terça-feira, março 30, 2010

Cinema e histórias da vida real

Law Abiding Citizen (2009), F. Gary Gray

Edge of Darkness (2010), Martin Campbell

Há histórias reais muito parecidas com alguns filmes:

Father's crusade in name of 'murdered' teen. (BBC News)

Andre Bamberski, a retired French accountant, spent 27 years of his life in fruitless pursuit of the German doctor who he believes raped and murdered his 14-year-old daughter. He is now accused of taking the law into his own hands five months ago.

Vale mesmo a pena ler. Parece um bom guião.

Publicado simultaneamente no blog do Jornal Tribuna.

segunda-feira, março 29, 2010

L'Eclisse (2)

As fotografias estão no google, à mão de semear. Mas de tão valiosas e refinadas são, que chego a crer estar na posse de uma preciosidade (isso estou) rara (esta é a parte que falha).






L'Eclisse (1962), de Antonioni.

L'Eclisse (1)






L'Eclisse (1962), de Antonioni.

"Cineclube FDUP: wow!"



Estão aqui (quase) todos. :)

sábado, março 27, 2010

aquilo a que se chama de "um traço"


Françoise Fabian em Ma Nuit chez Maud (1969), terceiro "episódio" dos Six Contes Moraux de Eric Rohmer.

sexta-feira, março 26, 2010

The Third & The Seventh

The Third & The Seventh from Alex Roman on Vimeo.

"A FULL-CG animated piece that tries to illustrate architecture art across a photographic point of view where main subjects are already-built spaces. Sometimes in an abstract way. Sometimes surreal."

Majestoso.

P.s.: Decidi fazer um embed do video, mas sugiro que o vejam no Vimeo, e de preferência em fullscreen. (link)

minuto 3:33 e em diante: quem é quem? (mas até lá vejam o clip porque é muito bom)



Videoclip de "Me and the Devil", álbum I'm New Here (2009), de Gil Scott-Heron. Realizado por Coodie & Chike e Michael Sterling Eaton.

sábado, março 20, 2010

Dias Selvagens (crítica)

Entretanto lembrei-me que já escrevi um breve comentário sobre Days of Being Wild. Por isso mesmo, por não andar com muito tempo, e ainda porque o Pedro Ramires (que apresentou o filme) também escreveu algo sobre o filme (originalmente aqui), creio que se dispensa bem o meu contributo. Fica então o do Pedro.


"Dias Selvagens é o segundo filme de Wong Kar-Wai e, como todos os filmes de Wong Kar-Wai, é dolorosamente bonito.
Este filme passa-se entre Hong-Kong e as Filipinas e é sobre Yuddy, e Yuddy vive como um pássaro selvagem; um pássaro ferido que faz da sua passagem pela vida o mesmo que um furacão: gera e abandona destroços moribundos à sua volta. É contra a sua natureza abrandar, reflectir, reparar os danos; e ao longo do filme, os ponteiros dos inúmeros relógios sempre presentes, e os seus tiquetaques ansiosos relembram-nos tanto a passagem irredutível do tempo como o crescente desespero do seu coração.
Mas se a passagem do tempo, e a crescente desesperança a ele inerente está sempre espectralmente presente ao longo do filme, Kar-Wai também constrói, filma e capta com extraordinária subtileza ambientes intimistas, poéticos, ferozes, em harmonia perfeita com o estado de espírito dos que neles vivem. Hong-Kong aparece assim como um conjunto de sombras, becos sem saída, ruas tortuosas, frias; um ambiente melancólico provocado pela civilização que só é totalmente percebido nos acordes das guitarras dos Índios Tabajaras.
É lá que Yuddy vive com a mãe adoptiva, Rebecca, que rejeita revelar-lhe a identidade da mãe biológica porque sabe que ele iniciará a sua busca e, pior do que abandonar Rebecca, a esquecerá. Yuddy ao longo do filme rejeita e magoa as mulheres com quem se relaciona por vingança – da mãe biológica, que o abandonou, e da mãe adoptiva, que lhe revelou a condição (de adoptado) mas lhe sonegou a identidade daquela.
A primeira amante de Yuddy, Li, é também a mulher que ele mais amará. É com ela que, logo no início do filme – um início maravilhoso –, ele fixa um minuto no tempo, um minuto que será só deles e do qual eles estarão a cada segundo mais distantes. Aquando abandonada, a fragilidade nostálgica desta mulher, perturbantemente bonita, faz-nos pensar que irá quebrar; mas tal, nunca acontece – a ternura de um sorumbático polícia evita-o, e ela volta a suportar a ausência do homem que não esquece.
O mesmo sucederá com a segunda mulher, Mimi, também ela amada e abandonada. Mimi, porém, não se resigna ao afastamento, e usará o interesse que produz num jovem amigo de Yuddy para iniciar a inconsequente procura deste. Kar-Wai antecipa-nos isso no fim de uma prodigiosa cena: quando Yuddy deixa Mimi, esta vai ao encontro de Li – na procura de Yuddy – e, depois de uma desesperada discussão, vemos Li de pé à frente de um portão gradeado, que ultrapassou, e Mimi por detrás de uma rede, incapaz de a largar.
Yuddy abandona Mimi quando Rebecca (a mãe adoptiva), prestes a partir com um jovem amante, revela a Yuddy a identidade da sua mãe biológica. É então que Yuddy inicia a sua fatal viagem às Filipinas, onde nova rejeição por parte da mãe biológica, e todo o vazio que se abre com tal rejeição, o vai levar à conclusão da espiral auto-destrutiva que foi a sua vida; ou, melhor, a descobrir que nunca viveu, “pois estava morto desde o início”.
Sempre percorrido pelo desalento, pela desventura, pela perda, o filme termina com uma sequência tanto fabulosa como curiosa: câmara-fixa, vemos um jovem (que aparece pela primeira vez no filme), no seu quarto, enquanto meticolosamente se apruma (presumivelmente) para um encontro. Esta espantosa sequência continua em In the mood for love e 2046, esses filmes perfeitos onde a beleza é intoleravelmente asfixiante".

o videoclip que podia ser uma curta


Orelha Negra - Supernatural Teaser

Orelha Negra | Vídeos de Música do MySpace

terça-feira, março 16, 2010

2ª sessão - Days of Being Wild


Days of Being Wild - Kar Wai Wong

Dia 18 Março, quinta-feira, às 18h na sala 101 da FDUP.
Apresentação de Pedro Ramires (FEP)

ENTRADA GRATUITA.


ADENDA/NOTA PESSOAL: A habitual crítica escrita ao filme não será amanhã disponibilizada, ao contrário da prática vigente, por manifesta falta de tempo. Todavia, passará a estar disponível on-line posteriormente, aqui no blog.
Francisco.

domingo, março 14, 2010

Para além da Sophie Marceau como veio ao mundo



Al di là delle nuvole (“Para Além das Nuvens”, em português), de 1995, foi o primeiro filme que vi de Michelangelo Antonioni que não me encheu os olhos. E por esse carácter inédito (e supreendente, pela enorme admiração que tenho por Antonioni) é que decidi escrever algo sobre o filme.
“Encher os olhos” não é porém a expressão mais correcta, se tomada à letra: é que este filme de Antonioni, na linha dos seus grandes filmes, tem uma fotografia espantosa e planos demorados de uma beleza impressionante. Por isso mesmo, visualmente falando, é que este filme me encheu, afinal, os olhos; todavia, já não me enche os olhos quando vacila claramente numa outra vertente que Antonioni sempre dominou mas que não domina (ou concretiza) neste filme: a narrativa.
Tendo como tema central o Amor, “Para Além das Nuvens” apresenta-nos quatro fragmentos, quatro slides, do que é ou pode ser uma relação amorosa: o seu início (mais ou menos titubeante, mais ou menos espontâneo); a sua ocasionalidade, expressa numa relação inconsequente ou em algo mais sério; as suas vicissitudes (a traição, a saudade, o medo do abandono, a separação); e a sua impossibilidade absoluta.
“É ou pode ser”, disse eu, pois da forma como esses quatro fragmentos nos são mostrados, não chegamos a ter a certeza da sua estabilidade, isto é, em nenhum deles (com a excepção do último) podemos dizer assertivamente que estamos perante o início, o meio ou o fim de uma relação. Com efeito, Antonioni não o permite na forma como corta abruptamente as cenas, deixando sempre uma porta aberta para um hipotético desenrolar futuro da situação - a não ser no tal último fragmento (que bem podia ter sido filmado por Godard), onde, ainda assim, a impossibilidade absoluta de uma relação resulta, não das pessoas e suas idiossincrasias (como nos três primeiros), mas de um elemento externo, transcendente às relações humanas.
A meu ver, a grande falha nesta observação quadripartida que Antonioni faz, é flagrante: a falta de coerência narrativa ou de concretização (repare-se que nem estamos a falar de qualquer coisa como um “encadeamento lógico”) entre as quatro peças. Que, ao fim ao cabo, sendo estas, podiam ser quaisquer outras (dentro do tema “Amor”, entenda-se). Se em conjunto, as quatro grandes cenas do filme se perdem, não é, como seria de esperar (e assim o esperou Antonioni, suponho), o papel de um realizador (interpretado por John Malkovich) em périplo buscando novas sensações (Malkovich diz a certa altura qualquer coisa como: “Para que vos falo eu disto? Não sou filósofo; ao contrário deles, sempre me agarrei às imagens”) como fontes de inspiração para novos filmes, que consegue unir e fazer funcioná-las como um todo. Pelo contrário, Malkovich parece a certa altura um ser estranho ao filme, como que um guru que vai aparecendo de cada vez que é chamado para fazer a transição entre as cenas e comentá-las poeticamente. Mais interessantes do que esses comentários, são as impressões introspectivas que Malkovich faz da sua profissão enquanto realizador de cinema. Sobretudo nos últimos minutos do filme em que Malkovich fala da impossibilidade inexorável do realizador em transmitir ao público a primeira imagem, a originalíssima imagem que concebeu, e que sempre será sujeita aos sucessivos (e inevitavelmente deturpadores) filtros de quem as observa. Esta angústia - que parece-me a mim ser já o Antonioni-realizador em voz off -, comum a tantos outros processos criativos (na literatura ou na pintura, por exemplo), fecha de forma poderosa um dos filmes menos coesos de Antonioni que já vi, e que, sublinho, se deve sobretudo à falta de coerência ou identidade narrativa entre os quatro grande fragmentos sobre o qual o filme gravita. Isto porque visualmente, como também já disse, “Para além das nuvens” é outra “bomba” de Antonioni: belo, belo, belo.
No fim de contas, é este um duplo exercício pessoal de Antonioni: estético (visualmente falando) e reflexivo no que toca ao Amor e às suas diversas flutuações nas relações humanas. Esse cariz “pessoal” da reflexão talvez acabe por explicar de certa forma a ausência de preocupação em fundir as quatro histórias numa só história mais convencional e coerente.
Recorde-se ainda que este é possivelmente um dos filmes da história do cinema que mais vultos reuniu no mesmo espaço (John Malkovich, Sophie Marceau, Fanny Ardant, Jean Reno e a belíssima Inês Sastre, entre outros (!)), e a que se soma o argumento original da autoria de Antonioni em parceria com Wim Wenders (!). A contra capa da minha velhinha cassete VHS e o IMDB falam também da interpretação de Marcello Mastroianni e de Jeanne Moreau, mas eu devo ter estado desatento porque não os apanhei em lado nenhum.
Último suspiro para dizer que a música do filme, mormente os pianos, é, em geral, tão melíflua, que, de tão desfasada da fita, chega a ser de uma pieguice confrangedora (mas o Amor é uma pieguice confrangedora e melíflua e nós gostamos, por isso está tudo bem).

sexta-feira, março 12, 2010

singularidades de uma fotografia














... e da cor, luz, sombras, guarda roupa,...

quinta-feira, março 11, 2010

um filme singular


Com tempo, e com o passar do tempo necessário à digestão de tantas sensações, escreverei algo sobre este pedaço de arte.

segunda-feira, março 08, 2010

Ensaio sobre a loucura

Home (2008), de Ursula Meier com Isabelle Huppert, ensaia a história de uma família de cinco, que vive numa moradia encravada e dividida por uma auto-estrada que foi construída, mas que não é utilizada, usufruindo da estrada para conseguir ir por um caminho de terra até à cidade, para conseguir chegar à sua caixa de correio e para conseguir mandar os miúdos para a escola. Basicamente a estrada serve de prolongamento ao que anteriormente seria o resto do jardim, tendo crescido completamente desenquadrada do resto.

O problema é que a estrada que estava abandonada, passa de um dia para o outro a ser utilizada, depois das devidas obras que faltavam concluir, surgindo então uma nova auto-estrada, capaz de fazer milagres de condução aos seus utilizadores que passam a encurtar as suas viagens de casa para o trabalho. Isto, a cerca de 15 metros, se tanto, da casa. Colado ao jardim que todos os dias preenchia o dia da filha mais velha cuja única actividade na vida é apanhar sol no jardim. Pelo meio junta-se a filha nerd que vive na paranóia do envenenamento por chumbo, o marido que tem de deixar o carro do lado de lá da estrada porque a casa passa a estar encravada no meio do nada, o filho pequeno que descobre o túnel por onde podem ir de um lado para o outro e a mãe completamente neurótica e dona de casa que continua a tentar a levar a sua vida normalmente embora tenha trânsito a passar-lhe mesmo diante dos olhos dia e noite sem parar.


E à medida que os dias passam percebe-se que os comportamentos se vão alterando, que as características de cada um ficam cada vez mais vincadas e que vão ficando eléctricos, como se houvesse algo externo a perturbá-los. Principalmente a mãe, vai assumindo comportamentos estranhos e fora de lógica, enquanto que a única personagem que parece viver alheia de tudo é a que se continua a deitar no relvado, ignorando os carros e os camiões que apitam ao ver uma jovem, que desnuda, se estende ao sol.

Claro que um espectador atento vai pensando em várias alternativas para a pobre família que vive atormentada com o ruído constante dos carros, com a falta de privacidade e com um isolamento total face ao outro lado, onde todas as coisas parecem ficar. Contudo, tudo o que eles decidem fazer é o que qualquer pessoa normal não faria, tomando as decisões mais estranhas de todas as que estariam ao seu dispor. O que nos coloca a inevitável questão: até onde estaríamos dispostos a ir pelo nosso lar?

Critica por Daniela Ramalho

Convites para antestreia - Cinerama

Caros cineclubistas, temos 10 bilhetes duplos para esta antestreia. Enviem um email para o já habitual cineclubefdup@gmail.com, com o vosso nome e nr. de telefone. Os convites podem depois ser levantados nas bilheteiras do Cidade do Porto!


CINERAMA

um filme de Inês Oliveira

com Diogo Dória, Ricardo Aibéo, António Fonseca, António Poppe, Rita Loureiro, João Cabral, Rita Durão, Pedro Hestnes


Mostra Internacional de Cinema de São Paulo > Selecção Oficial em Competição

Festival de Premiers Plans, Angers > Selecção Oficial, Fora de Competição


terça-feira, 9 de Março
21h45
Cinema Cidade do Porto
Sala 1


Nota de intenções da realizadora

O que me aconteceu neste filme foi criar caminhos e percorrê-los ao mesmo tempo.

Observei problemáticas que se prendem com a viragem de século (neste caso até de um milénio), comparei-as com as do século passado: a passagem de um “mundo” para outro (revolução industrial, novas ideologias construídas em cima das ruínas das anteriores…). Observei também a hipótese que o mundo globalizado de hoje oferece a quem quer viver à margem, por exemplo, numa Ìndia imaginária. Poder gritar à vontade e não ser ouvido – é uma angústia do nosso tempo.

Não desenvolvo uma narrativa linear, convencional, mas lanço uma: o rapto do director de uma empresa. Um acto vão, inconsequente, ignorado, abafado. Quantas são as narrativas que nos lançam diariamente as televisões e jornais, com protagonistas, antagonistas, intrigas e personagens secundárias, que depois nunca se desenvolvem ou desenlaçam? O absurdo ganha à lógica?

Apesar do cinema ser uma arte do tempo e do espaço, este filme é acima de tudo uma construção em três actos, três “écrans” de cinerama, que se aglutinam, contradizem e justapõem. Não se sintetizam. Implodem.


Inês Oliveira

http://www.cinerama-filme.com/

domingo, março 07, 2010

McCabe & Mrs. Miller by Leonard Cohen

Leonard Cohen - Sisters of Mercy


Leonard Cohen - The Stranger Song


Leonard Cohen - Winter Lady

sábado, março 06, 2010

Freezin' my soul

Warren Beatty em McCabe & Mrs. Miller

hip-hop e nouvelle vague

Blu - "Amnesia"


As cenas são do filme Ascenseur pour l'échafaud (1958), de Louis Malle, filme que não vi mas a que cheguei pela música. A banda sonora original era de Miles Davis, mas parece-me que este pequeno "remake" feito pelo Blu (um dos melhores artistas da cena rap norte-americana) não ficou nada mal. Ah, e a senhora loira é a grande Jeanne Moreau.

sexta-feira, março 05, 2010

É de facto um filme fofinho

Juno (2007), de Jason Reitman, não sendo propriamente inspirado ou fora do vulgar, conta a simplicidade de uma adolescente que engravida e que ao invés de fazer um aborto, como milhões de adolescentes fariam, decide dedicar-se a uma causa mais altruísta, optando por dar o bebé para adopção, depois de lhe dizerem que ele teria unhas. E só isto não diz de facto grande coisa, até porque os pais não têm nenhuma crise parental depois de descobrirem e o pai da gravidez indesejada não é nenhum jogador de futebol musculado que troca a rapariga pela loira chefe de claque. É precisamente aqui que reside a diferença do filme para um qualquer candidato a um domingo à tarde mau, sendo mais um candidato de domingo à tarde agradável (talvez por isso ainda não tenha passado em nenhum canal ao domingo à tarde, pelo menos que eu tenha conhecimento), por fugir a uma data de lugares comuns capazes de atrair muita gente ao cinema e de torná-lo num êxito garantido entre adolescentes e já repetido vezes sem conta.

Existem de facto pequenos detalhes que o tornam caricato. Juno ainda usa o telefone em forma de hambúrguer, o pai é o jovem que todos esperavam que fosse virgem pelo menos até aos 30 e não se cria uma cena de indecisão, depois do filho nascer, entre dá-lo ou não, de modo a evitar lágrimas e dramas tão habituais no tipo de situação. Além disso, o pai adoptivo é uma espécie de adolescente preso na pele de um adulto casado com uma mulher de negócios bem sucedida, que encontra em Juno a possibilidade de falar sobre as coisas em que tem interesse, embora a rapariga tenha sempre comentários impertinentes e infantis a fazer. Felizmente também não é um daqueles que transforma a miúda irresponsável numa completamente adulta que fica com um instinto maternal mesmo muito apurado resultado da gravidez e das hormonas por ela libertada. Mais relevante de tudo, é que também não se cria uma tensão entre os dois pais com um a querer dar para adopção e o outro a querer ficar com o bebé.

Em suma, Reitman acerta em cheio no facto de adolescentes serem sempre adolescentes e não alterarem a perspectiva que têm das coisas porque têm um acidente de percurso. O que efectivamente não acontece na maioria dos casos, resultando quase sempre numa caricata aventura que tentar educar uma criança que se decide ter porque existe sempre os que pressionam e dizem que os dois irão mudar. E isto lembra-me tão bem múltiplas situações que se foram repetindo ao longo dos anos na escola que porventura é por isso que o filme acaba por criar uma empatia inevitável. Além de que a barriga de Juno é adorável.

Critica por Daniela Ramalho

"See? I'm the only one that sees the whole picture. That's what they mean by genius".


Whatever works foi dos filmes que mais gozo me deu ver nos últimos tempos e também um dos melhores Woody Allen em tempos mais recentes (não olvidando o fabuloso Match Point (2005) e, eventualmente, o Cassandra's Dream (2007), que não vi). É um Woody Allen que toca no mesmo humor neurótico dos inevitáveis Annie Hall (1977), Midsummer Night's Sex Comedy (1982) ou Manhattan (1979), mas muito mais arejado; a neurose é a mesma, mas a perspectiva é agora outra, bem mais descontraída e optimista.

Inacreditavelmente, o youtube não tem (ou eu não encontrei) aquela que para mim é a melhor cena do filme: quando Boris (Larry David) desce as escadas exclamando "Vou morrer, vou morrer, eu vou morrer!", e a mulher, preocupada, lhe pergunta "queres que chame uma ambulância?". Ele abana muito a careca dizendo "não, não, não é isso, não estás a perceber, eu um dia vou morrer!".
A esta se segue imediatamente outra cena sublime, quando Boris e a mulher iniciam um diálogo cuja conclusão, feita por Boris, é qualquer coisa como "apaixonámo-nos de uma forma perfeitamente racional: gostávamos da mesma literatura, da mesma música, da mesma arte; fez tanto sentido, foi tão racional, que deu nisto".

(Perdoem-me a muito provável adulteração grosseira dos diálogos, mas a culpa é mesmo do youtube. E transcrito perde metade da piada, bem sei).

terça-feira, março 02, 2010

1ª Sessão - McCabe & Mrs. Miller

McCabe & Mrs. Miller - Robert Altman
, com Warren Beatty e Julie Christie

Dia 4 Março, quinta-feira, às 18h na sala 101 da FDUP.
ENTRADA GRATUITA.