sexta-feira, maio 20, 2011
nunca é tarde demais
para dizer que Tournée é um grandíssimo filme e um dos melhores que vi este ano. Já o vi há uns tempos e logo na altura quis escrever algo sobre ele, o que infelizmente não me foi possível porque o tempo não tem abundado. Estaria, no entanto, a ser injusto comigo mesmo se não fizesse este tributo ao filme, pena que o atraso já tenha apagado muitas coisas que me ficaram na cabeça depois de o ver.
Tournée confirma Mathieu Amalric como um realizador de excelência - como actor, já o sabíamos, e isso só sai reforçado com a personagem infantil ("peterpanesca") e frenética (uma homenagem à figura do "Produtor", especialmente à de Paulo Branco, como já o disse o próprio Amalric) que veste no filme. Em Tournée, Amalric serve-se de planos belíssimos (estou a lembrar-me particularmente daquele em que a troupe do Burlesque vai buscar as pizza, e que pode ser visto mais abaixo) e personagens densas (não só a de Amalric, mas também a de Mimi "Le Mieux") para fazer um filme ternurento, comovente mesmo, mas que parece estar sempre na corda bamba da loucura, como, aliás, a própria personagem de Joachim (intepretada por Amalric). O que torna inevitável, pelos ambientes criados em redor de Joachim, pensarmos em Fellini, por exemplo, especialmente naquela última cena numa casa semi-abandonada (o skate deslizando pela piscina...), onde Joachim solta um derradeiro e enigmático grito.
Assim muito rapidamente: fotografia estrondosa (sobretudo nas cenas dos shows da companhia) e banda-sonora ao mesmo nível (particularmente a "Have Love, Will Travel", dos Sonics).
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2 comentários:
tecnicamente gostei, e a interpretação também é boa, mas faltou qualquer coisa. há algo no argumento que não convence totalmente.
Olá!:)
Já não és a primeira pessoa que oiço dizer isso... eu não senti o mesmo, por acaso. Acho que o argumento não quer chegar a lado nenhum, isso é certo. Não há nenhum ponto de chegada lógico, digamos. Mas, como alguém escreveu no jornal "i", o filme é, ele próprio, uma tournée, e nós (público) somos só mais uma paragem...
Saí do filme exactamente com esta sensação: aquelas mulheres vão continuar a fazer aqueles shows e o Joachim vai continuar a fazer o que faz, ora frenético e eufórico, ora desesperado e angustiado...
Um abraço,
F.
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