sexta-feira, dezembro 12, 2008

Baraka, por André Silva

O blog do Cineclube volta a contar com críticas de filmes feitas por leitores e cinéfilos. Espero que seja a primeira de muitas.



“Baraka” é um incrivél tele-documentário experimental realizado pelo director norte-americano Ron Fricke. Na língua Sufi, a palavra “Baraka” significa Sopro de vida ou Bênção. Um autêntico poema visual onde as imagens incluem um vasto registo de rituais religiosos, maravilhas naturais, processos de mecanização e produção humana e diversos estilos de vida. O contraste e as metáforas visuais criadas por Ron Fricke provocam reflexão, tranquilidade e inquietação aos espectadores atentos. As músicas aliciantes e os efeitos sonoros contribuem para que Baraka seja uma experiência única e marcante. Baraka é um documentário sobre o homem e a natureza, a sua beleza e diversidade cultural, o contraste humano, as suas semelhanças e a sua própria destruição, enquanto ser incapaz de entender o frenético ritmo social a que a vida se desenrola. È facilmente apreendida a intima e frágil ligação entre todos os homens, resultado da multiplicidade de diferenças religiosas, culturas e linguísticas.
São noventa e seis minutos, sem narração, legenda ou discurso, somente imagens e sons cuidadosamente capturados. Baraka exibe-nos de que forma a raça humana e seus diferentes ciclos de vida estão eternamente vinculados ao ritmo da natureza, fazendo uma surpreendente análise do mundo e de quem nele habita.
Filmado em 152 lugares diferentes, localizados em 24 países, Argentina, Austrália, Brasil, Cambodja, China, Equador, Egipto, França, Hong-Kong, Índia, Indonésia, Irão, Israel, Itália, Japão, Kenya, Kuwait, Nepal, Polónia, Arábia Saudita, Tanzânia, Tailândia, Turquia, e Estados Unidos da América, “Baraka” não tem qualquer história ou enredo. Em vez disso utiliza, não só temas para nos apresentar novas perspectivas, mas também genuínas emoções que nos fazem entrar na mensagem do filme. Não aconselho a visualização deste filme a pessoas confiantes no seu ego, seguras pelo seu egoísmo étnico centralizado, nem com configurações pré-definidas de vida humana ou comportamentos sociais, já que nos é proporcionada uma verdadeira experiência sensitiva e espiritual que leva o telespectador a olhar o mundo de um modo totalmente diferente e de uma forma mais condescendente para com os outros. Baraka permitiu-me ver realidades que nem sonhava existirem, comportamentos sociais que por vezes surgem-nos como irreais, vislumbrar padrões de conectividade cultural, tudo isto num sentido de equilíbrio e proporção de relações internacionais humanas. O meu olhar fugia simplesmente de encontro a outros olhares e caras de pessoas, levando-me a entender a universalidade do espírito humano.
Guardo a triste lembrança de uma enorme lixeira pública na Índia, onde grupos de pessoas procuram incessantemente por qualquer tipo de coisa que lhes permita sobreviver mais um dia, competindo com outros animais. Mulheres e crianças descalças procuram pequenos “tesouros” naquele horrível lugar, onde nenhum ser humano deveria ser obrigado a viver.
Fricke afirma que o objectivo desta obra era ser "uma viagem de redescoberta da própria vida, mergulhando na natureza, na história, no espírito humano e por fim no reino do infinito." Único na sua beleza, sensibilidade e percepção, “Baraka” consegue, ao longo de noventa e seis minutos, e movendo-se na realidade quotidiana de um mundo multifacetado, transmitir-nos uma ideia de tolerância e respeito cultural a que todos deveríamos estar sujeitos.
Mais que uma obra puramente fantasiosa e imaginária, “Baraka” é um filme sobre a vida, um registo sobre a própria Humanidade.

autor: André Silva

1 comentário:

Anónimo disse...

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