quarta-feira, janeiro 23, 2008


O actor Heath Ledger, de 28 anos, foi hoje encontrado morto no seu apartamento do centro de Manhattan. O cadáver do actor foi encontrado às 15:26 (20:26 de Lisboa) e para já, suspeita-se que a causa da morte terá sido de overdose de comprimidos para dormir.

Nascido em Perth, na Austrália, a 4 de Abril de 1979, Heathcliff Andrew Ledger apostou desde cedo na representação, entrando em várias peças de teatro e séries australianas. O seu primeiro filme americano foi a comédia "10 Things I Hate About You", em 1999, com a qual atraiu imediatamente as atenções em Hollywood.
Entre os seus principais papéis destacam-se "The Patriot" (2000), "A Knight's Tale" (2001), "Monster's Ball" (2001), “The Four Feathers” (2002), “The Brothers Grimm” (2005), “Casanova” (2005), “Candy” (2006) e “I’m Not There”, no qual interpreta uma das facetas de Bob Dylan.

(Este último filme, a estrear entre nós a 6 de Março, e realizado por Todd Haynes, é uma biografia ficcionada sobre a vida e obra de Bob Dylan, num retrato com seis actores, entre os quais Heath Ledger, Christian Bale, Richard Gere, Marcus Carl Franklin, Ben Wishaw e Cate Blanchett. Cada um dá vida a um momento diferente da vida do músico, representando igualmente várias realidades que coexistiam na América: o país rural e conservador, do racismo e dos blues, do rock e dos hippies. Julianne Moore e Charlotte Gainsbourg completam o elenco. O filme estreou nos Estados Unidos no final do ano passado e tem captado a atenção da imprensa nos festivais de cinema por onde passou, sobretudo pelo desempenho de Blanchett, que foi distinguida no Festival de Veneza de 2007, venceu um Globo de Ouro, está nomeada para os prémios BAFTA e é uma das fortes candidatas a um Óscar.)


Contudo, o mais reconhecido trabalho de Heath Ledger foi sem dúvida "Brokeback Mountain”, com o qual obteve uma nomeação para os Óscares, em 2006. Neste filme, conheceu a mulher, a actriz Michelle Williams, com a qual teve uma filha, Matilda Rose. Embora controverso (e considerações sobre a qualidade do filme em si são neste momento irrelevantes) algo incontestável é a fabulosa interpretação de Heath, e a enorme importância e dimensão da história enquanto motor de reflexão social e mudança de mentalidades sobre a homossexualidade. Aliás, a americana "Gay and Lesbian Alliance Against Defamation” já veio lamentar a morte de Heath, acrescentando que o seu retrato de Ennis del Mar "changed hearts and minds in immeasurable ways."
Em pós-produção está o seu (sabemos agora) último filme, “The Dark Knight”, realizado por Christopher Nolan, sobre a história de Batman, e no qual interpreta o papel de “Joker”. Michael Caine, colega de trabalho, já havia dito à MTV que “Ledger’s interpretation is one of the scariest performances I've ever seen".

Reconhecido pelo público e pela crítica, elogiado pelos colegas e amado por outros tantos, é sempre triste ver partir uma estrela em ascensão, uma carreira tão promissora, e principalmente um actor com a qualidade, o carisma, a garra e a versatilidade que Heath vinha demonstrando possuir. Acima de tudo, é de lamentar a perda de um ser humano tão jovem e belo, que nos deixa de um modo e cujos motivos não conseguimos ainda compreender ou sequer imaginar possíveis. Em nome do Cineclube (se alguém não gostar particularmente dele, em nome pessoal), aqui fica a minha homenagem.

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