terça-feira, dezembro 30, 2008

o peixe Lynch

O outro David Lynch que a maioria de nós desconhece. E do qual não fiquei com grande vontade de conhecer.

Em Busca do Grande Peixe – Meditação, Consciência e Criatividade

Em Julho de 1973, David Lynch tinha 27 anos, uma carreira artística errática (algures entre a pintura e o cinema), uma bolsa de dez mil dólares do American Film Institute e uma primeira longa-metragem encalhada por falta de meios (Eraserhead, futura obra de culto que só completaria em 1977). Um belo dia, entrou num centro de Meditação Transcendental (MT), em Los Angeles, conheceu uma instrutora «parecida com a Doris Day» e tudo mudou. Sentado numa pequena sala, de olhos fechados, Lynch repetiu certo mantra («um pensamento-vibração-som») e «foi como se estivesse num elevador e tivessem cortado o cabo». Ou seja: «Buum! Caí em beatitude – pura beatitude.» E nunca mais quis outra coisa. Desde aquele dia, há três décadas e meia, que o realizador cumpre, sem falhas, o mesmo esquema: «Medito uma vez de manhã e, de novo, à tarde, durante cerca de vinte minutos de cada vez. Depois, vou à minha vida.» Só que com muito mais energia e capacidade criativa, diz ele.
No fundo, a MT é o método através do qual Lynch «pesca» literalmente as ideias para os seus filmes e este livro pretende ser uma explicação prática desse método. Tudo se resume a uma metáfora ictiológica, repetida vezes sem conta: «As ideias são como peixes. Se quisermos capturar peixes pequenos, podemos ficar pelas águas pouco profundas. Mas, se quisermos capturar os peixes grandes, temos que ir mais fundo.» Mais fundo, entenda-se, no «oceano de consciência pura e vibrante» que existe dentro de cada ser humano. A julgar pelos exemplos descritos, Lynch domina tão bem esta arte da introspecção que para ele se tornou fácil mergulhar até à Fossa das Marianas do seu Ser (com maiúscula) e arrancar de lá as ideias perturbantes que depois vemos, transfiguradas, no grande ecrã.
Apesar do estilo telegráfico, com irritantes tiques de guru oracular, os capítulos em que Lynch fala da aplicação da MT ao seu trabalho artístico, ou da paixão pelo cinema, ou do entusiasmo pelo vídeo digital, ainda escapam. O problema é que o autor de Mulholland Drive tenta ao mesmo tempo evangelizar o leitor, apelando à sua grande causa: a luta «contra a negatividade», em prol da «paz verdadeira na Terra». O discurso, de tão ingénuo, chega a parecer irónico. Mas não é. Atrás do Lynch perverso dos filmes, esconde-se um insuportável avatar new age.
Quando vi Em Busca do Grande Peixe na secção de Espiritualidades de uma livraria, fiquei chocado. Depois de o ler, porém, acho que é precisamente ali o seu lugar.

autor: José Mário Silva

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Paraiso da Nostalgia


É o que me ocorre dizer depois de vêr Cinema Paradiso (1988), de Giuseppe Tornatore. Não me apetece alongar muito. Até porque é difícil quando a sorrateira emoção ameaça constituir avalanche para os sentidos mais lúcidos.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Badfellas


Vi ontem pela primeira vez o aclamado Goodfellas (1990), do Scorsese. A melhor coisa do filme foi confirmar no meu interior a minha aversão por filmes sobre a mob. Porque, ao contrário de muita gente, não consigo tirar prazer e gozo da mob em si, enquanto organização. Algo me diz que matar com cinco balázios nos cornos alguém que até aquele dia era o meu irmão de sangue apenas porque ele estacionou mal o carro e levantou suspeitas, tem o seu quê de estranho. E de desagradável, porventura.
Pior, Goodfellas despertou-me muitos deja vus de padrinhos e outros que tais.
Por outro lado lado, se em padrinhos e outros que tais, o relato histórico contextual ainda nos é destacado, e transmitido de uma forma construtiva e interessante, em Goodfellas esse plano é, a meu ver, bastante subalternizado. Quanto ao enredo principal em volta do puto-inocente-depois-membro-da-família Ray Liotta, este é, na minha humilde opinião, tão pouco original que até dá vontade de juntar uns ingredientes para tornar a coisa mais atractiva.
Enfim, vale pelo elenco: Ray Liotta, De Niro (fica-lhe sempre bem o papel de gangster), Paul Sorvino e Joe Pesci (por esta ordem na fotografia).

ADITAMENTO:Depois de escrever e publicar este texto, dei uma vista de olhos pelo google, curioso por saber de outras opiniões sobre o filme. Desde "um dos melhores filmes dos anos 90" a "inspirador de todos os filmes noir póstumos", todos os honrosos qualificativos contradizem a minha apreciação. Eheh... bem, o que posso dizer? Que detesto mesmo a merda da máfia e os filmes sobre ela!

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Baraka, por André Silva

O blog do Cineclube volta a contar com críticas de filmes feitas por leitores e cinéfilos. Espero que seja a primeira de muitas.



“Baraka” é um incrivél tele-documentário experimental realizado pelo director norte-americano Ron Fricke. Na língua Sufi, a palavra “Baraka” significa Sopro de vida ou Bênção. Um autêntico poema visual onde as imagens incluem um vasto registo de rituais religiosos, maravilhas naturais, processos de mecanização e produção humana e diversos estilos de vida. O contraste e as metáforas visuais criadas por Ron Fricke provocam reflexão, tranquilidade e inquietação aos espectadores atentos. As músicas aliciantes e os efeitos sonoros contribuem para que Baraka seja uma experiência única e marcante. Baraka é um documentário sobre o homem e a natureza, a sua beleza e diversidade cultural, o contraste humano, as suas semelhanças e a sua própria destruição, enquanto ser incapaz de entender o frenético ritmo social a que a vida se desenrola. È facilmente apreendida a intima e frágil ligação entre todos os homens, resultado da multiplicidade de diferenças religiosas, culturas e linguísticas.
São noventa e seis minutos, sem narração, legenda ou discurso, somente imagens e sons cuidadosamente capturados. Baraka exibe-nos de que forma a raça humana e seus diferentes ciclos de vida estão eternamente vinculados ao ritmo da natureza, fazendo uma surpreendente análise do mundo e de quem nele habita.
Filmado em 152 lugares diferentes, localizados em 24 países, Argentina, Austrália, Brasil, Cambodja, China, Equador, Egipto, França, Hong-Kong, Índia, Indonésia, Irão, Israel, Itália, Japão, Kenya, Kuwait, Nepal, Polónia, Arábia Saudita, Tanzânia, Tailândia, Turquia, e Estados Unidos da América, “Baraka” não tem qualquer história ou enredo. Em vez disso utiliza, não só temas para nos apresentar novas perspectivas, mas também genuínas emoções que nos fazem entrar na mensagem do filme. Não aconselho a visualização deste filme a pessoas confiantes no seu ego, seguras pelo seu egoísmo étnico centralizado, nem com configurações pré-definidas de vida humana ou comportamentos sociais, já que nos é proporcionada uma verdadeira experiência sensitiva e espiritual que leva o telespectador a olhar o mundo de um modo totalmente diferente e de uma forma mais condescendente para com os outros. Baraka permitiu-me ver realidades que nem sonhava existirem, comportamentos sociais que por vezes surgem-nos como irreais, vislumbrar padrões de conectividade cultural, tudo isto num sentido de equilíbrio e proporção de relações internacionais humanas. O meu olhar fugia simplesmente de encontro a outros olhares e caras de pessoas, levando-me a entender a universalidade do espírito humano.
Guardo a triste lembrança de uma enorme lixeira pública na Índia, onde grupos de pessoas procuram incessantemente por qualquer tipo de coisa que lhes permita sobreviver mais um dia, competindo com outros animais. Mulheres e crianças descalças procuram pequenos “tesouros” naquele horrível lugar, onde nenhum ser humano deveria ser obrigado a viver.
Fricke afirma que o objectivo desta obra era ser "uma viagem de redescoberta da própria vida, mergulhando na natureza, na história, no espírito humano e por fim no reino do infinito." Único na sua beleza, sensibilidade e percepção, “Baraka” consegue, ao longo de noventa e seis minutos, e movendo-se na realidade quotidiana de um mundo multifacetado, transmitir-nos uma ideia de tolerância e respeito cultural a que todos deveríamos estar sujeitos.
Mais que uma obra puramente fantasiosa e imaginária, “Baraka” é um filme sobre a vida, um registo sobre a própria Humanidade.

autor: André Silva

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Sugestões para um Natal mais quentinho...



Começo com 'Le Grand Bleu - The Big Blue', de Luc Besson.
Neste fabuloso filme (e é mesmo, não estou com falta de adjectivos), acompanhamos infância e vida adulta de Jacques Mayol e Enzo Molinari (na foto), dois mergulhadores de alta competição, que têm com o mar uma relação mais complexa que a profissional.
Fotografia e interpretações brilhantes.


Segue-se 'Payback', de Brian Helgeland, que para muitos pode parecer apenas mais um filme de acção com o actor/realizador/pastor, Mel Gibson. Mas não o é. Mais do que um banal filme de acção, 'Payback' conta com um cativante e bem conseguido enredo, capaz de nos prender ao ecran. Conta também com mais uma excelente interpretação de Mel Gibson, sempre igual a si mesmo.


Termino com um filme mais recente, 'In Bruges', de Martin McDonagh, com Colin Farrell e Ralph Fiennes.
Todo passado em Bruges, o filme conta-nos a história de um grupo de assassinos bem peculiares. Repleto de humor e situações pouco provaveis, é um excelente filme ao género de 'Snatch'.
É fantástico.

terça-feira, dezembro 09, 2008

O cowboy (Joe) da meia-noite.

Filme disponível na Biblioteca da FDUP

Quando o simples visionamento de um filme nos perturba, deixa ensimesmados, deprimidos e, até, de certa maneira, tristes, já temos mais do que o necessário para poder dizer que a obra nos marcou. Não será isso, para além daquela imediata finalidade de “passar um bom bocado”, que procuramos no cinema?

“Midnight Cowboy”. Ou, para quem preferir o título da versão portuguesa, “O cowboy da meia-noite”. O filme marca porque nos abre um vasto leque de perguntas. Se às mesmas sabemos ou não responder é outro problema. O autor destas linhas, que é o Tiago Ramalho, plasma em escrito que não sabe. E por isso está perturbado, ensimesmado, deprimido e, até, de certa maneira, suponho que mesmo o mais despistado dos leitores adivinha a palavra que se seguirá, triste.

Irei relembrar a história para aqueles que a já não recordam. Aos que ainda não viram o filme, salvo se tiverem uma firme aversão à surpresa, recomendo que primeiro o vejam e depois leiam.

Vejamos então, sucintamente: um jovem, de nome Joe, larga o seu pequeno mundo no Texas, onde era lavador de pratos, e parte para Nova Iorque. Projecto: acreditando na sua anacrónica imagem de cowboy, tem em mente viver como prostituto de senhoras que possam pagar os seus serviços, e tudo correrá pelo melhor. Já Ratso é um ladrão de vão de escada. Apesar de estatisticamente poder não ser um sem abrigo, é um pobre coitado que vive num prédio devoluto. Ambos, não obstante alguns pequenos problemas iniciais, acabam por ser o sustentáculo um do outro, vivendo Joe na casa de Ratso. Naturalmente que Joe não foi bem sucedido no seu ofício, pois de outra forma não viveria em tão precárias condições. De facto, em vez de grandes senhoras, aquele que, segundo palavras próprias, não é um verdadeiro cowboy, mas um bom garanhão, acaba por ou não trabalhar ou fazer apenas serviços homossexuais, o que abala o seu sentido estético e, porque não dizê-lo, a masculinidade que faz questão em ostentar. Creio que com isto um quadro geral fica traçado.

O em todo este filme mais parece perturbar é a turbulência das relações humanas: parece ser inegável a forte relação de amor entre Joe e Ratso, esses dois homens sós perdidos na grande metrópole. Mas que amor é esse? Que estranha relação cultivam os dois sujeitos? É curioso como Ratso, ao ver Joe chegar a casa com dinheiro, depois da primeira (que vem a ser única) noite de serviços sexuais remunerados o ataca com violência. Qual a causa dessa hostilidade que leva um homem a violentar o outro – o único – que se preocupa consigo? São dois homens perdidos, duas torres em queda que se apoiam uma na outra num muito frágil equilíbrio. E é uma relação tão forte que leva Joe a cometer um crime (ele que, aparentemente, tanta aversão a tal tinha) para poder levar Ratso à Florida, essa terra com que tanto sonhava, em que nunca chega a pôr os pés mas apenas a depositar o olhar (e a vestir uma camisa com uma palmeira). Pergunto-me então, de novo, sobre que força tão grande é essa que leva aqueles homens a suportarem-se um ao outro. Talvez uma qualquer que transcenda os nossos quadros de compreensão, que só pode ser sentida por homens assim tão sós, tão carentes de uma palavra singela, de um sorriso, ainda que amargurado, ou, tão-somente, de uma sombra pela casa que os lembre que não estão sós no mundo.

Também não consigo deixar de me perguntar sobre qual o valor do sonho: valerá a pena persegui-lo? Aquele rapaz ingénuo, firme na sua inocência, que parte para um espaço que não conhece acreditando no seu visual à John Wayne, que acredita nessa sua ilusão até ao momento em que, abandonando nova Iorque, depara consigo mesmo e, tão somente, não gosta. Basta comparar uma das cenas iniciais em que, ainda na pequena vilória do Texas, garbosamente se arranja para sair de casa, com aquele em que, na viagem para a Florida e depois de comprar um novo vestuário, deita todos os seus velhos pertences ao lixo. Talvez aí morra o Cowboy da Meia Noite do Texas e nasça um novo Joe de Nova Iorque. Há um desconsolo enorme em ver a figura de Joe destruir-se ao longo de todo o filme e, nesse momento em que “volta a si”, vê-lo a ver morrer o seu camarada de vida.

As interpretações dos dois principais actores são notáveis: John Voight tem um ar incrivelmente inocente ao longo de todo o filme; Dustin Hoffman parece um verdadeiro rufia. Comparar esta sua interpretação com a que realiza em “The Graduate” revela toda a sua qualidade. Será mesmo o mesmo, passe a redundância?

Comecei por dizer que este filme abre bastantes perguntas. Abre perguntas e com ela nasce alguma dor. Mas tudo isso dentro da grande felicidade de ver uma grande obra e de efectuarmos uma viagem a uma outra realidade pela câmara de um realizador.

Não classifico filmes com estrelas mas com palavras. Sobre este digo que é perturbante, às vezes doloroso, e que tem brilhantes interpretações. Ah…e recomendo a qualquer um.
*post rectificado perante a correcção da Maria João. Sobre o nome "Ratso" recomenda-se o dito comentário, da mesma menina, senhora, mulher.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Amanhã há filme


Amanhã há filme.
Rushmore (1998), de Wes Anderson; às 18:15h na sala 1.01 da FDUP.
Entrada gratuita.
Aparece.

quarta-feira, novembro 26, 2008

Última sessão do semestre - Rushmore


Terça, dia 2 de Dezembro, às 18:15h na sala 1.01.
Aparece.

terça-feira, novembro 18, 2008

Hoje há filme!



How green was my valley (1941), de John Ford, às 18h, na sala 1.01.
Aparece e traz um amigo!

sábado, novembro 08, 2008

British Culture Week

Chegou às minhas mãos, por intermédio do meu professor de Inglês Jurídico, um interessante ciclo de cinema inglês, promovido no âmbito da British Culture Week, iniciativa levada a cabo pelo Oporto British Council. Paralelamente, haverá lugar para duas tertúlias sobre o cinema inglês. O local é a FLUP.
Aqui fica:

Monday 10th
15h30 Anfiteatro Nobre
Official Opening Session:
Tony Barker (Univ. Aveiro)
"You´re Nicked!” A Taxonomy of Classic British Crime Films.

Tuesday 11th
13h45 Anfiteatro Nobre
Film:
Bend It Like Beckham (Gurinder Chadha)
Introduced by Nic Hurst (meu Professor)

Wednesday 12th
10h45 Anfiteatro Nobre
Sara Graça da Silva (CETAPS – PhD Univ. Keele)
And now for Something Completely Different: British Comedy and the Representation of Britishness.

15h45 Anfiteatro Nobre
Film:
My Left Foot (Jim Sheridan)
Introduced by Roger Luke

Thursday 13th
15h45 Anfiteatro Nobre
Film:
Kes (Ken Loach)
Introduced by Jonathan Banatvala

Friday 14th
13h45 Anfiteatro Nobre
Film:
The Life of Brian (Terry Jones)
Introduced by David Christopher

domingo, outubro 26, 2008

Berlim: Reconstrução crítica

:: CICLO DE CINEMA / Cinema Passos Manuel / 4-7 NOV ::
O Ciclo de Cinema apresenta um conjunto óbvio de quatro filmes incontornáveis, pontos de referência na linha da história de Berlim, que serão analisados e contextualizados por intelectuais apaixonados pelo cinema e pela cidade.

4 NOV 21h30
BERLIM, SINFONIA DE UMA GRANDE CIDADE
Walter Ruttmann, 1927
Analisado por Nuno Portas

5 NOV 21h30
GERMANIA, ANNO ZERO
Roberto Rosselini, 1947
Analisado por Abílio Hernandez Cardoso

6 NOV 21h30
ASAS DO DESEJO
Wim Wenders, 1987
Analisado por Pedro Barreto

7 NOV 21h30
BERLIN BABYLON
Hubertus Siegert, 2001
Analisado por Hubertus Siegert


Com Manoel de Oliveira em Serralves, um Ciclo de Cinema Italiano no TECA, um Festa do Cinema Francês no Cidade do Porto e agora este novo ciclo, pode-se dizer que o cinema está de pedra e cal na Invicta! Venha daí a Cinemateca... (?)

segunda-feira, outubro 20, 2008

21/10/2008 - Los Olvidados


A segunda sessão do Cineclube FDUP é já amanhã.
Após o sucesso de Love and Death de Woody Allen, segue-se outra fabulosa obra cinematográfica, desta feita Los Olvidados de Luís Buñuel.
Com apresentação de Inês Silvestre e crítica de Francisco Noronha, Los Olvidados promete fazer as delícias da plateia ávida de bom cinema.
Até já.

sexta-feira, outubro 17, 2008

Hell Ride – Antevisão

Já o tenho e sinceramente guardo grandes espectativas. Um elenco de luxo, entre os quais Vinnie Jones (que se esquece dos seus papeis em “ Snatch “ , e “ Lock Stock and two smoking Barrels “), o grande Michael Madsen, e um dos meus heróis de sempre o Dennis Hopper. Produzido por Tarantino, uma historia de vingança com motas, rock’n’roll, álcool mulheres bonitas, e violência, muita violência. Isto é arte, a arte do puro entretenimento, espero que o filme corresponda a todas as expectativas … Domingo farei uma critica ao filme, até lá fica o trailer para aguçar apetites.


domingo, outubro 12, 2008

sexta-feira, outubro 10, 2008

Grazie!



CICLO DE CINEMA ITALIANO

O cinema italiano vive de novo um momento alto. O sucesso recente de alguns filmes (exibidos e premiados nos melhores festivais de cinema do mundo) trouxe consigo uma «espécie de euforia» (JLR, Expresso) e um aumento significativo de espectadores. A Medeia Filmes propõe para esta rentrée cinematográfica no Porto, um CICLO DE CINEMA ITALIANO. A exibir no Teatro do Campo Alegre, a partir de 9 de Outubro, e ao longo de 3 semanas. São 21 filmes, a partir do pós-neo-realismo até aos nossos dias. Obras incontornáveis dos «mestres» Viconti, Fellini, Antonioni, Pasolini. As gerações que se lhe seguiram: Bertolucci, Belochio, Moretti..., até ao novo cinema napolitano, como Mario Martone. Actores e actrizes, como Marcello Mastroianni, Claudia Cardinale, Alida Valli, Silvio Orlando, Nicoletta Brashi, Michele Placido... Argumentistas como Tonino Guerra. Músicos como Ennio Morricone, Nino Rotta... Para ver ou rever. Sim, porque como dizia Mastroianni, nós amamos [este] cinema.


TEATRO DO CAMPO ALEGRE - 9 A 29 DE OUTUBRO

Quinta, 9 Outubro
SENSO / SENTIMENTO
de LUCHINO VISCONTI

Sexta, 10 Outubro
IL GATTOPARDO / O LEOPARDO
de LUCHINO VISCONTI

Sábado, 11 Outubro
LA DOLCE VITA / A DOCE VIDA
de FEDERICO FELLINI

Domingo, 12 Outubro
AMARCORD
de FEDERICO FELLINI

Segunda, 13 Outubro
FELLINI 8 E ½
de FEDERICO FELLINI

Terça, 14 Outubro
IL DECAMERON / DECAMERON
de PIER PAOLO PASOLINI

Quarta, 15 Outubro
I RACONTI DI CANTERBURY / OS CONTOS DE CANTERBURY
de PIER PAOLO PASOLINI

Quinta, 16 Outubro
IL FIORE DELLE MILLE E UNA NOTTE / AS MIL E UMA NOITES
de PIER PAOLO PASOLINI

Sexta, 17 Outubro
BLOW UP
de MICHELANGELO ANTONIONI

Sábado, 18 Outubro
THE PASSENGER / PROFISSÃO : REPÓRTER
de MICHELANGELO ANTONIONI

Domingo, 19 Outubro
LAST TANGO IN PARIS / O ULTIMO TANGO EM PARIS
de BERNARDO BERTOLUCCI

Segunda, 20 Outubro
IL MOSTRO / O MONSTRO
de ROBERTO BENIGNI

Terça, 21 Outubro
APRILE / ABRIL
de NANNI MORETTI

Quarta, 22 Outubro
APASSIONATE / APAIXONADAS
de TONINO DE BERNARDI

Quinta, 23 Outubro
RESPIRO
de EMANUELE CRIALESE

Sexta, 24 Outubro
LA FINESTRA DI FRONTE / A JANELA EM FRENTE
de FERZAN OZPETEK

Sábado, 25 Outubro
LA MEGLIO GIOVENTÙ / A MELHOR JUVENTUDE (parte 1)
de MARCO TULLIO GIORDANA

Domingo, 26 Outubro
LA MEGLIO GIOVENTÙ / A MELHOR JUVENTUDE (parte 2)
de MARCO TULLIO GIORDANA

Segunda, 27 Outubro
CANTANDO DIETRO I PARAVENTI / CANTANDO POR DETRÁS DAS CORTINAS
de ERMANNO OLMI

Terça, 28 Outubro
BUONGIORNO, NOTTE / BOM DIA, NOITE
de MARCO BELLOCCHIO

Quarta, 29 Outubro
L'ODORE DEL SANGUE / O ODOR DO SANGUE
de MARIO MARTONE


Sessões às 18h e 22h. Bilhetes 3.5euros.

Ontem fui ver o primeiro do ciclo, Sentimento, do Visconti. Fantástico...

quarta-feira, outubro 08, 2008

07/10/2008 - Love and Death




A primeira sessão do Cineclube FDUP foi um sucesso.
Após uma cativante apresentação de Lídia Queirós, Woody Allen fez rir uma plateia com cerca de 45 pessoas.
Um excelente começo para o Cineclube, que mais uma vez promete trazer cinema de qualidade ao anfiteatro 1.01, e à biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade do Porto.
Até daqui a 15 dias…

sexta-feira, outubro 03, 2008

Cineclube, o regresso.


O cartaz está aí, o Cineclube voltou.
É já na próxima terça-feira, 7 de Outubro, que o Cineclube regressa à actividade, com mais um semestre de bom cinema na Faculdade de Direito da Universidade do Porto.
Este será um semestre em que a programação nos levará à volta do mundo, percorrendo realizadores de várias nacionalidades e estilos. Abrimos com Love and Death de Woody Allen, seguindo-se Los Olvidados de Luís Buñuel, Tales of Ugetsu de Kenji Mizoguchi, e How Green Was My Valley do famigerado John Ford. Para terminar o semestre em grande e com um sorriso na face, fecharemos com Rushmore do aclamado Wes Anderson.
Mais uma vez, neste semestre continuaremos com a estrutura de apresentação aos filmes no início das sessões, com o mesmo objectivo de conduzir a uma compreensão contextualizada das obras, ao nível estético e histórico.
Assim, esta terça-feira o Cineclube volta a encher a faculdade de cultura, e a acolher o Porto cinéfilo em sessões bem-humoradas de cinema.
Estão todos convidados…

quinta-feira, outubro 02, 2008

Gomorra: A outra Face

Tive já também a oportunidade de ver o referido filme. Começando pelo seu sucesso, ser uma grande escolha de um festival como Canne acho que simplesmente fala por si e pelo que o filme conseguiu captar, se falarmos de sucesso em Portugal o caso muda de figura obviamente, as nossas escolhas não são claramente pautadas por uma aposta no cinema europeu e sim nos blockbusters americanos. Se para muitos os Óscares são o topo, não escondo que Canne é a minha preferência pessoal. Passando ao filme propriamente dito, é uma verdade que não acrescenta nada de novo, mas também estamos a falar de um género que já dá cartas pelo menos desde os anos 20 em que víamos um Dr Mabuse de Fritz Lang a controlar todo o submundo do crime. Esgotado portanto o conceito acho que este filme enova pelo facto de sair dos moldes clássicos do tema, historia de amor entre do protagonista ( torna assim de certa forma a personagem mais humana e leva ao publico a desculpar involuntariamente os seus actos, ora como seria o “ era uma vez na América “ se o Robert De Niro não fosse “ perdidamente apaixonado ? ), quebrando também com a clássica versão de Hollywood do príncipe ladrão, que apesar de roubar matar e traficar até e uma boa pessoa, aquele que leva a muitos dizerem “ quero ser como ele “ ( Pensando agora na legião de fans que Vito Corleone Move, tornando-se mais que um ídolo, um ícone Pop). Este filme não é mais um daqueles em que assistimos a uma ascensão apogeu e queda de um que um dia quis ser o rei do seu bairro. Este filme retrata a dura realidade das ruas napolitanas, desde as crianças a que no Brasil chamam de Vapores, aos traficantes, vários tentáculos de um polvo (a camorra), que chega a todos os ramos da sociedade. A senhora Maria que recebe de Don Ciro uma maquia certa por mês pelo seu marido preso (membro da camorra), até à Diva que se passeia em desfiles na televisão com um vestido contrafeito pelo senhor Pasquale. È também clara a alusão à crise provocada pela camorra no caso do lixo, à altura do filme éra a questão dos resíduos tóxicos, neste verão foi a recolha de lixo da cidade inteira de Nápoles, que levou a actuação das Forças Armadas para suster a crise. A brutalidade das máfias italianas, muito acima de qualquer outra que me recorde (apesar de falarem de máfias russas e de outros países, Itália é o único país que eu conheço em que Juízes como o Juiz Falcone são assassinados de forma impune e à luz do dia e com meios de uma autentica guerra, ou as actuações de personagens como o Scana Cristiani, e as ordens de Totó Riina) é neste filme uma constante, e apesar de noutros filmes como “ Scarface “ haver mais mortos em numero, neste sabemos que ninguém está a safo numa guerra entre gangs, há aquilo a que chamamos de “ danos colaterais “ em linguagem militar, vitimas inocentes que nada fizeram para merecer o seu fim. O filme ganha no meu entender nos detalhes que compõem o retrato, os dois tontos que entram em acção no filme a imitar a sequencia final do Scarface de Brian de Palma (o cineclube no semestre passado exibiu a versão original de 1932 ), passando o resto do filme perseguindo o sonho de violência e conquista do poder desmedido sem o mínimo de cabeça, assim se perderam muitos no meu entender, com mensagens de violência a quem não tem nada e anseia por tudo. O fim dos dois é o fim de todos o que escolhem aquele caminho ….
Por ultimo e em toda a dureza do filme, há uma esperança. Roberto (não revelo o porque desta mensagem pois estragaria a historia, mas depois de visto o filme percebe-se o porque da sua existência no filme). Quanto à fotografia e aos pormenores de realização confesso que não tenho capacidade de analisar como o resto (arrogância de parte, sempre me interessei mais pelo conteúdo dos filmes, pecando pela falta de conhecimento em aspectos mais técnicos, não obstante invejo quem disso sabe mais do que eu), noto no entanto que em certas alturas torna um filme um pouco cansativo a quem esta a ver e quebra um pouco a dinâmica que se procura com câmaras sempre em movimento. Ainda um remate final para a banda sonora e os adereços usados pelos criminosos, não é um filme com uma música apoteótica na queda e auge na cena, nem os criminosos a morrerem em fatos deslumbrantes. São execuções a musica é pastilha, tem um estilo a que os espanhóis chamam de “ chungo “ que tão bem descreve aquilo que no bairro se veste e que cá a expressão adquire um sentido mais lato. Apesar de algumas falhas, acho um bom filme no geral, com uma visão inovadora e dinâmica de um mundo que tantos ouvimos falar mas que tão pouco conhecemos. Todos até hoje conhecíamos a máfia siciliana chamada de Cosa Nostra, mas não sabíamos que a Camorra é bem mais antiga e sangrenta, e que estende a sua mão a quase tudo o que dá lucro.
Um pequeno aparte à margem do filme sobre o Comment do Francisco, bem o filme passa-se na altura do livro que lhe serviu de suporte, ou seja a actualidade. Quanto as afirmações bombásticas, são devidamente sustentadas. O jornal o Publico durante este verão foi trazendo a conta gotas, como todas as informações do género que chegam a Portugal, uma serie de noticias acerta da Camorra, também o livro de Roberto Saviano foi alvo de um especial pelo suplemento P2. Outro livro que fala no tema, embora não seja sobre ele, é o “ Cosa Nostra “ de Dickie, aquele que se propõe a ser o 1º livro independente de “ Historia “ e sublinho Historia da Máfia em Itália, não um romance com fundo de verdade. Obviamente para quem vê o filme pela primeira vez isto cai um pouco de para quedas e neste caso tens toda a razão tudo parece um pouco confuso, mas como bem sabes interesso-me bastante por este tema o pelo que em mim não se declararam estas dificuldades, mas sim são pontos negativos para o filme. Não concordo que seja um cidade de Deus Italiano, isso seria diminuir um em prol de outro. Seguindo o Raciocínio podíamos afirmar então que o Cidade de Deus é o Los Olvidados Brasileiro.

Gomorra ou a Cidade de Deus italiana


Fui ver há dias o tão propalado filme de Matteo Garrone, Gomorra. E o que posso dizer é que o que mais gostei em toda a fita foi a fotografia. Ora isto pode traduzir diferentes perspectivas da apreciação pessoal de um filme. Para o caso concreto, o que mais gostei foi a fotografia é em tom depreciativo.
Gomorra é mais do mesmo, na minha modesta opinião. Mais máfia, mais tiros, mais droga, mais miudos perdidos na teia do crime organizado, mais isto e aquilo. Está certo que à partida Garrone é corajoso por apostar num filme cuja temática já foi saturadamente explorada. E certo está que o argumento não é original mas inspirado no livro Gomorra de Roberto Saviano. Mas a verdade é que para pegar num tema velho como este, mais valia pegar com originalidade e reflexão. Sou suspeito no entanto, dada a minha parca paciência para filmes com muitos bosses, droga e armas.
Mas vamos ao filme: Gomorra retrata a delinquência dos bairros sociais de Nápoles nos anos 60 e 70 através de uma camera espectadora, expectante, narradora, quase que em registo documental. Deliquência essa que tem como epicentro o poderoso negócio da droga, e com ele das armas e da corrupção.
Apesar de pegar em 5 histórias diferentes, o realizador vai conduzindo-nos fundamentalmente através dos olhos e pensamento de Toto, um miudo filho de uma merceeira que enquanto vai vendendo as coisas da loja da mãe de porta em porta vai observando a repetição exaustiva de cenas de tráfico e violência. O quê que isto nos faz lembrar? Muitos outros filmes, pois claro.
Outras quatro histórias se nos deparam. A de um Don que explora aterros para lá esconder "resíduos químicos"; a de dois jovens turbulentos que se iniciam na vida do crime mas só fazem asneiras da grossa; a de Don Ciro, um intermediário de uma das máfias que paga as contas da organização de porta em porta; e a de um empregado de um fábrica de costura pertencente a um patrão que não paga a ninguém e que quando sabe que o seu empregado faz horas extra numa fábrica chinesa clandestina o manda assassinar.
Na minha opinião, muito do insucesso deste filme passa pela inexistência de uma linha coerente entre estas histórias. Chegar a parecer um amontoado de cenas chocantes. Se se pretendia denúncia e crítica social, tudo bem. Parabéns! Se se pretendia realismo, tudo bem. Hiper-realismo, sem dúvida! Agora se não se pretende mais do que isso, então é uma pena.
Talvez o filme acabe por desenhar uma linha evolutiva da delinquência (multifacetada): o pequeno Toto, os dois adolescentes; o aprendiz do Don que controla os aterros; o costureiro; e Don Ciro como conclusão aterradora de uma vida de tensões, medo e violência.
Também a forma como se expõe a estupidez xenófoba está interessante: chineses, italianos, colombianos e outros. Todos contra todos. Todos a negociar uns com os outros. Ali, a vida negoceia-se.
Por outro lado, não se chega a compreender se existe ou não uma unidade na máfia napolitana. Se existe uma máfia da Gomorra, ou apenas bandos atrás de bandos. Para piorar as coisas, fica-se ainda mais confuso quando no fim passam uma série de frases bombásticas em que numa delas se lê qualquer coisa como: "A Máfia de Gomorra investiu milhões de dólares na reconstrução do Ground Zero de Nova Yorque".
Destaque para as actuações de Gianfelice Imparato (Don Ciro) e do empregado da fábrica de costura, do qual não sei o nome neste momento. Representam ambos uma geração mais velha, uma geração cansada da realidade circundante e procurando um sentido mais claro para o seu dia a dia. A angústia está fortemente enraizada nestas personagens.
Como referi no início, o que mais gostei em Gomorra foi mesmo a fotografia. Por isso aqui ficam dois exemplares de uma cena em que a violência é pintada nos seus tons (humanos) mais absurdos: loucura, irracionalidade, estupidez, histeria, selvajaria.


terça-feira, setembro 30, 2008


A história deste filme é simples, e o argumento reduzido. Não é um grande clássico de cinema, nem um sucesso de bilheteira. Bad taste é obra de Peter Jackson mais conhecido por trabalhos como o Senhor dos anéis. Este é um filme de culto por excelência, poucos conhecem, mas quem viu não esquece. A história relata uma tentativa alien de colonizar o planeta e transformar os Humanos em Hamburgers espaciais. Muito Gore, violência e cenas ridículas, entregues a O’Herne e à sua equipa que nos daram algumas delicias tão ao gosto da já longínqua e tao admirada década de 80.
Este filme em conjunto com outros já apresentados aqui como o mítico “ Jack Burton nas garras do Mandarim “ e o " Evil Dead " fizeram a delicia de muitas infâncias e certamente de alguns de vos.




segunda-feira, setembro 29, 2008

Ola a todos, é oficial, o blog com a minha chegada tornou-se subversivo !

quinta-feira, setembro 18, 2008

Isto, isto e isto em Serralves. O Manelzinho também vai andar por lá...

sábado, maio 31, 2008

ABAIXO-ASSINADO A FAVOR DA ABERTURA DE PÓLO DA CINEMATECA NA CIDADE DO PORTO

"A cidade do Porto sofre de vários e complexos problemas na área da cultura, como é do conhecimento geral. No entanto, esta situação não é generalizável a todo o país. Efectivamente, Lisboa continua a usufruir de forma centralizada dos serviços de certas instituições culturais que deveriam fazer jus ao seu âmbito nacional, como, por exemplo, a Cinemateca Portuguesa, um organismo público suportado pelos contribuintes a nível nacional.

No Porto, é de grande interesse público a criação de uma extensão da Cinemateca, o que permitiria acabar com a carência de exibição cinematográfica sentida na cidade, ao nível da produção anterior à década de 90...."



Aliens - 1986

Apesar de ainda nem sequer conseguir ler as legendas, da primeira vez que vi este filme consegui aperceber-me de dois factos: este era uma fabulosa obra de ficção-científica, e aqueles bichos eram maus como as cobras.
Neste segundo filme da saga Aliens (a meu ver o melhor), desta feita realizado por James Cameron, é-nos apresentado um enredo de acção alucinante estranhamente credível, em que tropas humanas são enviadas para combater uma ameaça extraterrestre que se instalara numa colónia espacial. Toda a acção decorre num futuro longínquo, mas nem por isso menos realista.
A fotografia é espectacular. Em Aliens o espectador é presenteado com frenéticas cenas de combate e perseguição, tudo isto em muito bem conseguidos sombrios cenários. Além dos espectaculares cenários e revolucionários efeitos especiais, há que ter em grande conta as interpretações de Sigourney Weaver, Michael Biehn e Bill Paxton, este último, a meu ver, numa interpretação memorável.
Gostei; continuo a gostar; e dói-me quando penso que já não se faz ficção-científica assim. Recomendo.

quinta-feira, maio 22, 2008


Army of Darkness – 1992


A nenhum herói roubei tantas citações quanto a Ash, a personagem principal deste filme de Sam Raimi. Brilhantemente interpretado por Bruce Campbell, Ash, apesar do seu indiscutível heroísmo, foi moldado de acordo com todos os clichés do “anti-heroismo”: é mal-educado, sucumbe regularmente a vícios da vontade, tem uma estranha relação com as mulheres, e nem sempre é tão corajoso quanto seria de esperar de um herói.
Toda a história gira em torno da demanda pelo Necronomicon, o “Livro dos Mortos”, em que se alojam as soluções para todos os problemas de vastas populações indefesas e de Ash, que sem escolha se vê envolvido em paranormais batalhas contra terríveis exércitos de cadáveres.
Num misto de acção, um pouco de terror e muita comédia, Sam Raimi leva-nos numa improvável aventura por paisagens medievais, recheada de humor e exagerada violência.
Recomendo o filme, as citações não tanto (afinal as mulheres não gostam assim tanto de humor machista…).

terça-feira, maio 20, 2008


Fearless Vampire Killers - 1967

Como grande parte da obra de Roman Polanski, também este filme é desconhecido do grande público. Apesar de mais sério e escuro, à semelhança “The ‘burbs” este é também um excelente exemplar desse género estranho e maldito, o terror cómico.
Lembro-me de em pequeno, quando nem sequer conseguia seguir atentamente as legendas sem ficar enjoado, sentir que todo o filme era de um encanto horroroso que me fascinava e deixava gelado de medo. Repleto de interpretações brilhantes, inclusive de Roman Polanski e Sharon Tate, a sua falecida esposa, todo o filme decorre em cenários memoráveis, interiores e exteriores. O brilhantismo do filme resulta da fusão de um terror clássico com um intemporal humor físico, bem como de um argumento onde encontramos incríveis perseguições na neve sob trenós, aterradores vampiros com graves problemas de alcoolismo, caçadores de vampiros muito pouco experientes na arte de espetar estacas, e vampiros de uma questionável sensibilidade.
Graças a este filme ainda hoje durmo de luz acesa.
Recomendo. E o filme também.

sexta-feira, maio 16, 2008

The 'burbs - 1989
Filme da minha infância #2.
Sempre achei os meus vizinhos estranhos, mas nem a Dona Júlia que só tem uma perna bate a família Klopek deste divertido filme de Joe Dante. Todo o filme gira em torno de um sossegado e seguro neighborhood, cujos habitantes vêem a calma rotina ser ameaçada pela chegada de novos vizinhos, os Klopek.
Tom Hanks tem o papel principal do filme, Ray Peterson, um psicótico e medroso vizinho que se vê arrastado pelos amigos na busca pela verdade sobre a estranha nova vizinhança. Repleto de humor, muitas das vezes físico, todo o filme se vê envolto num ambiente obscuro e sinistro, tornando-o num bom exemplar de terror cómico.
Até à minha triste infância este filme trouxe alguma alegria. Recomendo-o vivamente.


quinta-feira, maio 15, 2008

Big Trouble in Little China - 1986

Sem dúvida o filme da minha infância. Foi o primeiro que vi.
Camionistas, ninjas, ninjas maus, velhotes, chinesas de olhos verdes, e muitos trovões e faíscas, tudo isto encontramos em doses industriais neste clássico de John Carpenter.
Jack Burton, o anti-herói interpretado por Kut Russell cuja saga é relatada neste filme, é um camionista algo low-life, que se vê pelos motivos menos óbvios arrastado em paranormais aventuras. Com Kim Cattrall forma uma dupla ao jeito de Han Solo e princesa Leia na trilogia da “Guerra das Estrelas”.
Com o vincado e berrante traço estético tão característico dos anos 80, “Jack Burton nas Garras do Mandarim” (a tradução muito liberal, mas muito engraçada e bem conseguida), é uma aventura rápida, alucinante e algo cómica, que quando misturada com o consumo excessivo de psicotrópicos pode causar sensação de vertigem e paralisia parcial da face.
Recomendo. Os dois.

quinta-feira, maio 01, 2008



Na nossa (curta) tradição de fazer algo especial no fim de cada semestre, aqui está a próxima surpresa. Com início às 16h, será apresentado o filme "Midnight Cowboy", de John Schlesinger, seguido de um lanche muito especial, com música, convívio e discussão. Depois, temos o "The Graduate", de Mike Nichols. As apresentações ficarão a cargo, respectivamente, de Maria João Fonseca e Alexandra Severino, ambas directoras da nossa nobre instituição.
Tendo em conta que a sessão é especial, e que comportará custos extra para o cineclube, somos obrigados a fazer inscrições e a cobrar um simbólico bilhete de 1€. As inscrições podem ser feitas junto do já mítico Sr. Ferreira, no balcão da segurança da FDUP.

Contamos com a adesão de todos!

P.S.: Então e essas críticas? Criminologia ganha por 1-0 a Direito.

quinta-feira, abril 17, 2008

É com muito prazer que o cineclube publica a primeira crítica enviada, no âmbito do desafio que lançámos através da 'mailing list' e cujos objectivos estão, também, apresentados no blog.

Parabéns pela crítica Inês!

Esperamos que todos participem. *

There Will Be Blood

There Will Be Blood não ganhou o Óscar, mas esta questão fica para depois. O que é certo é que nao podemos falar desta obra como um simples filme. É mais que isso, é a pura e perfeita conjugação de elementos fotográficos, musicais, actuações geniais que ultrapassam qualquer filme deste século. Difícil de consumir? Para muitos, sim. Compreensível? É subjectivo. São 159 minutos de arte, com actuações brilhantes e já bem conhecidas pelo publico em geral. Pois que é inegável que Daniel Day-Lewis se esmerou, e Paul Dano não lhe ficou nada atrás. Assistimos a uma historia de petróleo, ambição, luta, amor-ódio e degradação. A acção começa a ganhar asas quando D. Plainview (Daniel Day-Lewis) tem conhecimento de forma dúbia e misteriosa de que numa pequena cidade do Oeste um mar de petróleo está a emergir. Assim, segue o rumo juntamente com o seu filho, H.W. (Dillon Freasier - com, certamente, um futuro promissor), para usar a mestria de persistência e tentar a sua sorte na mirabolante Little Boston. É aqui que a intriga começa e tudo acontece. O resto fica para verem.

Jonny Greenwood consegue momentos brilhantes com a banda sonora que criou, principalmente por resistir ao comum e assumir uma postura irreverente. É assim que em muitos momentos, o som esperado era um, e acaba por sair outro, que resulta na perfeição. Mas outra coisa não seria de esperar de um guitarrista de uma banda tão controversa como os Radiohead! (E controversa não significa má, antes pelo contrario).

A complexidade desta obra de Paul Thomas Anderson é imensa, coisa a que ele já nos tinha habituado, por exemplo, com Magnólia, filme que nos faz reflectir sobre questões à partida banais. Será por essa complexidade e consequente falta de apreensão por parte de muitos que There Will Be Blood não foi o premiado? Ou será que, efectivamente, No country for old man (quase tao bom) fica a um nível acima? Para mim, não. Resta a vossa opinião. Entretanto, quando tiverem oportunidade, não deixem de ver There Will be Blood.

Rosebud, Criminologia


Caros amigos do cineclube,

O cineclube é de todos. Não é da direcção, mas sim de todas as pessoas que para ele contribuem de alguma forma, seja pela presença nas sessões, seja pela contribuição enquanto sócios, seja pela ajuda na preparação da sala, na publicidade, em todos os demais encargos que existem quando há um projecto deste género.
Uma das formas pelas quais todos podem contribuir, é vendo cinema. Pura e simplesmente, ver cinema e falar sobre ele. O nosso objectivo é fomentar o cinema, difundir a cultura, levar ao público obras que não seriam vistas de outra forma. Inspirar o pensamento crítico, criar novas perspectivas de apreciar filmes, de conhecer génios criativos e técnicos exímios. Queremos exigir de todos uma participação activa, e não uma mera atitude passiva.

Estão todos convidados, assim, a fazer críticas de filmes que vejam e que achem que se enquadra no espírito do cineclube (excluem-se assim as sagas American Pie, Scream, Porky's, etc.), sejam novidades ou clássicos, e a enviar-nos por email (cineclubefdup@gmail.com). De acordo com a qualidade e o volume das críticas (sim, centenas...), serão publicadas no blog. Caso haja ataques súbitos de timidez, lembrem-se que ninguém julga ninguém, que ninguém é perito ou crítico profissional de cinema, e que o objectivo é precisamente desenvolver a capacidade crítica de todos. Arrisquem!

quarta-feira, abril 09, 2008

Esta quinta-feira, às 18h30, o Cineclube alberga o Projecto Circuito
Arsenic and Old Lace, de Frank Capra, 1944
Apresentação da Professora Alexandra Serapicos.



segunda-feira, abril 07, 2008

Aniversário: FRANCIS FORD COPPOLA.
O nosso tasco, ou usando um nome mais fino, a nossa Film Society, aproveita o dia para felicitar o sujeito acima indicado, dado que celebra hoje (7 de Abril) 69 anos.
Não vamos, claro, relatar aqui a vida do realizador, visto que acreditamos piamente que todos os nossos assíduos leitores já a conhecem. Portanto, só temos isto a dizer:

The Conversation.

Apocalypse Now.

The Godfather, I, II e III.

Rumblefish.

Dracula.


quarta-feira, abril 02, 2008


A não perder no cinema: I'm not there.

O recente filme de Todd Haynes faz-nos um retrato da vida de Bob Dylan, usando o mesmo sistema/estrutura que anteriormente usou em Velvet Goldmine, de 1998, mas desta vez em "bom". Ou seja... É um filme que vale a pena ver, mesmo para quem não conhece muito bem a obra de Dylan (como eu) e precisa apenas de uma oportunidade.
Nos principais papéis, temos Cate Blanchett, Ben Wishaw, Christian Bale, Richard Gere, Marcus Carl Franklin, e o defunto Heath Ledger no seu último papel. Todos eles interpretam Dylan, numa parte da sua vida ou num momento da sua personalidade, como alter egos do cantor. Sem dúvida é surpreendente conhecer um pouco mais do que passa/passou na cabeça de um dos mais influentes artistas do século passado, a sua relação conflituosa com os media, a reacção destes e dos fãs às suas mudanças ou evoluções, a crítica social, a guerra do Vietname e todos os restantes acontecimentos que marcaram a época.
A fotografia do filme é bastante boa e a banda sonora é brilhante, vale a pena mesmo ter atenção e ouvir. São 2 cds deliciosos.
Quanto à realização, não gostei, de facto, do Velvet Goldmine, mas sou obrigado a reconhecer que o realizador conseguiu utilizar a mesma estrutura de filme, como já disse, mas aperfeiçoada a ponto de funcionar e termos um filme agradável e interessante de ver. A desconsiderarmos o objectivo do filme, Dylan, temos uma série de histórias que em ponto nenhum se cruzam, mas que encaixam se tivermos em conta a formação de uma personalidade problemática, poeta, pensativa e até louca.


quinta-feira, março 27, 2008

É com prazer e regozijo que a direcção anuncia a tão esperada criação de uma mailing list. Temos assim mais um instrumento que nos facilitará a comunicação e publicidade com todos os amigos do cineclube.
Serão enviados aos subscritores mensagens sem qualquer periodicidade, contendo todo o tipo de informações relativas quer ao cineclube, quer ao cinema em geral. Sinopses, programas, anúncios das sessões e ainda de abertura de inscrições para sessões especiais, desejos de boas festas (Natal, Páscoa, Hanukkah, Kwanzaa), etc.

Os interessados em subscrever, podem, além do contacto directo com um membro da direcção, enviar um e-mail para cineclubefdup@gmail.com com o pedido de subscrição (no texto basta 'mailing list'; 'eu quero'; 'kawabunga'; etc.)

sábado, março 15, 2008

Aproveitando a paragem da faculdade por uma pequena semana, fazemos aqui um pequeno ponto da situação "cineclubista", para recomeçarmos em força.

A estreia do projecto circuito foi um sucesso, lotação completamente esgotada, perto de 200 pessoas e um filme que lembra a quem o vê que, realmente, o cinema merece ser a 7ª arte. Uma pequena amostra para quem não foi:



Voltando então ao nosso cineclube, estão na calha filmes importantíssimos para a história do cinema, uma programação bastante forte (como nos é exigido pela qualidade de cinema universitário que existirá este semestre). Repulsion, de Polanski, é o senhor que se segue.

Relembro que a DVDTECA está em funcionamento, e que esta semana contará com novos filmes.

Recomendo para esta semana:
Caramel e No Country For Old Men - Cinemas Medeia - Shopping Cidade do Porto
The Darjeeling Limited - Cine-Estúdio do Teatro Campo Alegre

Bons filmes e boas férias.

quinta-feira, março 13, 2008




...

terça-feira, março 11, 2008




Sem palavras.

On the Waterfront, 1954// Elia Kazan.

quinta-feira, março 06, 2008


CIRCUITO // CINEMA NA UNIVERSIDADE


ABERTURA > PASSOS MANUEL, 21H45 > DIA 11/03 > A SEDE DO MAL , O.WELLES >
DJ RUI MAIA X-WIFE > MUNDO LEGO
1ª SESSÃO > BELAS ARTES > DIA 26/03 > BELLE DE JOUR, BUÑUEL > INTRO:JOSÉ MIGUEL CADILHE

domingo, março 02, 2008


Caros Cinéfilos,

Retomamos, esta semana, a exibição de filmes na Faculdade de Direito. Alertamos para duas sessões especiais:

Dia 10 de Abril: Nesta sessão, o Cineclube acolhe a programação do projecto Circuito, que se dedica à exibição de filmes em várias faculdades, da UP e da UCP. Todos os filmes são antecedidos por uma introdução feita por realizadores, docentes, produtores e críticos da área do Cinema. O filme exibido na FDUP, de Frank Capra, será apresentado pela Professora Alexandra Serapicos, docente de Estética do Cinema na Escola das Artes da Universidade Católica.

Dia 8 de Maio: Na semana da queima das fitas, o Cineclube promove uma sessão dupla, com The Graduate e Cowboy da Meia Noite. Os filmes serão intervalados por um lanche e a sessão começará, excepcionalmente, às 16h. Para esta sessão, os interessados terão que efectuar uma inscrição prévia.

Até quinta-feira.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Estava na esperança de não ser eu a fazer esta crítica, mas infelizmente é o meu dia de serviço.
Com graves dificuldades de concentração para estudos aprofundados, 3 estarolas resolvem tirar a noite e dirigem-se para um estabelecimento comercial onde se abastecem com francesinhas, à qual se segue 2h numa cadeira confortável a olhar para a lanterna mágica. O escolhido foi este, 3:10 to Yuma (embora nos quisessem impingir Asterix...).
O filme é um remake de 1957, de Delmer Daves e com Glenn Ford e Van Helfin nos principais papeis. Na versão actual, eles são substituídos por Russell Crowe e Christian Bale, acrescentando-se o magnífico Ben Foster num papel secundário.
Considerou-se que a dita película é divertida quanto baste, relaxante, e até com pormenores bastante interessantes. A nível dos actores, nada a dizer. Todos muito bem nos seus papeis, mas salientando Ben Foster (Charlie Prince).
Quanto ao realizador, James Mangold (Walk The Line; Copland), pecou pelo fraco uso da banda sonora, elemento essencial num western, bem como por alguns cortes no argumento que saltam à vista em certos pontos do filme.

Tinha sido melhor assim:



Ou assim:



Mas de qualquer modo, foi bom.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008



É isto basicamente :)
Sweeney Todd. Um musical sangrento, divertido e trágico, de Tim Burton.
Johnny Depp canta e dança, em duo com Helena Bonham Carter (excelente interpretação de ambos, mas como Depp é sempre bom, salienta-se agora Mrs. Lovett).

Tem mesmo muito sangue. É um filme um pouco longo demais, com cerca de 120 minutos num mundo sujo e escuro, violento e frio.
Mas temos sempre empadas de carne e uma barba bem feita para acompanhar.
Gostei, não me apetece alongar mais.

Pequena nota: são fantásticos os planos de luz que variam de acordo com as personagens e locais. Vale a pena prestar atenção a isso.


p.s.: a tipa que faz a entrevista é tão idiota...

quarta-feira, janeiro 23, 2008


O actor Heath Ledger, de 28 anos, foi hoje encontrado morto no seu apartamento do centro de Manhattan. O cadáver do actor foi encontrado às 15:26 (20:26 de Lisboa) e para já, suspeita-se que a causa da morte terá sido de overdose de comprimidos para dormir.

Nascido em Perth, na Austrália, a 4 de Abril de 1979, Heathcliff Andrew Ledger apostou desde cedo na representação, entrando em várias peças de teatro e séries australianas. O seu primeiro filme americano foi a comédia "10 Things I Hate About You", em 1999, com a qual atraiu imediatamente as atenções em Hollywood.
Entre os seus principais papéis destacam-se "The Patriot" (2000), "A Knight's Tale" (2001), "Monster's Ball" (2001), “The Four Feathers” (2002), “The Brothers Grimm” (2005), “Casanova” (2005), “Candy” (2006) e “I’m Not There”, no qual interpreta uma das facetas de Bob Dylan.

(Este último filme, a estrear entre nós a 6 de Março, e realizado por Todd Haynes, é uma biografia ficcionada sobre a vida e obra de Bob Dylan, num retrato com seis actores, entre os quais Heath Ledger, Christian Bale, Richard Gere, Marcus Carl Franklin, Ben Wishaw e Cate Blanchett. Cada um dá vida a um momento diferente da vida do músico, representando igualmente várias realidades que coexistiam na América: o país rural e conservador, do racismo e dos blues, do rock e dos hippies. Julianne Moore e Charlotte Gainsbourg completam o elenco. O filme estreou nos Estados Unidos no final do ano passado e tem captado a atenção da imprensa nos festivais de cinema por onde passou, sobretudo pelo desempenho de Blanchett, que foi distinguida no Festival de Veneza de 2007, venceu um Globo de Ouro, está nomeada para os prémios BAFTA e é uma das fortes candidatas a um Óscar.)


Contudo, o mais reconhecido trabalho de Heath Ledger foi sem dúvida "Brokeback Mountain”, com o qual obteve uma nomeação para os Óscares, em 2006. Neste filme, conheceu a mulher, a actriz Michelle Williams, com a qual teve uma filha, Matilda Rose. Embora controverso (e considerações sobre a qualidade do filme em si são neste momento irrelevantes) algo incontestável é a fabulosa interpretação de Heath, e a enorme importância e dimensão da história enquanto motor de reflexão social e mudança de mentalidades sobre a homossexualidade. Aliás, a americana "Gay and Lesbian Alliance Against Defamation” já veio lamentar a morte de Heath, acrescentando que o seu retrato de Ennis del Mar "changed hearts and minds in immeasurable ways."
Em pós-produção está o seu (sabemos agora) último filme, “The Dark Knight”, realizado por Christopher Nolan, sobre a história de Batman, e no qual interpreta o papel de “Joker”. Michael Caine, colega de trabalho, já havia dito à MTV que “Ledger’s interpretation is one of the scariest performances I've ever seen".

Reconhecido pelo público e pela crítica, elogiado pelos colegas e amado por outros tantos, é sempre triste ver partir uma estrela em ascensão, uma carreira tão promissora, e principalmente um actor com a qualidade, o carisma, a garra e a versatilidade que Heath vinha demonstrando possuir. Acima de tudo, é de lamentar a perda de um ser humano tão jovem e belo, que nos deixa de um modo e cujos motivos não conseguimos ainda compreender ou sequer imaginar possíveis. Em nome do Cineclube (se alguém não gostar particularmente dele, em nome pessoal), aqui fica a minha homenagem.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Alright, back in business lads.
Continuando o nosso serviço público de crítica a filmes, sacrifiquei o meu (enorme) ego, e voluntariei-me para ir ver um filme do meu arqui-inimigo Woody Allen.
Antes de mais, cumpre esclarecer umas coisas: Eu nunca vi o Manhattan, nem qualquer das outras "obras-primas" dele, simplesmente porque começava a ver e aborrecia-me imenso. Vi, no entanto, o Match Point e o Scoop, tendo não gostado do segundo, e ficado na expectativa quanto ao primeiro. Fui então hoje ver o Cassandra's Dream:



Mr. Allen usou uma táctica sobejamente conhecida entre os treinadores de bancada portugueses: em equipa que ganha não se mexe.
Ver este filme foi quase um remake do Match Point, visto que o enredo é por demais semelhante. O ponto positivo disto, é que uma vez que não desgostei do primeiro, desta feita aconteceu o mesmo. Posso até dizer que foi um filme agradável de ver, € 3.80 bem gastos e um serão bem passado.
O filme conta com um elenco fantástico, Colin Farrel e Ewan McGregor nos papeis principais; Hayley Atwell em graaaande destaque, em virtude de ser uma mulher lindíssima e ter uma personagem por demais sedutora e possível alvo de fantasias; John Benfield - pai dos dois actores principais - é também muito interessante de se ver, tem uma personagem muito cativante.
Woody Allen conseguiu aquilo a que se propôs, quanto a mim. Criou um filme com um enredo duro e que nos leva a ter uma grande percepção de realidade, pelos seus planos e fotografia sem grandes manipulações. É uma filmagem crua, o mais real possível, algo que também senti com o Match Point. Mostra as coisas tal como elas são.
Colin Farrel está muito bem, uma grande interpretação, bem como Ewan. Nada há a dizer acerca deles ao que me parece.
Uma nota ainda: a personagem de Ewan McGregor é muito semelhante (again...) à de Jonathan Rhys Meyers em Match Point. Além de haver parecenças fisionómicas entre os dois (ambos de pele clara, cabelo claro, altos), o que dá ideia de ser o espelho do que Woody Allen gostava de ter sido em novo (um alfinetada...), o próprio papel desempenhado é parecido, sendo que o de Ewan é algo menos frio e mais humano.

Não sendo um filme brilhante, ou bom, é um filme agradável de ver, com bastante qualidade. E tem a marca de Woody Allen, claro.

Agora com licença, vou tomar um copo com a Hayley Atwell.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Eastern Promises, de David Cronenberg



Viggo Mortensen, Naomi Watts e Vincent Cassel são os principais actores deste filme do realizador de Crash, eXistenZ e A History of Violence.
Mais que uma crítica técnica, quero dar a minha opinião sobre o filme. E constato que cada vez mais tenho apatia por grandes/médias produções.
Acho que é um filme que entra na linha do history of violence, também com Viggo, e com Maria Bello, no sentido em que as cenas de violência são realmente violentas. Reais, duras, sem esconder uma gota de sangue, e que nos deixam a pensar não só na fragilidade do corpo humano, mas também na crueldade dos homens quando se trata de infligir dor ao próximo. É assustador. Nesse aspecto, Cronenberg leva uma salva de palmas.
Gostei imenso de alguns planos do filme, nomeando dois, escolho uns quase no início do filme: a primeira cena em que Naomi conduz a sua moto, em que temos uma sensação de filme dos anos 50 a 60, onde a moto está dentro do estúdio, com um filme com a paisagem a passar por trás; o segundo, é a primeira cena entre Naomi e a mãe, com a câmara a seguir uma simples caneca.... Não sei porquê, mas gostei imenso.
Vincent Cassel tem uma interpretação fabulosa, bem como Viggo - à altura do que já nos habituou. Perfeito papel de mafioso russo.


A fost sau n-a fost? (12:08 A Este de Bucareste), de Corneliu Porumboiu



Premiado em Cannes e Copenhaga, nomeado em mais 9, este filme oriundo da Roménia foi uma pérola que recebi no cinema do Campo Alegre (local sagrado de peregrinação). Não vou listas os 3 actores principais, já que os seus nomes são de difícil escrita, mas podem seguir o link acima e ver. Foram fantásticos, num dos argumentos mais inteligentes e divertidos que alguma vez vi, e com uma realização de outro mundo. Realmente, o leste ainda tem muitas cartas a dar neste campo.
O filme decorre numa cidadezinha na Roménia, no Natal, onde a televisão local planeia um programa para esclarecer se houve ou não revolução também naquela cidade, 16 anos antes com a queda do Comunismo e fuga de Ceausescu.
Com algumas coisas a lembrar Jarmusch (esta é do joe), temos um início de dia com petardos traquinas desancar a paciência dos habitantes da pequena cidade, que se alvoroça ainda mais na altura da discussão sobre a Revolução, onde se acaba por discutir pequenas e hilariantes coisas que nada têm a ver com o dito acontecimento.
Não me posso alargar, mesmo, porque o filme, só visto é que vale a pena.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Finalmente consegui ir ao cinema, desde a última sessão do nosso cineclube. Desta feita calhou-me na rifa o Lions for Lambs, um filme de Robert Redford.
Bom... a realização foi boa, gostei também da fotografia, gostei dos actores (Robert Redford e Meryl Streep nem precisam de comentários, Tom Cruise está finalmente num papel onde encaixa bem, Andrew Garfield surpreendeu-me pela positiva, tem futuro).
Mas o central duma crítica a este filme é, a meu ver, a história. Demasiado recente para uma visão puramente analítica, tem o dom de despertar sentimentos ambíguos no espectador, por tão depressa nos tentar a acreditar que a guerra é a única solução para certos problemas mundiais, e por logo de seguida nos mostrar a arrogância do poder. E pelo meio sabemos que há pessoas que realmente acreditam ser aquilo o correcto a fazer.
É um filme que me deixou a pensar em algumas angústias da vida, a fazer a mim mesmo perguntas algo filosóficas e a conversar sobre isso até às 3h da manhã com um amigo em semana de exames.
Não considero, no entanto, que seja um filme majestoso, mas simplesmente um filme médio/bom, que se deve ir ver. Quem quiser que aproveite, não faço ideia quanto mais tempo vai estar em exibição.
É um filme que pode mudar o rumo das vidas, por nos obrigar a olhar bem para nós. A mim reafirmou simplesmente algumas coisas que já sabia desde os meus tempos do exército. A guerra é suja.

Fica então o trailer