O problema é que a estrada que estava abandonada, passa de um dia para o outro a ser utilizada, depois das devidas obras que faltavam concluir, surgindo então uma nova auto-estrada, capaz de fazer milagres de condução aos seus utilizadores que passam a encurtar as suas viagens de casa para o trabalho. Isto, a cerca de 15 metros, se tanto, da casa. Colado ao jardim que todos os dias preenchia o dia da filha mais velha cuja única actividade na vida é apanhar sol no jardim. Pelo meio junta-se a filha nerd que vive na paranóia do envenenamento por chumbo, o marido que tem de deixar o carro do lado de lá da estrada porque a casa passa a estar encravada no meio do nada, o filho pequeno que descobre o túnel por onde podem ir de um lado para o outro e a mãe completamente neurótica e dona de casa que continua a tentar a levar a sua vida normalmente embora tenha trânsito a passar-lhe mesmo diante dos olhos dia e noite sem parar.
E à medida que os dias passam percebe-se que os comportamentos se vão alterando, que as características de cada um ficam cada vez mais vincadas e que vão ficando eléctricos, como se houvesse algo externo a perturbá-los. Principalmente a mãe, vai assumindo comportamentos estranhos e fora de lógica, enquanto que a única personagem que parece viver alheia de tudo é a que se continua a deitar no relvado, ignorando os carros e os camiões que apitam ao ver uma jovem, que desnuda, se estende ao sol.
Claro que um espectador atento vai pensando em várias alternativas para a pobre família que vive atormentada com o ruído constante dos carros, com a falta de privacidade e com um isolamento total face ao outro lado, onde todas as coisas parecem ficar. Contudo, tudo o que eles decidem fazer é o que qualquer pessoa normal não faria, tomando as decisões mais estranhas de todas as que estariam ao seu dispor. O que nos coloca a inevitável questão: até onde estaríamos dispostos a ir pelo nosso lar?
Critica por Daniela Ramalho
2 comentários:
Esse título resume o filme!
E as fotografias são fabulosas...
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