Crítica por: André Guerreiro
Tendo como móbil a vinda dos
Genesis a Portugal em 1975, em pleno PREC, Genesis Encore Cascais 75 retrata e
contextualiza toda uma geração de jovens, e de como a liberdade paulatinamente
se iria revelando através da cultura e do acesso a esta. Diga-se desde já, que
ser fã ou não de Genesis não interessa quase nada, interessando apenas, talvez,
para partilhar o entusiasmo com os entrevistados.
Ultrapassando o problema de não existirem
gravações video do concerto (apesar das gravações piratas de audio, que nos são
aleatoriamente apresentadas durante o filme) com bem humoradas entrevistas a
clássicos do mundo da música portuguesa e afins, tais como elementos dos Xutos
e Pontapés, aparecendo como representantes das suas personas adolescentes
relembrando todo o contexto em que se inseriu tal evento.
O ponto chave deste filme é obviamente a memória. A memória na sua
acepção mais lata, de efectivamente aquelas pessoas entrevistadas se lembrarem
perfeitamente de imensos pormenores do concerto e daquele dia, tendo
sobrevivido à inevitável erosão que a selecção de memória proporciona, mesmo à
mais bela recordação. Também é invocada (naquele epílogo algo desinteressante)
a memória na sua acepção mais nobre e histórica, relativamente à necessidade de
preservar a memória como se património de um povo se tratasse. Também, reforça
a necessidade de preservar não apenas as instituições mentais, mas também as
físicas e concretas, como o Dramático de Cascais, que albergou este e tantos
outros históricos concertos, estando prestes a ser demolido.
Quer tenhamos vivido tal época, quer não, é sempre importante nunca o
esquecer um passado recente, tão contextualizador é do presente e de todo o
eventual futuro. Portanto, importante se torna ver este filme e manter tais
eventos na memória colectiva.
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