terça-feira, maio 31, 2011

A partir de hoje: "CINQ FOIS GODARD"



Começa hoje o ciclo "Cinq Fois Godard - anées 60", dedicado, como o nome indica, à filmografia dos anos 60 de Jean-Luc Godard - de quem, aliás, por aqui e ali se tem falado.
Todas as terças-feiras, às 22h, no Teatro Campo Alegre. Tão cedo não haverá oportunidade como esta, é aproveitar!

domingo, maio 29, 2011

isabel e catarina

Isabbele Huppert e Catherine Deneuve, "as duas, cada uma no seu género".

"Os dez anos que separam as suas idades (Deneuve nasceu em 1943, Huppert em 1953) sublinham o óbvio: são actrizes de gerações diferentes, que chegaram ao cinema em momentos diferentes, são, em suma, actrizes diferentes, na personalidade como no estilo, ou na escola, ou como se lhe quiser chamar. Aceitando que são, actualmente, as duas maiores "estrelas" do cinema francês, até no "estrelato" são diferentes: mais mundana, muito mais "à antiga", Deneuve; mais reservada e recatada, no modelo "famosa malgré elle même", Huppert. Parafraseando um célebre filme português, não há que opor uma à outra, apreciam-se as duas, cada uma no seu género. Pormenor importante, essa diferença de natureza não é impedimento a que, em dados momentos das respectivas carreiras, elas tenham sido parecidas".

Artigo completo aqui.

banksy

No início do ano passado, disse que queria ir ver este filme. Ano e meio depois, aí está ele em Portugal, contra as expectativas mais pessimistas.



(este beat é uma BOMBA!)

sábado, maio 28, 2011

rendez-vous



C'était un rendez-vous (1976), de Claude Lelouch.


PERCURSO:
Bd Périphérique (exits at Porte Dauphine) · Av Foch · Pl Charles-de-Gaulle · Av des Champs-Elysées · Pl de la Concorde · Quai des Tuileries · Pl du Carrousel · R de Rohan · Av de l'Opera · Pl de l'Opéra · Fromental Halévy · R de la Chausée d'Antin · Pl d'Estienne d'Orves · R Blanche · R Pigalle · Pl Pigalle · Bd de Clichy · (aborted turn at R Lepic) · R Caulaincourt · Av Junot · Pl Marcel Aymé · R Norvins · Pl du Tertre · R Ste-Eleuthère · R Azais · Pl du Parvis du Sacré Coeur.................

RENDEZ-VOUS.

quinta-feira, maio 26, 2011

uma pergunta

La Chinoise (1966), Jean-Luc Godard.

É certo que os tempos são diferentes. Que os voluntarismos e as utopias (ou falta delas) são outras.
Mas com tudo o que tem acontecido no Médio Oriente e na Europa - agora, sobretudo em Espanha, mas já antes, na Grécia -, será assim tão arriscado identificar um sublevantamento geral inconformista e - em que medida e até que ponto, são as questões - revolucionário?

Postas assim as coisas, a pergunta: que papel terá/está a ter o cinema neste momento no acompanhamento dessa erupção? Quem vai/está a filmar isso?

segunda-feira, maio 23, 2011

"L'ENFANT" (2005), de Jean-Pierre e Luc Dardenne

Tive a honra e o prazer de ser um dos oradores no debate de terça passada sobre o filme “L’Enfant”, inserido no ciclo “Justiça no Cinema”, promovido pela Associação Jurídica do Porto.
Na altura, escrevi, para o efeito, uma crítica ao filme, que agora deixo aqui. Por falta de tempo, não a retoquei, o que é pena porque do debate guardei (aprendi!) novas perspectivas sobre o filme.


Tudo começa, em L’Enfant, pelo título. Quem é, de facto, a criança neste filme de Jean-Pierre e Luc Dardenne?

Ao contrário do que uma primeira leitura rápida do filme possa sugerir, a criança sobre quem a câmara dos franceses se centra é, afinal, Bruno (Jérémie Renier, o miúdo de La Promesse), o pai de um bebé recém-nascido, fruto da relação com a sua namorada Sónia (Déborah François). Na verdade, esse bebé - que nem “criança” pode ser ainda, em boa verdade... - é apenas o leitmotiv operador de um filme que confronta a passagem da juventude à idade adulta e a pré-suposta aquisição de qualidades que essa passagem, de acordo com a normalidade das coisas, impõe. Falo em “normalidade” e não é à toa; na verdade, em todo o filme, essa normalidade (composta por regras, rotinas, disciplina), própria da sociedade em que todos vivemos, está em permanente crise. O ambiente em todo o filme é esse mesmo: o de trangressão das regras, o qual se afirma, cruamente, no quotidiano de Bruno, um jovem dos subúrbios belgas que sobrevive de pequenos roubos e biscates que vai fazendo com a ajuda de uns cúmplices ainda mais novos que ele.


Bruno é o Peter Pan desses subúrbios cinzentos e desgarrados por onde circula, levando um estilo de vida avesso àquilo que a sua idade já faria supor: responsabilidade e maturidade. Até a sua própria fisionomia sugere isso mesmo: a face imberbe e com acne, os cabelos loiros, rebeldes, de criança contrastam a todo o tempo com o seu rosto adulto de traços duros. Mesmo quando confrontado com o nascimento do seu filho, Bruno parece nunca se aperceber bem do que isso significa – pense-se só como Bruno não o olha (não o ) uma única vez. Esse alheamento (ou fuga voluntária?) por completo ao mundo e às responsabilidades faz de Bruno uma criança-grande, alguém cujo corpo cresceu demasiado para o espírito infantil e despreocupado. Mas dizer isto é já dar por certo o facto de, na vida, obedecermos todos a um certo processo naturalístico cronológico: nascemos bebés, tornamo-nos crianças, depois jovens, mais tarde adultos. E é dar por certo, também, que de uma fase para outra nos vamos tornando cada vez mais responsáveis e maduros (ou pelo menos é isso que as pessoas esperam de nós). No fundo, cada vez mais… adultos. Ora, neste ponto (que aqui é “todo” o ponto), o filme dos irmãos Dardenne parece querer constituir uma espécie de resgate a essa normalidade das coisas, ou, visto de outra perspectiva, parece querer resguardar um certo lugar de liberdade e de sonho para os que não se acomodam às “regras do jogo”. Porque é que “tem” de ser assim? Porque não podemos ser crianças despreocupadas por mais algum tempo? Bruno não quer crescer e a câmara não faz juízos de valor – expressão máxima de um cinema simultaneamente perscrutador e tolerante com o indivíduo. Como toda a arte deve ser.


Esta recusa da “perda de inocência”, como que um grito contra o sistema, contra a ordem natural das coisas, faz com que vejamos Bruno e os seus pequenos cúmplices (um deles é mecânico, o que mais uma vez joga com a ideia de criança-adulto) como uma espécie de “excluídos” (ou esquecidos?) à margem da sociedade. Essa ideia é acentuada por um sem-número de pormenores, nomeadamente o lúgubre esconderijo ((faz lembrar a toca dos amigos de Peter Pan) junto ao rio onde se encontram, longe de tudo e de todos; o facto de, no registo civil (lugar de autoridade, burocracia, normatividade), Bruno e Sónia darem ao bebé o nome de “Nicolas”, mas cá fora (no “seu” mundo) o chamarem sempre de “Jimmy”; ou ainda pela impressiva tirada de Bruno que, quando confrontado por Sónia com uma proposta de emprego, dispara: “Trabalhar é para os cretinos”. A dita normalidade, a responsabilidade e tudo o mais são, portanto, para os “cretinos” – nisto reside a completa subversão dos termos com que estamos habituados a viver em sociedade.



Os cenários de ruas e estradas onde os carros passam a alta velocidade, em que grande parte do filme é rodado, só acentuam a sensação de precariedade e marginalidade em que vivem as personagens, como que se o mundo lhes passasse ao lado, muito rapidamente e sem dar por eles.
São pouquíssimas as filmagens em interiores e, quando as há, elas decorrem sempre em locais anónimos e de passagem e aonde as personagens não pertencem (o hospital, a esquadra da polícia, etc.), razão pela qual sai reforçada a ideia de serem as personagens, à sua maneira, uma espécie de “sem-abrigo”, desenraizadas e frágeis. Também o som, onde a captação do mais ínfimo ruído (conversas de rua, buzinões, motores, telemóveis, etc.) é uma constante, contribui para uma atmosfera de um anonimato generalizado em que as pessoas se encontram desconectadas umas das outras. E por aqui se vê o “realismo” que é comum apontar-se ao cinema dos Dardenne (que começaram no documentário, note-se).


Ao contrário daqueles que, como já li, afirmam não ser intenção dos Dardenne fazer qualquer censura à “transacção” (e uso o termo propositadamente, como provocação) que Bruno faz (eles estariam até a ser condescendentes, dizem), penso ser essa uma visão das coisas que, pretendendo-se humanista, se esquece do essencial: há um bebé e há um pai que o vende, como vende as coisas que rouba. Ignorar isso é esquecer o alerta que o filme lança: o da reificação da pessoa nos tempos em que vivemos e, com ela, o esvaziamento de qualquer sentido de ética. Afinal de contas, onde fica o Amor entre um pai e um filho? É disto que se trata. Embora, é certo, os Dardenne não se sirvam da câmara para moralismos fáceis, antes se interrogando profundamente sobre o que leva a tudo isto. Mais perguntas do que respostas, claro.


Esse esvaziamento é expresso num dos diálogos mais fortes de toda a fita, aquele em que Bruno, interpelado por Sónia, que lhe pergunta onde se encontra o bebé, responde, com naturalidade: “Vendi-o. Depois podemos fazer outro, não?”. Esta ausência de qualquer sentido ético ou moral (e, com ele, de qualquer sentimento de culpa) transcende a personagem de Bruno: ela quer representar a anomia e o eclipse de valores (a pessoa, a família, temas, aliás, recorrentes na filmografia destes autores) da sociedade pós-moderna do vale-tudo: a sociedade em que se vende um filho para se ganhar uns trocos. E ela não nos é distante: é a mesma onde se fazem concursos televisivos em que os participantes são indivíduos obesos que terão que “sofrer” para se “transformarem” naquilo que a sociedade dita, qual Grande Timoneira, como aceitável e meritoso. Triste, mas é assim.


As últimas cenas do filme, subsequentes ao roubo (até este parece aqui uma pequena partida de crianças…) de Bruno e Steve, são de uma enorme comoção. É porque o roubo corre mal que Bruno vai, finalmente, assumir a responsabilidade dos seus actos, tornando-se inevitável falarmos aqui de redenção.
A derradeira cena entre Bruno e Sonia (que traz à memória, como já alguém escreveu, a cena final de Pickpocket, de Robert Bresson) é o contraponto de uma das primeiras do filme (ver primeira fotografia), em que Bruno e Sonia brincam alegremente numa estação de serviço como duas crianças. De facto, ela simboliza como a partir daí a inocência ficou para trás, como esse tempo acabou.

L'Enfant venceu a Palma de Ouro em Cannes, em 2005.

sábado, maio 21, 2011

Essential Killing



Novo filme de Jerzy Skolimowski, com Vincent Gallo no papel principal.

CF


(A Single Man, 2009, Tom Ford)


(The King's Speech, 2010, Tom Hooper)

sexta-feira, maio 20, 2011

nunca é tarde demais


para dizer que Tournée é um grandíssimo filme e um dos melhores que vi este ano. Já o vi há uns tempos e logo na altura quis escrever algo sobre ele, o que infelizmente não me foi possível porque o tempo não tem abundado. Estaria, no entanto, a ser injusto comigo mesmo se não fizesse este tributo ao filme, pena que o atraso já tenha apagado muitas coisas que me ficaram na cabeça depois de o ver.


Tournée confirma Mathieu Amalric como um realizador de excelência - como actor, já o sabíamos, e isso só sai reforçado com a personagem infantil ("peterpanesca") e frenética (uma homenagem à figura do "Produtor", especialmente à de Paulo Branco, como já o disse o próprio Amalric) que veste no filme. Em Tournée, Amalric serve-se de planos belíssimos (estou a lembrar-me particularmente daquele em que a troupe do Burlesque vai buscar as pizza, e que pode ser visto mais abaixo) e personagens densas (não só a de Amalric, mas também a de Mimi "Le Mieux") para fazer um filme ternurento, comovente mesmo, mas que parece estar sempre na corda bamba da loucura, como, aliás, a própria personagem de Joachim (intepretada por Amalric). O que torna inevitável, pelos ambientes criados em redor de Joachim, pensarmos em Fellini, por exemplo, especialmente naquela última cena numa casa semi-abandonada (o skate deslizando pela piscina...), onde Joachim solta um derradeiro e enigmático grito.

Assim muito rapidamente: fotografia estrondosa (sobretudo nas cenas dos shows da companhia) e banda-sonora ao mesmo nível (particularmente a "Have Love, Will Travel", dos Sonics).

segunda-feira, maio 16, 2011

Ciclo "Um Chabrol, dois Demy"


Ciclo "Um Chabrol, dois Demy", organizado pela Milímetro. Dias 19 Maio, 3 Junho e 15 Junho no cinema Passos Manuel.

19 Maio - "A DAMA DE HONOR", Claude Chabrol

3 Junho - "LOLA", Jacques Demy

15 Junho - "A Baía dos Anjos", Jacques Demy

sábado, maio 14, 2011

sobre a precariedade dos filmes

Artigo completo aqui.

"Por contraste aos filmes feitos com todos os recursos técnicos e de produção sofisticada que, por demasiado “bem feitos”, ainda que apenas em estrito sentido técnico, acabam por bloquear ou ocultar a aparição dos gestos cinematográficos singulares que prometiam, limitando, por conseguinte, a própria experiência estética que é neles possível, existem outros filmes, feitos em condições de filmagem precárias e material de base reduzido que, não ocultando essas circunstâncias, constituem uma certa menoridade que é também, de início, uma promessa, pois nela se projeta a esperança de uma justeza para com as personagens e as situações perante as quais se coloca, muitas vezes também elas marginais e precárias. São, no entanto, alguns os perigos, intrínsecos a essa condição, que se colocam à consistência destes filmes.

Em primeiro lugar, nem sempre é possível escamotear de forma criativa, através da montagem, a fragilidade inerente a ter pouco material de base. Aparenta ser bastante difícil construir uma densidade temporal e existencial quando os planos filmados são reduzidos e não contemplam as personagens atravessando o quotidiano. E quando, em paralelo, existe uma excessiva dependência da força existencial que algumas personagens emanam, seja pela sua peculiaridade, seja pelo caricato do seu discurso, corre-se muitas vezes o risco de as tornar em caricaturas. Essas evidências que emanam as personagens, que parecem inicialmente um ganho, acabam por severamente limitar a complexidade dos filmes. A suposta riqueza dos personagens constitui então, paradoxalmente, um perigo para a composição do filme enquanto obra, cuja força intrínseca se dá menos por isso do que pela conjugação, com o seu quê de misterioso, de muitos outros elementos.
(...)
Mas aquilo que, em última análise, parece definir o gesto que tenta compensar a precariedade em alguns filmes, neste sentido que lhe demos, e o seu maior risco, encontra-se na introdução de uma dimensão meta-fílmica, que é em geral bem mais difícil de integrar do que pensamos. Nela, o filme parece desejar questionar-se a si próprio e, simultaneamente, justificar o seu fim e mesmo os seus limites. No entanto, esse espelhamento súbito, pese embora possa potencialmente dar conta dos limites do filme e da sua construção, acrescentando-lhe uma complexidade rude, quase sempre nos subtrai da realidade até então composta, que era já de si de uma natureza frágil, afastando-nos do segredo da subtileza".

quarta-feira, maio 11, 2011

em jeito de balanço


O Cineclube FDUP fechou ontem a sua programação deste ano com o formidável "Buffalo 66", numa sessão com uma audiência de mais de 20 espectadores.

Num ano importante para o Cineclube, e com tantas pedras (pedregulhos, por vezes!) no caminho, as sessões decorreram a bom ritmo, procurando-se, como tem sido hábito, tocar em várias filmografias, estéticas e épocas.

Começámos com "ANIMAL HOUSE", um clássico da comédia norte-americana de fins de 70, da autoria de John Landis. Fomos depois até às produções independentes, primeiro com um autor francês contemporâneo (Xavier Giannoli, em "A L'ORIGINE", 2009), mais tarde com um dos pais (e mestres) do cinema "indie" norte-americano, John Cassavetes, em "FACES" (1968). E falar em Cassavetes é também associá-lo, de certa forma, à Nouvelle Vague que ia irrompendo do lado de cá do Atlântico, a qual esteve representada pela mão de Agnès Varda com "CLÉO DE 5 À 7" (1962), onde as deambulações da personagem principal pela Paris dos anos 60 sugerem, como na sinopse que por aqui disponibilizámos, um certo contraponto com a icónica Jean Seberg de "À bout de souffle".
A terminar, e voltando ao cinema independente norte-americano, fechámos com "BUFFALO 66", primeira longa-metragem de Vincent Gallo, para muitos um dos melhores filme das cena indie em 2010.


Num ano com muitas saídas e entradas, o Cineclube FDUP não perdeu a sua dinâmica e viu mesmo as suas sessões a aumentarem o número de espectadores, o que só nos pode encher a todos de orgulho. Sinal encorajador, pois, para continuarmos a ser um local aberto de apreensão e crítica cinematográfica, tarefa importante sobretudo quando o ar que se respira nas salas de cinema do Porto é, com as devidas excepções, cada vez mais rarefeito.

Bons filmes!
Francisco.


*Como alguns já terão reparado, a DVTECA do Cineclube FDUP foi temporariamente encerrada na Biblioteca da FDUP. Assim que haja novidades, daremos informações!

Buffalo '66



Buffalo '66
Vincent Gallo, 1998


Buffalo '66 é, verdadeiramente, um filme de autor. Vincent Gallo, nascido em Buffalo, Nova Iorque (em 1961 e não 1966, porém) é realizador, actor, escritor, músico e, podemos dizer, o verdadeiro protagonista desta sua primeira longa-metragem, não só pelo facto de se tratar da obra de um só génio, mas também devido ao seu pendor alegadamente autobiográfico, ainda que Gallo o negue.


Billy Brown (Vincent Gallo) é um homem sem amor. A música inicial (“all my life I've been a lonely boy”) assim o sugere. O filme inicia-se com a sua saída da cadeia, após 5 anos detido, e o desejo de regressar a casa, para mostrar aos pais - que nada sabem acerca da sua reclusão, como tem sido bem sucedido ao longo desse tempo.


Para completar o plano, Billy rapta Layla (a encantadora Christina Ricci) com o objectivo de a apresentar como noiva, e desdobra-se em intruções (por vezes ordens, e até ameaças) de uma precisão estonteante, como se tudo estivesse há muito tempo absolutamente delineado na sua mente (“Make me look good, alright? You loved me. You've been in love with me your whole life. Your new name would be Wendy Balsam”).


Inesperadamente, Layla não tenta escapar, mesmo tendo oportunidade para o fazer. Deixa-se envolver, e desempenha fielmente o seu papel de namorada apaixonada, numa manifestação por demais óbvia de síndrome de Estocolmo.


No entanto, é precisamente esse carácter, que demonsta um equilíbrio instável entre agressividade, timidez, desespero, insegurança e candura, essa carência de afectos e fragilidade mal dissimulada que suscita a nossa simpatia e, supomos, também a de Layla.


Chegados a casa, verificamos que os pais de Billy (Ben Gazzara e Anjelica Houston) não poderiam estar mais afastados da realidade e do filho, que ignoram, e chegam a desprezar. A tensão que se cria nessa noite, à mesa de jantar, é sublime, e a estranheza da cena é sobretudo acentuada pela actuação do pai, que canta “Fools Rush In”, uma música popularizada por Frank Sinatra. Curiosamente, a gravação que ouvimos é do pai de Vincent Gallo, igualmente chamado Vincent Gallo.


Já num momento final, as posições de ambos, deitados sobre a cama, são o mais claro sinal de evolução: lentamente, Billy cede, e acaba por render-se a Layla, cujo amor o transfigura. É um novo homem, apercebemo-nos disso pelo porte, pelo olhar, outrora vazio e agora confiante e desperto.


Quando tudo parece terminado e nos congratulamos interiormente pelo desfecho da história, é de salientar aquele último plano, de meros segundos, que, com o abraço estático de ambos e o olhar distante de Layla, nos renega o prazer imediato de um final feliz e nos obriga a reflectir de forma mais profunda naquela ligação fugaz e improvável.


Crítica: Inês Viana

segunda-feira, maio 09, 2011

"BUFFALO 66", amanhã (10 Maio), 18h15



Esta terça-feira, 26 de Abril, não percam:

"BUFFALO 66", de Vincent Gallo, com interpretações de Vincent Gallo, Christina Ricci, Mickey Rourke e Ben Gazzara.
Entrada gratuita. Às 18h15, na sala 128.


SINOPSE
Billy Brown esteve preso mas os seus pais pensam que casou e vive uma vida de sucesso. Quando ele tem de os ir visitar precisa desesperadamente de encontrar alguém que esteja disposta a ser "a sua esposa" para essa visita. Como será o reencontro com quem ele nunca se sentiu bem?
O primeiro filme de Vincent Gallo enquanto realizador.


EXCERTO

domingo, maio 08, 2011

"The Imperialists are still alive!"



"The Imperialists are still alive!", de Zeina Durra.

Não estará tão cedo nas salas portuguesas, mas já dá para aguçar a curiosidade.

"The Imperialists Are Still Alive! is propelled forward (and backward, and sideways) less by by a streamlined narrative arc and more by the hope that its free-floating characters and scenes will ultimately coalesce into a larger picture. Similarly, its initial (and almost aggressive) weirdness is tempered by such somber moments as Asya relaying news of her brother not long after huddling around the radio in a small market in order to hear news of the latest bombings in Beirut. Still, extracting meaning from Durra’s film is a decidedly strange process, and The Imperialists Are Still Alive! can be as difficult to make heads or tails of as the art therein. In this way, the angle from which it’s viewed is vital".

fonte: http://www.hammertonail.com/reviews/the-imperialists-are-still-alive-film-review/

quinta-feira, maio 05, 2011

PREMIADOS passatempo IndieLisboa2011

•Os convites voucher devem ser levantados mediante apresentação do BI ou cartão de cidadão na loja do IndieLisboa na Culturgest (Edifício da Caixa Geral de Depósitos, Rua Arco do Cego) entre as 15h00 e as 22h00.

•Os convites voucher podem ser trocados por bilhetes nas bilheteiras do Cinema São Jorge, Culturgest e Teatro do Bairro (para todas as salas), de 5 a 15 de Maio, no limite dos lugares disponíveis.

•Os bilhetes não são válidos para as cerimónias de abertura e encerramento, sessões especiais, filmes-concerto e workshops.

•Não se efectuam trocas de bilhetes.


Aqui está a lista de premiados:

Tiago Ferreira Parente
Sofia Margarida Jerónimo Bento
Maria João Cocco da Fonseca Gonçalves Teixeira
Raúl Gonçalves Saraiva
Sofia Lemos
Marta Nunes Antunes
Manuel Guilherme Andrade da Silva
Rita Campos Costa
André Araújo Soares Guerreiro
André Freitas de Figueiredo
Teresa Alexandra dos Santos Loureiro
João José Brazão
Mariana Arnaut
Marta Rocha
Joana Júdice
Isa Cabrita
Maria Silva
Tiago Miguel Afonso Gonçalves
Ana Rita Pinto do Nascimento
Maria da Graça Almeida de Eça do Canto Moniz

quarta-feira, maio 04, 2011

algumas coisas que vêm aí



"Pina", de Wim Wenders.




"Lourdes", de Jessica Hausner.




"Brighton Rock", de Rowan Joffe.




"No one knows about persian cats", de Bahman Ghobadi.




"Les Amours Imaginaires", de Xavier Dolan.

"Je Veux Voir"



"Je Veux Voir", de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas.