quinta-feira, dezembro 30, 2010

não vos deixeis cair em tentação

Se tivesse que escolher o melhor filme que vi em 2010, a minha escolha recairia sobre um filme que não... de 2010.
Mas a eleger um filme de 2010, o meu voto vai, se não me atraiçoa a memória, para A Single Man. Rezemos agora para que o Tom Ford, depois de ganhar o campeonato, não queira ganhar a Champions... já sabemos no que isso dá (se é que me entendem).

obsessão

Ciclo Cinema é Obsessão, no Cineclube de Joane, Famalicão:

O Cinema é uma arte que envolve inúmeros recursos, tanto criativos como técnicos e, além disso, procurou estabelecer-se como possível súmula das outras artes. Nesse emaranhado de possibilidades, é concebível que da parte dos seus autores maiores, os realizadores, surjam temas e opções de carácter obsessivo. Mas como cada uma das categorias técnicas (a fotografia, a montagem, o som, a cenografia, etc.) são de uma vastidão extrema, as obsessões criativas que há pouco imputávamos aos cineastas são também fáceis de encontrar nos responsáveis por cada uma das camadas técnicas. Assim, montamos um ciclo em que tais manias são tão imputáveis aos criadores como às personagens, e às vezes a ambos os casos. Escolhemos 10 obras, títulos com um lugar de destaque na história do Cinema, mas temos consciência que haverá por aí, em muitas cabeças, outras tantas escolhas, cada uma com as suas (obsessões.


fonte (e programa do ciclo): http://www.cineclubejoane.org/

sábado, dezembro 25, 2010

Catherine




(Ma saison préférée, 1993, de André Téchiné)

quarta-feira, dezembro 08, 2010

compreensão mútua


Sim, também não sei o que vai ser de mim sem as sessões do Cineclube nos próximos tempos...

quarta-feira, dezembro 01, 2010

serão sempre os franceses a perturbar-nos






Rendez-vous (1985), de André Téchiné.

domingo, novembro 21, 2010

"GHOST DOG: THE WAY OF THE SAMURAI", esta terça-feira (dia 23), às 18h15




O Cineclube regressa esta terça-feira com Ghost Dog: The Way of the Samurai (1999), filme de Jim Jarmusch e com as participações de Forest Whitaker, John Tormey, Henry Silva, entre outros.

Não percam!


sexta-feira, novembro 12, 2010

hip, hip, hurrah

Dois anos depois de ter entrado para a direcção do Cineclube, muitas sessões depois, muitas reuniões depois, muitos apelos, convites, sugestões, tentativas infrutíferas de chamamento à razão, insistências e desistências depois...

consegui que fôssemos (directores) todos juntos ao cinema! - sim, com dia, hora, local, filme, tudo marcado!

Não é emocionante? DOIS anos, meus amigos...


terça-feira, novembro 09, 2010

Crítica "The Last Picture Show"

CINECLUBE FDUP 4ª SESSÃO 9 NOVEMBRO 2010:
“The Last Picture Show” (1971), de Peter Bogdanovich.

Crítica por: Francisco Noronha

Sam: Being crazy about a woman (…) is always the right thing to do. Being an old decrepit bag of bones, that's what's ridiculous. Gettin' old.

Nomeado para oito Óscares e vencedor de dois (melhor actor secundário masculino para Ben Johnson e melhor actriz secundária feminina para Cloris Leachman), chega-nos um filme de um realizador que ainda há pouco tempo foi motivo de uma retrospectiva profunda na Cinemateca.



O facto de The Last Picture Show começar e acabar da mesmíssima forma é tudo menos coincidência. A abrir e a fechar o filme, a câmara lenta e panorâmica de Peter Bogdanovich filma uma pequena localidade isolada e árida do Texas onde o único ruído que nos chega (e que nos acompanhará por todo o tempo) vem do assobio desolado de um vento incessante e teimoso. Este facto é tudo menos coincindência, dizia, porque ele nos quer dizer que entre o início e o fim da fita nada mudou – nada muda nunca - , simbolizando assim de forma profundamente poética a imutabilidade das coisas e a natureza cíclica da vida humana.



The Last Picture Show é um filme “total”, no sentido da completude com que aborda os problemas dos homens na sua transversalidade, isto é, desde os seus primeiros passos (juventude) até ao seu último suspiro (velhice). Este tenso dualismo, inarredável à vida humana (basta para isso pensarmos no mito do elixir da eterna juventude), é, em bom rigor, o dualismo omnipresente em The Last Picture Show.
Servindo-se de personagens-tipo sabiamente trabalhadas, o filme tem como pano de fundo o universal confronto entre velhos e novos, ou, por outras palavras, entre aqueles para quem o que a vida tem de bom já foi gozado e as desilusões da vida pouco auguram de positivo para o tempo que resta; e os que, do lado oposto, se começam a atirar de cabeça em busca de novas experiências e sensações (o coming of age, em bom inglês). E neste último particular, o filme é muitíssimo audacioso para época ao abordar (e filmar) de frente a Sexualidade, quebrando, desfazendo, trucidando tabus e grilhetas.
Interrogando-se profundamente sobre a moral cristã e suas idiossincrasias (o mesmo é dizer, e suas transgressões pelos comuns mortais), o filme acaba por constituir uma síntese do que foi a onda de contestação lançada pela contracultura norte-americana (mais tarde difundida por todo o mundo) nos anos 50 e 60. Não o faz abertamente, explicitamente, filmando hippies ou anarquistas, mas de uma forma muito mais bela e subtil – ou não fosse esse o poder simbólico e imagético que a arte tem de sugerir sem impor. Fá-lo, portanto, quando capta os pormenores que no interior do Texas, mas também no resto do mundo (a ideia de que esta pequena cidade pode ser o espelho de uma mudança à escala global – o universal como “o local sem muros”, na expressão feliz de Miguel Torga), começam a abanar o sistema de códigos e valores ocidentais conservadores da segunda metade do século XX.
E neste ponto é exemplar o destaque dado à descoberta da Sexualidade pelos jovens, expresso, nomeadamente, na mistificação da virgindade; na apologia da (falsa) mulher púdica, sublimemente representada por Jacy (Cybill Shepherd parece que é iluminada por fonte divina em cada close-up sobre o seu rosto, ao que ajuda a sua beleza extraordinária); na crítica do casamento monogâmico cristão (“80% dos casamentos são infelizes”, diz o velho Sam) e na constatação do adultério e da prostituição; na (suposta) virilidade do macho, etc..



Mas The Last Picture Show não seria um filme “total” se se ficasse pela Sexualidade ou pela provocação a todo um sistema de valores prestes a implodir. Onde fica então o Amor (querem tema mais “total” e universal do que este?) de velhos e novos no meio de tudo isto?
É aqui que os mais velhos, os outrora “sábios” – os mesmos que nas nossas sociedades modernas perderam essa qualidade para ganhar a de estorvos ou empecilhos - , a quem Bogdanovich mostra o seu respeito e admiração, têm lições para nos dar. É com Sam the Lion (interpretação soberba de Ben Johnson) que nos sentamos à beira-rio para aprender o que é o Amor; e é com Ruth (outra interpretação fabulosa de Cloris Leachman), uma mulher infeliz com o seu casamento, e com Lois Farrow (mãe de Jacy), uma quarentona entediada e promíscua, que aprendemos o que ele não é.



Mas “o tempo está é para os jovens”, como diz o adágio, e por isso é em torno do adolescente Sonny que o filme girará, mostrando-nos os seus amigos e os locais que frequenta. Sonny é verdadeiramente a peça-chave de The Last Picture Show, uma vez que ele representa na perfeição a inércia e o desalento daquela terra e suas gentes. É perceptível como Sonny vive num dilema constante entre o partir na busca de novos horizontes, e o ficar no local onde sempre viveu - e nisto reside o segundo dualismo, a segunda tensão omnipresente do filme.
E é uma peça-chave porque, à semelhança de quase todas as personagens de relevo neste filme (Sam, Duane, Jacy, Lois, Ruth), ele não está bem naquela cidade: cada um à sua maneira, todos estão entediados e vivem um ram-ram diário desapaixonado. Para todos eles, aquela cidade é demasiada pequena para os seus sonhos e espíritos. Com a excepção de Duane (cuja destino de partida é como que uma última ou única alternativa – e a alternativa que Bogdanovich apresenta não é inocente), todos estão, por obra e graça desse vento teimoso, condenados a ficar – mesmo Sam e Jacy, quando iniciam uma infantil fuga, são parados uns poucos quilómetros depois….
A última sessão (fazendo jus ao título do filme) do cinema da cidade a que Duane e Sonny vão (e vão para se despedir duplamente: um do outro e os dois do cinema) é, uma vez mais, uma representação poética e comovente do que separa Duane e Sonny: o partir do primeiro e o ficar do segundo.
Diz-nos (elucida-nos) o cowboy que é hora de partir: Take them to Missouri!. E é neste momento, muito bonito por sinal, que Duane olha timidamente de lado para Sonny, como que lhe perguntando o porquê de se separarem, o porquê de… ficar.



“Tudo o vento levou” é um lugar-comum que é aqui de aplicação obrigatória: o vento que Bogdanovich repetidamente filma é o vento que vai levando aos poucos todos as pessoas queridas de Sonny. E é nessa solidão e melancolia extremas que, um pouco à semelhança de Viaggio in Italia (1951), de Roberto Rosselini, se dá o milagre: velhos e novos, ambos sozinhos, ambos desesperançados, entregam-se mutuamente numa comunhão urgente e vital. Há quem lhe chame… fado.

sexta-feira, novembro 05, 2010

"THE LAST PICTURE SHOW", próxima terça-feira (dia 9), às 18h15




O Cineclube volta esta semana à sala o.o1 (piso do bar) com o filme The Last Picture Show (1971), de Peter Bogdanovich, interpretado por um elenco de luxo: Timothy Bottoms, Jeff Bridges, Cybill Shepherd, Ben Johnson, Cloris Leachman, Ellen Burstyn, Sam Bottoms e Eileen Brennan.
Apresentação por Pedro Leitão.
Não percam!

quarta-feira, novembro 03, 2010

Make them laugh!

Donnald O' Connor em Singin' in the Rain.

Não sei por que raio de motivo mas todos os clips do memorável momento "make them laugh!", de Singin' in the Rain (1952, de Gene Kelly), têm todos os códigos desactivados, o que me impede de aqui os partilhar no blog (fica, de todo o modo, o link).

Esse momento é não só fantástico do ponto de vista artístico (Donald O' Connor representa, dança, canta e faz habilidosos e variados números de circo), mas também por ser uma reflexão (descomplexada) sobre o Cinema em si: o Cinema como arte popular , como entretenimento e escape ao quotidiano social. No fundo, o Cinema como um lugar mágico onde podemos assistir a um bom espectáculo e passar um bom momento - e isto não é banalizá-lo, mas antes entendê-lo como toda e qualquer arte: a necessidade do homem na criação do Belo como fuga, como alternativa, como resistência, até, ao real e suas, passe a expressão (e o eufemismo), "chatices".
Claro que este é apenas um ponto de vista - que, aliás, não exclui de todo aproximações diversas -, e um ponto de vista altamente contestável para quem quiser ver dogmaticamente o Cinema como reflexão sobre o real e, na mesma passada, como motor de transformação social e intelectual. Mas isso são contas de um outro rosário...

Fica abaixo um outro momento de génio dessa obra-prima que ontem passou no Teatro Campo Alegre.


Donald O'connor gene kelly - Moses Supposes
Carregado por les-duos. - Novelas, pegadinhas e comedias em video

segunda-feira, novembro 01, 2010

Cineclubistas,


amigos e simpatizantes, na barra lateral à direita podem encontrar o nosso link para o Facebook, bem como, mais abaixo, tornar-se seguidores do blog.

domingo, outubro 31, 2010

"Todos os Outros"




Dizer que Alle Anderen (2009, “Todos os Outros” na tradução portuguesa), de Maren Ade, faz jus aos cânones de Ingmar Bergman, como li, é algo que não posso comentar porque conheço pouco do realizador de O Sétimo Selo. Mas dizer que Todos os Outros é evocativo do magnífico L' Avventura, de Antonioni, como também li, é francamente enganador.

Todos os Outros conta, em duas horas, o que podia ser contado em meia numa curta metragem bem feita. Aliás, "contar" não é para aqui um termo acertado, pois Todos os Outros não conta quase nada, o que, admito, possa ter sido intenção de quem filma.
Mas se não se quer contar nada, o que sobra? A contemplação, a meditação, os diálogos, o belo visual?

No caso, não sobra quase nada.

Por um lado, porque Maren Ade se serve repetidamente de longos planos em que nada acontece e em que, ao contrário do que acontece nos filmes de Antonioni, os actores não têm um papel importante (culpa do realizador e não dos próprios) – é que em Antonioni, mesmo nos planos mais demorados, quase silenciosos, há um trabalho de representação e expressividade intenso do actor (nos gestos, na expressão facial, no movimento do corpo propriamente dito, na forma como se senta, como se coloca de joelhos, etc. etc.).
A par disso, encontramos nesses mesmos planos de Antonioni um profundo e delicado cuidado estético, expresso no formalismo da câmara e da mise-en-scène que esta capta: os actores ao centro, os objectos quase geometricamente dispostos em seu redor, os claros e escuros, etc..
Também o imobilismo antonioniano da câmara é aqui trocado pela ligeira oscilação e turbulência da imagem, dando um certo tom documental ao filme.



Por outro lado, os diálogos aparecem-nos pouco mais do que desinteressantes, frios e sem a profundidade e emotividade que planos longos e silenciosos, em close-up sobre os actores, exigem. Acabamos assim por bocejar quando Chris e Gitti são filmados repetidamente falando pouco ou nada e quase sempre para soltar uns desenquadrados "Amo-te" ou "Não me deixes" (a excepção é quando falam do futuro de Chris e das suas hesitações). De tão abruptos são que nos impedem de ajuizar com confiança o tempo de duração (se longa, se recente) desta relação…

De resto, há uma semana de férias na Sardenha, uma relação um pouco imatura (mas quem somos nós para avaliar da "maturidade" das relações dos outros...) e com alguns mal entendidos , personalidades algo dissonantes (ela cool e extrovertida, ele ora frio, soturno e bruto, ora doce e atencioso, embora ambos sem a dimensão dramática e existencialista que Antonioni, para o citar novamente, imprime às suas personagens), vizinhos indesejáveis (nunca se chegando, na verdade, a perceber bem porquê) e pouco mais.



Há, é verdade, uma assumida intenção de filmar o quotidiano, o banal do banal, e que é visível sobretudo nas personagens e no tipo de “acontecimentos” filmados (a caminhada, o jantar com os vizinhos, a cena do encontro na rua com os outros compatriotas alemães, etc.); mas esse quase naturalismo pode ser muitíssimo aborrecido quando o Cinema pouco mais lhe empresta do que uma câmara de filmar.

Excelente a fotografia (belos shots da Sardenha) e a presença da belíssima Nicole Marischka (Sana, a mulher de Hans).


sábado, outubro 30, 2010

"I Want You"

Este fabuloso videoclip dá a cara por "I Want You", faixa da mixtape com o mesmo nome do artista-genial-sem-rótulo-possível Theophilus London. "I Want You" é uma cover do single homónimo gravado por Marvin Gaye em 1975 (e cuja voz é samplada mais para o fim da música).

Num preto e branco muito nouvellevagueano, o realizador Vashtie Kola filma com mestria uma cena de sedução e sexualidade intensas. O videoclip lembra-me até uma cena, também ela com uma pequena sessão de fotografias, de um filme do Godard (talvez com a Jean Seberg ou a Anna Karinna) mas não me recordo agora ao certo qual é... alguém acerta?




Os deliciosos comentários do youtube do costume:

I would physically have with WITH this song


I would fuck to this song

quarta-feira, outubro 27, 2010

Crítica "The Last of the Mohicans"

Baseado num livro homónimo de James Fenimore, o filme de 1992, de Michael Mann é considerado um remake de um filme também ele homónimo realizado por Randolph Scott em 1936.
A história, tal como descrita no início do filme, passa-se em 1757, durante a guerra dos sete anos entre a Inglaterra e a França, que disputavam na altura o domínio das colónias norte-americanas, envolvendo entre os conflitos diversas das tribos nativas americanas. Nathaniel Hawkeye (Daniel Day Lewis), adoptado pela tribo dos moicanos, liderada por Chingachgook(Russell Means), apoiam os colonos ingleses em troca de protecção, enquanto do lado dos franceses combate a tribo dos Yurons, liderada por Magua (Wes Studi) e que faz jus à sua fama de verdadeiramente sanguinária. Entre as duas tribos salienta-se ainda o facto de os Moicanos adoptarem trajes tipicamente dos colonos, enquanto os Yurons mantém os trajes típicos dos nativos americanos.

Na sequência de uma emboscada feita às filhas do Coronel Britânico Munro (Maurice Roeves), onde se desenrola a primeira batalha do filme, os Moicanos têm um papel preponderante resgatando as duas filhas do Coronel, Cora Munro (Madeleine Stowe) e Alice Monro (Jodhi May), dando o ponto de partida do romance que acaba por servir de fundo ao filme, no qual intervém o irmão adoptivo de Nathaniel Uncas (Eric Schweig).

Baseado num romance, poderia a guerra servir apenas de plano de fundo para o desenvolvimento do que poderia ser considerada a história principal da narrativa, mas em O último dos Moicanos, o romance acaba por receber um papel secundário. Aliás, as cenas de violência são constantes ao longo do filme, aparecendo de forma explícita, retratando de forma bastante realista a forma como os índios lutavam entre si, usando por vezes instrumentos ainda tribais, ao mesmo tempo que vão manejando espingardas.

Também a banda sonora merece destaque, tendo aliás recebido um Óscar na categoria de Melhor Banda Sonora original em 1993, o que aliado ao poder das imagens e ao modo como algumas paisagens são captadas, tem nos últimos 15 de filme um papel chave, quanto a meu ver sendo o responsável por tornar este filme num dos mais conhecidos dentro de género.
Não pretendendo ser um relato histórico de uma das épocas mais importantes da história norte-americana, e que acabaria por dar o mote para as guerras da independência, o filme demonstra contudo a brutalidade de uma altura na história onde os indígenas são usados pelas duas colónias enquanto peões nas sucessivas guerras pelo poder, lutando as tribos umas contra as outras, o que terá directamente influenciado algumas das consequências que as tribos nativas sofreram.

Crítica por: Daniela Ramalho

terça-feira, outubro 26, 2010

quem disse que os portugueses eram um povo bruto?




É que depois de vermos Le Concert (2009, de Radu Mihaileanu) - exibido no passado domingo no âmbito da 11ª Festa do Cinema Francês - os russos não ficam naaada bem na fotografia...
(mas também não ficam bem na fotografia os comunistas, os judeus, os ciganos, os franceses, os artistas, os magnatas do petróleo, ...)


Ah!, o filme conta ainda com a presença dessa beldade chamada Mélanie Laurent (que ainda há pouco tempo víramos no Inglourious Basterds de Tarantino):


segunda-feira, outubro 25, 2010

"THE LAST OF THE MOHICANS", esta terça-feira, às 18h15




Nova semana, novo filme, desta feita com The last of the Mohicans (1992), de Michael Mann, com o incontornável Daniel Day-Lewis no papel principal.

Às 18h15, na sala 0.01
(piso do bar). Apresentação por Tiago Ramalho (ex-organizador do Cineclube FDUP).


sábado, outubro 23, 2010

"A L'ORIGINE"






A l'origine (2009), filme de Xavier Giannoli baseado numa história verídica e que passou na quinta-feira no Passos Manuel, no âmbito da 11ª Festa do Cinema Francês, com um enorme François Cluzet no papel principal.

ATENÇÃO: Eventuais spoilers.

Mais do que um filme, este é um autêntico ensaio sobre os amargurados tempos que as sociedades capitalistas ocidentais atravessam no presente, com tudo o que isso implica: não só o sufoco económico propriamente dito, mas também as suas implicações no agir humano, na deturpação e reconstrução de novos sonhos e utopias para alguns - no caso, a construção de um troço de auto-estrada rumo a direcção nenhuma, projecto que se inicia com um conjunto feliz de coincidências a que Phillipe Miller (François Cluz) é relativamente alheio (as coisas vão acontecendo à sua volta, sem que ele faça muito por isso), mas que acaba por se tornar num megalómano e surrealista (a cena em que o director da empresa CJI lhe pergunta para onde afinal se dirige a auto-estrada é excelente) projecto pessoal que ele quer ver materializado a todo o custo, mesmo que isso acarrete actos moralmente censuráveis. Embora Miller, e é isto que faz dele uma personagem complexa e interessante, não seja linearmente classificável como um "tipo mau"; pelo contrário, ele revela em muitas situações solidariedade e compaixão (a forma como se preocupa com Monika e Nicolas) e controlo emocional (quando não se deixa levar à primeira pelo encanto de Stéphane e diz para si próprio, aterrado, "tudo isto é falso"). O que, novamente, é contrabalançado pela questão de fundo: Miller é um burlão que está a enganar uma terra inteira.

No fundo, é esse sonho, desde o início condenado ao fracasso e ao nonsense - e nisso reside o cariz trágico omnipresente do filme - que lhe reanima o espírito e o volta a fazer viver os dias com alegria - "Nunca tinha tido vontade de ficar tanto tempo no mesmo sítio", diz ele a Stéphane (a bela Emmanuelle Devos). Miller vai assim acabando por se convencer, irracionalmente, de uma fantasia, de uma ilusão, de que ele é o grande artífice. E é nesta "Grande Ilusão" de Miller que ganha sentido o paralelismo estabelecido por um crítico (visível no livrinho do festival) entre o filme e o Cinema: tal como um realizador, e especialmente no caso de estarmos a falar de um realizador-autor, Miller está a construir uma ilusão contra todas as adversidades do establishment político, económico e cultural. O que move ambos? Paixão, coragem, fantasia, irreverência, enfim, a sensação de estar a mexer com as pessoas - em Miller a população local, no Realizador os espectadores).



Em tantas outras circunstâncias, é disto que as pessoas vivem, sobretudo nos tempos mais difíceis: pequenas metas e ambições pessoais que impõem a si mesmas como estimulantes para cada novo dia. "Pequenas", disse eu; a de Phillipe Miller tinha alguns kilómetros...
A cena final, onde os carros da polícia se dirigem a Miller, ironicamente, pela estrada que ele próprio projectou e concretizou, e onde este crava uma esfarrapada bandeira num pequeno monte, é profundamente comovente e só ao alcance dos mais sábios. A alusão metafórica ao "espetar da bandeira" e às conquistas da humanidade (no Everest, na Lua, etc.) constitui assim uma questão de escala: o confronto entre as pequenas conquistas de uns (anónimos, solitários, como Miller) e as grandes conquistas de outros (famosos, mediáticos).
No fundo, as conquistas de uns são tão meritórias como as de outros. Uns e outros partilham da mesma quimera: superarem-se e serem mais felizes. É tudo uma questão de escala...


Demasiado bom para não ser visto.





P.S.: Banda-sonora fabulosa.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Para quem gosta de Animação, aqui fica "Street Lights", faixa desse fabuloso 808s & Heartbreak (2008), disco que Kanye West concebeu em assumido estado crítico após a morte de sua mãe, presença fundamental na sua vida até então. Não é por isso estranho que este seja um disco profundamente melancólico, soturno e carregado de alusões à solidão, ao amor ou à morte.

É também um disco singular por vir de quem vem - um rapper que até à data tinha feito três discos clássicos de hip-hop - e pelo arrojo com que funde música electrónica e pop de um modo tão harmonioso. É um disco conceptual no verdadeiro sentido da expressão, e não só no que toca à música e ao ambiente noctívago por ela criado, mas também relativamente a tudo o resto: a capa do disco (um balão vermelho furado em forma de coração), a figura (vestuário, fisionomia, expressões faciais) de Kanye West ou ainda, e para o que aqui interessa, os videoclips (e são vários, dos quais já deixei "Paranoid" por aqui há uns dias).

Retomando a Animação (que supostamente era o motivo deste post, mas só supostamente porque no fundo o que eu queria mesmo era falar do disco), aí está "Street Lights":



Realizado por Javier Longobardo.

The video, which was created by Javier Longobardo, is seriously old-school looking, with 80s-inspired graphics.
The Kanye West video for ‘Street Lights’ shows an animated Kanye West driving around a pinky-green city. The whole thing appears to me to be what ‘Miami Vice’ would be if animated at its height of cool. Definitely not something you see on TV often, and it’s bound to get some attention.

fonte: http://www.trendhunter.com/trends/kanye-west-street-lights

quinta-feira, outubro 21, 2010

A felicidade para Jamursch :)



Down by Law, 1986 @ Jim Jamursch

quarta-feira, outubro 20, 2010

les bonnes femmes



Um dos filmes mais bonitos que já vi no Cineclube.
(enquanto observam a fotografia, esqueçam por momentos o volte-face posterior que a cena vai ter)

(ainda bem que os possíveis e impossíveis que o Cineclube fez para conseguir ter este filme surtiram efeito...)

domingo, outubro 17, 2010

DUPLA SESSÃO: "LES BONNES FEMMES" (18H15) E "LES QUATRE CENT COUPS" (21h30)



Esta terça-feira (19 Outubro, e não 12 como figura no cartaz, lapso nosso!), o Cineclube apresenta uma dupla sessão (também duplamente francesa, por sinal):

às 18h15, com Les Bonnes Femmes (1960), do recentemente falecido Claude Chabrol, na sala 0.01 (piso do bar);

e às 21h30, no âmbito da iniciativa "AEFDUP SOLIDÁRIA" (iniciativa promovida pela Associação de Estudantes da FDUP), com Les Quatre Cent Coups (1959, "Os 400 Golpes" na tradução portuguesa), de François Truffaut, no Salão Nobre da FDUP (segundo piso, piso da Biblioteca).




A entrada é gratuita e aberta a todos para ambas sessões. Contamos com a vossa presença numa sessão que, mais do que dupla, está inserida num projecto de solidariedade, tendo ainda especial interesse do ponto de vista cinematográfico por juntar dois dos "dinossauros" da Novelle Vague francesa em filmes realizados na mesmíssima época - Truffaut em 1959 e Chabrol em 1960.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Este poderia ser eu, abismado, depois de ver The Killing (1956, "Roubo no Hipódromo", na tradução portuguesa), de Stanley Kubrick, que hoje passou no ciclo de cinema Invicta Filmes.

Arriscaria dizer ser este um filme perfeito (sim, com as letrinhas todas), do ponto de vista técnico e narrativo. Sem mácula e empolgante do princípio ao fim.

(na fotografia: Elisha Cook Jr. em The Killing)

Para os amigos Chilenos ...

terça-feira, outubro 12, 2010

Crítica: Ghost World (2001)

Crítica: M. Guilherme Silva

Mal sucedido nas salas de cinema, a primeira vez que me propus a ver este filme tentei descobrir o que afinal fizera dele tamanho fenómeno de culto entre a comunidade jovem nos EUA e no restante mundo ocidentalizado.

Apesar de aparentemente nada apelativo ao grande público, esta adaptação para cinema da BD com o mesmo nome de Daniel Clowes (que também escreveu o guião para o filme) teve uma óptima recepção entre a crítica especializada. Os críticos acarinharam o projecto, o público dos festivais indie aplaudiu de pé Terry Zwigof, a Academia nomeou o guião para um Oscar, e pouco depois este tornou-se em mais um estranho caso de bom e aclamado cinema votado ao esquecimento.

Foi com este cenário bem presente que assisti ao filme, e como suspeitava este deixou-me impregnado dos mais variados sentimentos e conclusões. É um bom filme, não haja a dúvida. O guião está magnificamente construído, as actuações dos principais intervenientes é irrepreensível, mas a soturnidade da história e o feitio de algumas personagens tornam-no por vezes de difícil agrado e digestão. Mas o que principalmente me agradou foi a miscelânea colorida de humor que Terry Zwigoff conseguiu captar da BD. Todo o filme é uma bem articulada manta de retalhos, ora tristes e soturnos, ora delirantes e cómicos. As surpresas repetem-se, o humor físico é consagrado acima de todos, e o revivalismo musical dá ao filme todo um ar do melhor snobismo - aquele que mal se nota.

Mas no que à história toca, Ghost World é um relaxado - mas por vezes profundo - retrato da juventude suburbana norte-americana e da busca pelo dúbio American Dream. É também uma viagem de emoções: enquanto que personagens como Doug nos levam aos pícaros da hilaridade, outros como Seymour deixam-nos de rastos quase involuntariamente, e por vezes até envoltos no mais sincero sentimento de desconforto.

No fim, são as gerações e ideais que chocam - pais contra filhos, desportistas contra marrões, a mais social das vidas contra a mais recatada – tudo envolvido na mais sublime das críticas sociais: a menos séria.

Com interpretações de Scarlett Johansson, Thora Birch, Brad Renfro e do surprendente Steve Buscemi, este é uma filme que, acima de tudo, não deveria ter sido esquecido como foi.



domingo, outubro 10, 2010

"GHOST WORLD": esta Terça-feira, às 18h15



É já esta Terça-feira que o Cineclube retoma a sua actividade. A sala será não a 1.01 (como figura no cartaz), mas a 0.01 (piso do bar). A entrada é gratuita!
Uma vez mais fica o convite a todos para que tragam amigos!

Aqui fica o trailer de Ghost World (2001), de Terry Zwigoff, e que conta com as interpretações de Thora Birsch, Steve Buscemi, Scarlett Johansson, Brad Renfro, entre outros.






ADENDA: Para a Luísa Beato vai, uma vez mais, o nosso enorme obrigado pelos cartazes projectados para o Cineclube - todos eles tão elogiados:)

sábado, outubro 09, 2010

Hoje, na RTP2:



LES HERBES FOLLES (2009), de Alain Resnais, às 22.45.

sexta-feira, outubro 08, 2010

EL Dia de la Bestia

Almodôvar morreu!!!!!!!!!



e acompanhado por uma banda sonora exemplar ...

http://www.youtube.com/watch?v=essAq0kEq10

quarta-feira, outubro 06, 2010

CARTAZ 1º Semestre 2010-2011


Aqui está finalmente o cartaz tão esperado!

As sessões voltarão a ser às terças, quinzenalmente, às 18h15. Excepcionalmente, depois da primeira sessão de dia 12, voltará logo a haver nova sessão na semana seguinte, dia 19. E outra dia... 26! Ou seja, serão três semanas seguidinhas de bom cinema!

Aparecam e tragam um, dois, muitos amigos! A entrada é livre para toda a gente.
Até quarta!

NOTA: Provavelmente, a tradicional sala 101 (a que figura no cartaz) não estará disponível. Nessa eventualidade, informaremos em tempo oportuno, quer aqui no blog, quer na faculdade, a sala onde passaremos o filme.

Alexander Nevsky




Após o regresso das cruzadas na Palestina, os cavaleiros germanos criam a Ordem Teutónica, para em conjunto com o Sacro Império e o Reino da Polónia evangelizar os lituanos e fazer guerra aos Ortodoxos Russos. Após vários sucessos iniciais pelos cruzados, os lituanos pagãos decidem aliar-se à emergente república de Novgorod liderada pelo príncipe Alexander Nevsky que na célebre Batalha do Gelo impõe uma tão pesada derrota aos Teutões que os freires sobreviventes decidem extinguir a ordem. É um ressumo um tanto grosseiro de uma Historia bem complexa, mas para sinopse desta obra de propaganda de Sergei Eisenstein parece-me mais do que adequada. Não supera o meu filme favorito dele Ivan IV, mas é bem capaz de figurar no meu top3 do realizador.

É bom estar de volta, abraço a todos
Também existe um remake, que deve ser um autêntico mimo de algum ridley scott russo

terça-feira, outubro 05, 2010

O Cineclube desde que me lembro

Quatro anos, 39 filmes.
Muitas horas de cinema e trabalho.
Muitos bons momentos.


2006/2007 - Segundo Semestre




The Wind That Shakes The Barley – Ken Loach
Seventh Seal – Ingmar Bergman
Fahrenheit 451 – François Truffaut
Down By Law – Jim Jarmusch
The Man Who Knew Too Much – Alfred Hitchcock
Reservoir Dogs – Quentin Tarantino


2007/2008 - Primeiro Semestre




Rumble Fish
– FF Coppola
Roma Citta Aperta – R Rosselini
Paths of Glory – S. Kubrick
Squid and the Whale – Noah Baumbach


2007/2008 - Segundo Semestre



Blade Runner – Ridley Scott
Repulsion – Roman Polanski
Pickpocket – Robert Bresson
Midnight Cowboy – John Schlesinger
The Graduate – Mike Nichols


2008/2009 - Primeiro Semestre




Love and Death
– Woody Allen
Los Olvidados – Luis Buñuel
Tales of Ugetsu – Kenji Mizoguchi
How Green Was My Valley – John Ford
Rushmore – Wes Anderson


2008/2009 - Segundo Semestre




Butch Cassidy and the Sundance Kid
– George Roy Hill
Brief Encounter – David Lean
Le Bal – Ettore Scola
La Chinoise – Jean-Luc Goddard
Easy Rider – Dennis Hopper


2008/2009 - Semana Chá com Cinema




La Haine
– Mathieu Kassovitz
Citizen Kane – Orson Welles
A Man For All Seasons – Fred Zinnemann
The Grapes of Wrath – John Ford


2009
/2010 - Primeiro Semestre



La Notte
– Michelangelo Antonioni
The Elephant Man – David Lynch
Aguirre, der Zorn Gottes – Werner Herzog
Cool Hand Luke – Stuart Rosenberg
Los Lunes Al Sol – Fernando Leon de Aranoa


2009
/2010 - Segundo Semestre



McCabe & Mrs. Miller – Robert Altman
Days of Being Wild – Wong Kar Wai
The Apartment – Billy Wilder
12 Angry Men – Sidney Lumet
Boyz n’ The Hood – John Singleton