela, sabes pouco sabes! :P
Eu não sei nada sobre isso e reitero: o Brad Pitt é brilhante!
Grande crítica Gui *
Enviar um comentário