La Chinoise (1966), Jean-Luc Godard.
É certo que os tempos são diferentes. Que os voluntarismos e as utopias (ou falta delas) são outras.
Mas com tudo o que tem acontecido no Médio Oriente e na Europa - agora, sobretudo em Espanha, mas já antes, na Grécia -, será assim tão arriscado identificar um sublevantamento geral inconformista e - em que medida e até que ponto, são as questões - revolucionário?
Postas assim as coisas, a pergunta: que papel terá/está a ter o cinema neste momento no acompanhamento dessa erupção? Quem vai/está a filmar isso?
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5 comentários:
os jovens realizadores desempregados (ou "empregados intermitentes")têm filmado sem descanso :) todos colaboram e as novas tecnologias ajudam.
Será?
Eu tenho a impressão que não... Não só os portugueses, mas os cineastas em geral. Não sei se já há alguém a captar estes momentos! Em Portugal, penso que o que se tem feito ultimamente, ainda que de cunho fortemente político, tem focado, sobretudo, o nosso passado (exemplos recentes: "48", "Linha Vermelha"). Lá fora, e admitindo que possa ser ignorância minha, não sei de pessoas que estejam já a filmar o que se anda a passar. Claro que há filmes "políticos" a pontapé; mas estou a referir-me a este momento concreto que vivemos, que me parece ser, pela sua força e amplitude, uma pedrada no charco desde o Maio de 68 (daí a fotografia que acompanha o post). E em torno deste último, já se sabe a quantidade de (bons) filmes que, mais ou menos lateralmente, o contextualizam. Mas e sobre o que está a acontecer hoje na Síria, no Líbano, em Espanha? Se calhar ainda é cedo, talvez... (embora o Godard tenha "antecipado" o Maio de 68 ao fazer o "La Chinoise" em 66...).
Mas se souberes, dá-me algumas referências.:)
Francisco, já viste o "Filme Socialismo"?
é que a resposta a essa tua interrogação - "Não sei se já há alguém a captar estes momentos!" -, continua a ser "O Godard!".
Abraço
Olá, Pedro!
Já vi, sim!:) E sim, tens razão.
Mas o “Film Socialism” é só um, ao que acresce o facto de ser feito por alguém que não está a viver o momento actual assim tão “in loco” (como estava o Godard quando fez o “La Chinoise), sobretudo por não estar próximo da geração em causa…
Por outro lado, o “Filme Socialism” é, talvez, demasiado críptico (na onda dos últimos filmes do Godard, eu sei, mas não na onda dos seus filmes da década de 60, que foram de encontro a todo um sabor desse Maio de 68, ou ao contrário, nem sei) para o actual momento, que de tão claro, de tão flagrante, exige, não sei, digo eu, um registo mais “limpo”, mais cru, mais… urgente.
“Filme Socialism” é um ensaio, mas o que talvez o momento presente reclame do cinema seja um… manifesto (ainda melhor se feito por pessoas geracionalmente próximas daqueles que estão a agitar as coisas, porque terão um olhar inevitavelmente diferente). Acho que foi isto que quis dizer…
Um abraço!
Pelo que sei, na área do cinema documental há muito trabalho que está a ser desenvolvido neste momento. Estou-me a lembrar de uns franceses que vieram cá filmar o dia-a-dia de alguns jovens desempregados e de uns espanhóis que estão a filmar sobre o encontro de gerações. Cá em portugal há também alguns jovens realizadores que têm filmado a dinâmica dos movimentos sociais e as manifestações, penso que há um em concreto que está a trabalhar num documentário.
Tenho um amigo que tem filmado com material emprestado! :)
Quanto ao médio-oriente, não faço a mínima ideia.
O momento também propicia as manifestações culturais, parece-me.
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