domingo, dezembro 27, 2009
blasfémia!, dirão alguns
Perdoem-me os aficionados (nomeadamente um cá da casa, o Zé) pela desrespeitosa (e quiçá ignorante) discordância; como escreveu Pessoa: "Assim é a vida, mas eu não concordo".
nota solta:
Quando o Cineclube passou Aguirre, der Zorn Gottes, lembro-me de um amigo meu comentar que a cena final - onde Aguirre, sem nada nem ninguém, numa jangada condenada ao naufrágio num rio perdido da Perú, bradava aos céus que era o conquistador da América do Sul - trazia metaforicamente à memória (até pela personalidade de Werzog) os últimos momentos de um Hitler derreado, tentando o tudo por tudo pela manutenção do jugo nazi.
O mesmo me veio agora à memória com Al Pacino, na última cena de Scarface. Um Tony Montana sozinho, deprimido, psicótico e enterrado em coca; cercado por todos os lados, baleado aturadamente, sempre grita "YOU FUCKING MARICONS! YOU THINK YOU CAN TAKE ME? YOU NEED A FUCKING ARMY TO TAKE ME! I'M TONY MONTANA, YOU FUCK WITH ME, YOU FUCK WITH THE BETTER".
Claro, Tony: "The world is yours".
sábado, dezembro 26, 2009
sexta-feira, dezembro 18, 2009
"go ahead, you'll never ask for vanilla swirl again"*
* Da rubrica re:Discovery, por Andrew Mason, na revista Wax Poetics NOV/DEC 2009.
Cinema e convites para o fim-de-semana - Parabéns à Medeia!
A Medeia Filmes comemora 20 anos e vai festejá-los a 19 e 20 de Dezembro.
Com antestreias (UM PROFETA, de Jacques Audiard; O SÍTIO DAS COISAS SELVAGENS, de Spike Jonze; CINERAMA, de Inês Oliveira). Com a exibição de curtas metragens de jovens cineastas portugueses, premiadas em vários festivais (Rodrigo Areias, André Gil Mata, Rita Nunes, José Maria Vaz da Silva, Edgar Pêra e outros), ou da artista Joana Areal. Com a exibição de NOITES DE LUA CHEIA, de Eric Rohmer, assinalando o lançamento de um pack em dvd de 6 dos seus filmes dos anos 80, do ciclo “Comédias e Provérbios”. Com uma homenagem ao cineasta Joaquim Pinto. 2 dias a assinalar 20 anos. De diversidade cinematográfica. De descoberta de novas cinematografias e novos cineastas. De reposições de clássicos em cópias novas. De debate. Com bilhetes a 2 euros. De encontro com realizadores, actores e técnicos. No cinema Medeia Cidade do Porto e Teatro do Campo Alegre. Um fim-de-semana a não perder. Bilhetes já à venda.
Sábado, 19 de Dezembro
Cinema Medeia Teatro do Campo Alegre
18h30 > CURTAS DA CASA (DIA TRIUNFAL, de Rita Nunes; SEREIA e CARAVAGGIO, de José Maria Vaz da Silva; DORA, de Isabel Aboim; O SENSO DOS DESATINADOS, de Paulo Guilherme)
22h > NOITES DE LUA CHEIA, de Eric Rohmer
Domingo, 20 de Dezembro
Cinema Medeia Cidade do Porto
14h30 > CINERAMA, de Inês Oliveira (antestreia, com a presença da realizadora)
17h > O SÍTIO DAS COISAS SELVAGENS, de Spike Jonze (antestreia)
19h30 > ONDE BATE O SOL, de Joaquim Pinto (homenagem a Joaquim Pinto)
22h > UM PROFETA, de Jacques Audiard (antestreia)
Cinema Medeia Teatro do Campo Alegre
18h30 > CURTAS JOANA AREAL (13/14; DOMINGÃO)
22h > BANDO À SOLTA (CORRENTE, de Rodrigo Areias*; CRIME ABISMO AZUL REMORSO FÍSICO, de Edgar Pêra; ARCA D’ÁGUA, de André Gil Mata*, CIEL ÉTAINT, de F. J. Ossang *(com a presença dos realizadores)
O Cineclube FDUP tem para oferecer 10 convites duplos para a sessão "Bando à Solta", Domingo às 22h no Teatro do Campo Alegre. Enviem email para o habitual cineclubefdup@gmail.com, com o vosso nome e contacto telefónico!
quarta-feira, dezembro 16, 2009
5ª F - 18h - última sessão - às segundas ao sol
terça-feira, dezembro 15, 2009
o "Play Time" é um filme sobre o qual dá para escrever um ensaio mas como eu não tenho nem arte nem engenho para isso
domingo, dezembro 13, 2009
play time
Guardo estas duas fotografias há já nem sei quanto tempo no meu computador. Encontrei-as já nem sei bem como, nem o porquê ou o caminho que me levou até ela. O que sei ao certo é que me fascinaram desde o primeiro instante.
Quando as encontrei, e quando as soube pertencentes ao filme Play Time (1967), de Jacques Tati, formulei para mim um intenso desejo de o ver. Por falta de oportunidade, por esquecimento ou por coisa outra, a verdade é que já lá vão uns aninhos e nunca o vi.
Passado tanto tempo, soube que o Cine-Clube Escola das Artes da Universidade Católica (Pólo da Foz), vai passar o filme na próxima segunda-feira, dia 14, pelas 21h. Não sei se é bom, muito bom ou muito mau (só vi um filme de Tati - "Há festa na Aldeia" no hoje desaparecido Nun'Álvares, teria eu uns 10 ou 11 petizes anos - do qual guardo excelentes recordações!)... mas estão todos convidados! :)
sábado, dezembro 12, 2009
quarta-feira, dezembro 09, 2009
Para os (poucos) que não vão ao Jantar de Natal da FDUP...
Debate sobre o novo filme de Michael Moore:
Amanhã, quinta-feira, 10 de Dezembro , na sessão das 21h30
Cinemas Medeia Cidade do Porto
Jorge Campos (documentarista e professor do curso de Artes da Imagem, da ESMAE);
Fernando dos Santos Neves (reitor da Universidade Lusófona do Porto; professor de Ciências Políticas)
A Medeia Filmes tem, ao longo dos anos, trazido a debate muitos dos filmes que exibe, participando de forma activa no espaço público em que se insere o trabalho que vem desenvolvendo. Nesse sentido, organizou um debate em torno do último filme de Michael Moore, em exibição no cinema Medeia Cidade do Porto, CAPITALISMO: UMA HISTÓRIA DE AMOR, em que o cineasta aborda as origens e consequências da actual crise financeira mundial. Polémico, irreverente, desafiador, e actual, o cinema de Moore tem vindo a afirmar-se ao longo de duas décadas, tendo recebido muitos e prestigiados prémios e obtido grande sucesso junto do público.
CAPITALISMO: UMA HISTÓRIA DE AMOR / CAPITALISM: A LOVE STORY >Michael Moore
Festival de Veneza > Selecção Oficial em Competição
“Capitalismo: Uma História de Amor” é, vinte anos depois, o “fecho do círculo” iniciado com “Roger e Eu”. […] é o filme de alguém que admitiu que a América em que vive já não é (ou talvez nunca tenha sido) a América em que julgava viver, e que compreende que ao mesmo tempo, a força e a limitação do que a sua câmara pode fazer. E aí, ganha-se como, provavelmente, o mais sincero dos filmes de Moore – e, provavelmente, o mais interessante.
Jorge Mourinha, Público
Moore denuncia que o sistema faliu […,] exibe as ilegalidades e afrontas das grandes empresas, da banca, e dos especuladores financeiros.
Manuel Halpern, JL
Se ainda não viu “Capitalismo, Uma História de Amor” de Michael Moore, vá ver. Pode não simpatizar com o homem, mas fica logo a perceber os casos BPN e BPP.
Eduardo Pitta, blog Da Literatura
www.capitalismalovestory.com
sexta-feira, dezembro 04, 2009
a provar
É evidente que prová-lo não é tarefa fácil e nem tudo corre bem - é quando o filme não consegue ser criativo na reelaboração de clichês associados à vida mundana de uma cidade cosmopolita, aos encontros fortuitos geradores de emoções fortíssimas, aos diálogos adolescentes entre pessoas adultas, àquele teasing cheio de pinta entre homens e mulheres ainda com mais pinta.
Mas quando o consegue, o filme atinge picos deliciosos.
E depois é uma cambada de actores e actrizes cada um melhor que o outro. Deles destaco a prestação de Shia LaBeouf (onde quer que tenha ido buscar aquele passo canhestro, foi buscá-lo muito bem), Hayden Christensen, Ethan Hawke, Chris Cooper, Julie Christie, Eli Wallach e Uguer Yecel. E entretanto, enquanto vou apontado os nomes e revendo o filme na cabeça, começo a duvidar se esta minha avaliação não tem tanto em conta as interpretações quanto as cenas em si em que elas se revelam... (e isto acaba por reflectir um pouco o que foi dito no segundo parágrafo).
Um dos "takes" que mais gostei, filmado por Shekhar Kapur, creio (ah, pois, esqueci-me de mencionar o facto do filme, ou dos filmes, serem realizados por pessoas diferentes - como o inevitável IMBD nos mostra). Na imagem, Julie Christie e Shia LaBeouf em cena sublime.
quarta-feira, dezembro 02, 2009
sábado, novembro 28, 2009
days of being wild
Infelizmente, não consegui encontrar nenhuma cena de Days of Being Wild (1990, de Kar Wai Wong) com legendas em inglês.
No diálogo acima, e num outro que a ele se segue, York interpela enigmaticamente Li-zhen (que não o conhece de parte alguma), pedindo-lhe para que nunca se esqueça daquele dia e daquela hora - 16 de Abril de 1960, um minuto para as 15h. Ou, como o IMDB me fez questão de facilitar a tarefa:
Yuddy: What day's today?
Su Lizhen: 16th.
Yuddy: 16th... April the 16th. At one minute before 3pm on April the 16th, 1960, you're together with me. Because of you, I'll remember that one minute. From now on, we're friends for one minute. This is a fact, you can't deny. It's done.
Gostei mesmo muito deste filme, que me foi emprestado por um cineclubista da FEP - depois de me ter fascinado com Chungking Express (1994), do mesmo Kar Wai Wong - e a quem agradeço a partilha!
Days of Being Wild supera, na minha opinião, Chungking Express, e isto tendo em conta os incontornáveis pontos de contacto (mais numerosos que os de contraste, arrisco sem grande risco) entre os dois filmes.
As teias dos nebulosos relacionamentos humanos - muito mais próximas do que se pensam -, a fugacidade dos mesmos e a dor da perda a ela associada, tudo isto é filmado por Kar Wai Wong de uma forma bela, contemplativa, sem no entanto nos deprimir ou angustiar como se não houvesse amanhã.
A propósito disto, lembrei-me de um artigo no ípsilon sobre a exposição de Tim Burton no MoMa:
"(...) Burton nunca transpõe a linha do terror. Ele quer-nos impressionar, provocar e desafiar, mas não nos quer aterrorizar. Os seus monstros maravilham-nos, não nos metem medo. (...) Há energia e destruição, mas também ternura e sedução".
Quer em Days of Being Wild, quer em Chungking Express, Kar Wai Wong faz também isto mesmo: não transpõe a linha da solidão, do amor ou da perda. "Impressiona-nos", "maravilha-nos", faz-nos pensar; mas não nos atira no escuro nem nos tritura a alma.
nota: Tal como em Chungking Expres, encontramos também neste filme uma banda-sonora muito bonita.
quarta-feira, novembro 25, 2009
quinta-feira, novembro 19, 2009
sábado, novembro 14, 2009
Oferta de Convites - Casa da Música
Vem com o Cineclube assistir a este filme/concerto único na Casa da Música!
Temos 15 convites para oferecer - serão atribuídos aos primeiros 15 a enviar email para cineclubefdup@gmail.com, intitulado "Metropolis", com indicação de nome e número de telefone. A entrega dos mesmos será feita no fim da sessão do Cineclube de dia 19 de Novembro, sendo portanto um requisito a presença no filme, e a limitação a um bilhete por pessoa!
O espectáculo terá lugar na Sala Suggia, dia 24 de Novembro às 19h30. O preço dos bilhetes, para menores de 25 anos, é de 8€. Portanto, aproveita rapidamente esta oferta exclusiva!
Os nossos agradecimentos à Casa da Música - para mais detalhes, consultar www.casadamusica.pt.
quinta-feira, novembro 12, 2009
Oferta de convites!
quarta-feira, novembro 11, 2009
parênteses
nota: Tentei encontrar esse momento sob a forma de "clip". Mas parece que o youtube foi saqueado. Nada de preocupante, ou não houvesse já uma equipa de intervenção constituída para solucionar o problema - "a team of highly trained monkeys has been dispatched to deal with this situation". Maroto, este "500 Internal Server Error".
que cometa
Um quadro de fantasia carregado de metáforas intemporais. A arte no pincel é de Miyazaki, de quem não conhecia nada até ontem.
Vontade de saber mais, pois claro.
[A imagem que queria mesmo aqui deixar era qualquer uma que documentasse os jardins de Laputa, onde se encontra a sepultura e onde jazem todos os outros seres mortos (ainda que a natureza jamais os deixe de abraçar). Infelizmente não a encontrei em lugar algum.]
terça-feira, novembro 10, 2009
pormaiores
Pois bem, eu sempre que visito este blog não deixo de o ler, reler e treler. E aprecio inclusivamente essa aura semi-oculta que o rodeia. Do dito rectângulozinho ressalta, desde a primeira vez que o mirei, um aspecto - o título. "O Cinema. A Palavra.": assim se guarda, a cinza, um cantinho deste blog para esse cruzamento, tão profundo quanto natural.
E deste gostinho especial (e é a quarta vez neste apontamento que acabo uma palavra em "inho") retiro o pretexto para este post.
O filme é o Una giornata particolare (1977, de Ettore Scola - realizador, entre outros, do Le Bal, já passado pelo Cineclube) e as palavras são de Don Delillo, no livro Os Nomes. O cruzamento será porventura mais nítido para quem viu o filme, ainda que não tenha lido o livro.
segunda-feira, novembro 09, 2009
Movimento pelo Cineclube do Porto
ASSINE O NOSSO MANIFESTO.
Obrigado.
movimentocineclubedoporto.blogspot.com
sábado, novembro 07, 2009
Sessão 3 - Aguirre, der Zorn Gottes
quarta-feira, novembro 04, 2009
segunda-feira, novembro 02, 2009
5/11/09 - Aguirre, der Zorn Gottes, Werner Herzog
sábado, outubro 31, 2009
sexta-feira, outubro 30, 2009
quinta-feira, outubro 29, 2009
quarta-feira, outubro 28, 2009
terça-feira, outubro 27, 2009
segunda-feira, outubro 26, 2009
sábado, outubro 24, 2009
Fantastic Mr. Fox
Supostamente filmada em spot-motion, a nova aventura de Wes Anderson é ansiosamente esperada.
Com um elenco de luxo, e usando técnicas raras em Hollywood, Fantastic Mr. Fox promete inovar o já inovador cinema de animação.
Ainda sem data de estreia em Portugal, eu cá o espero.
quinta-feira, outubro 22, 2009
Sessão 2 - The Elephant Man
O Cineclube voltou a abrir as portas, e de novo a sessão foi um sucesso.
Apesar dos inúmeros problemas que à ultima hora surgiram, 40 espectadores puderam assistir ao filme de David Lynch, The Elephant Man, bem como à boa apresentação que o precedeu, por parte de João Raimundo, aluno da casa.
Um sucesso.
quarta-feira, outubro 21, 2009
terça-feira, outubro 20, 2009
sexta-feira, outubro 16, 2009
momentos bonitos dentro de um momento ainda mais bonito chamado "Chungking Express"
Chungking Express (ou Chung Hing sam Iam, no original) é um filme de Kar Wai Wong (de quem nunca tinha visto nada até à data) de 1994. Não me alongo muito sobre o filme porque o propósito deste apontamento não é esse, mas tão-só o de fixar estes pedaços extraodinários de luz e cor, e a que se juntam, para quem viu o filme, a melancolia e a vivência errática de pessoas insatisfeitas (cada uma à sua maneira, ou não o somos todos?) numa Hong Kong mundana que podia ser Nova Yorque, Lisboa, Rio de Janeiro ou Moscovo.
Uma vez mais, os meus parabéns pela escolha ao Cineclube da FEP, que o passou na passada terça-feira.
nota primeira: Havia uma fotografia, em especial, que queria deixar aqui, mas não a encontro. É quando a hospedeira de bordo está deitada na cama de olhos fechados descansando depois do êxtase e o "segundo" polícia (o "polícia 663") descreve círculos com o avião por cima da sua cabeça. Até que a certa altura o avião aterra languidamente sobre o ombro da mulher e a câmara se foca, na lateral, sobre o seu rosto. Não há palavras neste mundo que descrevam esse momento...
nota segunda: A banda sonora é, também ela, extraordinária.
terça-feira, outubro 06, 2009
assim é o cineclube da FEP
O filme, esse, era o Dr. Strangelove (Kubrick, 1964), que muitas risadas me arrancou.
Saímos de lá a ouvir Vera Lunn a cantar "We'll meet again" com a certeza de que a senhora tinha razão... E é já na próxima terça!
Obrigado e votos de sucesso! :)
Mais um: sejam bem vindos!
"Cinema é Engenharia! Não é um slogan, é a realidade.
Ao longo dos tempos, milhares e milhares de engenheiros tornaram possível esta arte que hoje tanto admiramos... Mas cinema não é só engenharia, cinema é arte, cinema é cultura, e é nosso dever saber o resultado final das nossas criações.
Assim, apresentamos-te o CineFEUP, um projecto do Departamento Cultural da AEFEUP que te trará, quinzenalmente, uma obra do cinema que deixou a sua marca na história.
Porque é o inicio do ano lectivo e a tendência depressiva aumenta 500%, vamos começar por apresentar-te um ciclo de COMÉDIA composto por 3 das melhores pérolas desse oceano!
Portanto, dia 6 DE OUTUBRO, TERÇA-FEIRA, às 21HORAS, passa na sala B003 da FEUP e prepara-te pra desfrutar do filme que inspirou grande parte dos comediantes da actualidade:
MONTY PYTHON E O CÁLICE SAGRADO
A entrada é GRATUITA e aberta a todos os estudantes da Academia do Porto, por isso, traz a companhia dos teus amigos para disfrutar deste filme que, com toda a certeza adorarás conhecer, ou simplesmente rever"
sexta-feira, outubro 02, 2009
a música e a noite
"Terá este casal uma segunda oportunidade? Pois bem, isso será desvendado justamente pela noite, momento onde Antonioni tão bem ilustra o contraste que esta pode sugerir: de um lado a animação, a magia e a sexualidade; do outro lado a solidão, a melancolia e a falta de respostas para as nossas inquietações mais profundas".
Descrevi (ou tentei descrever) o que Antonioni filma neste pedaço sublime (e que é completado com a festa em casa de Valentina).
Bom cinema em Economia
quinta-feira, outubro 01, 2009
"La Notte" - crítica
CINECLUBE FDUP 1/10/2009
La Notte (1961), de Michelangelo Antonioni
Por: Francisco Noronha
G: Sei o que escrever, mas não como. Estou em crise.
V: És um homem fraco. Eu gosto de festas, (…).
G: Não gostas de mais nada?
V: Sim, de tudo.
Talvez não seja habitual (ou mesmo conveniente…) começar um apontamento cinematográfico referindo um excerto daquelas sinopses que acompanham a contra-capa de uma caixa de um filme. Pois bem, seja-me permitida a audácia:
“Uma análise fria de sentimentos mistos num mundo de tensão crescente entre pessoas ao mesmo tempo tristes e felizes e o modo como convivem entre si”.
A audácia não é gratuita ou despicienda, claro. A citação acima sintetiza, de facto, o que Antonioni transporta de humano para o cinema com La Notte: pessoas emocionalmente intermitentes e seu relacionamento. A expressão “ao mesmo tempo” é muito importante: em toda a fita, o olhar de Antonioni incide sobre essa convivência contemporânea problemática mas, simultaneamente, tão natural. Para o caso, tão insuportavelmente natural.
Marcello Mastroiani (um ano depois de La Dolce Vita, diga-se por curiosidade) e Jeanne Moreau interpretam um casal cinzento em crise, (sobre) vivendo numa Milão também ela cinzenta. Uma Milão arquitectonicamente modelada por fachadas gigantescas que acentuam a pequenez e fragilidade das personagens – dos vários planos em que esta ideia nos é transmitida, há um, especialmente preciso, em que Lidia (Jeanne Moreau) é filmada num plano picado junto a um enorme frontão cuja alvura como que a ofusca. A isto se junta um tratamento de imagem cuja coloração (preto e branco) é particularmente arguta no que de deprimente e abafado imprime às personagens e aos espaços físicos em que elas se movem.
Voltando ao casal: é em torno dele que gira a história de La Notte. Afinal de contas, uma história bem simples: um dia (ou um pouco mais do que isso…) na vida de um casal em fim de linha. Será (só) isto? Bem, para já, será. Acompanhamos então Giovanni, escritor afamado, e Lidia, sua esposa e mulher de espírito, mais do que perturbado, perturbante. Ao longo do dia acompanharemos as suas deambulações, intercaladas com uma incursão solitária de Lídia pelas ruas de Milão. É especialmente nesta incursão, e nas diferentes situações que esta “fotografa”, que nos deixamos levar pela angústia de Lidia – seja com a criança que chora, o relógio estilhaçado, a cena de violência ou, mais libertador, o lançamento dos foguetes. Em todas elas, contudo, um traço é dominante: o rápido desapego de Lídia a tudo o que assiste ou conhece, motivado por um desespero interior de base.
Terá este casal uma segunda oportunidade? Pois bem, isso será desvendado justamente pela noite, momento onde Antonioni tão bem ilustra o contraste que esta pode sugerir: de um lado a animação, a magia e a sexualidade; do outro lado a solidão, a melancolia e a falta de respostas para as nossas inquietações mais profundas. E é então, à noite, no fausto de uma festa da burguesia italiana, que Giovanni e Lidia, cada um com o seu flirt de ocasião (bem mais interessante o de Giovanni), irão colocar à prova a sua relação (e a relação com a sua própria consciência). Não arriscarei muito se disser que não é a despropósito que a Mulher sai daqui um pouco santificada…
A noite dá lugar ao dia. E nessa transição há um momento fundamental para este casal e para o filme no conjunto: a madrugada. Momento híbrido mas redentor; obscuro mas apaziguador. Parece ser esta mesma madrugada – também pela longa paisagem verde – que Antonioni vai repescar cinco anos mais tarde em Blow-Up.
Urso de Ouro em Berlim (1961) e muito jazz (cortesia de Giorgio Gaslini) são outros factores que abrilhantam este La Notte, considerado por muitos como elemento central de uma trilogia completada por L’avventura (1960) e L’eclisse (1962) ou também como leitmotiv inspirador do monumental Eyes Wide Shut (Kubrick, 1999).
terça-feira, setembro 29, 2009
La Notte - Antonioni - 5 ªF - 1/10/2009 - 18h - entrada gratuita
Esta 5ª - feira inicia o cineclube FDUP mais um ciclo de sessões. O cartaz desta sessão, já afixado em cinco diferentes pontos, omite um ponto revelado no cartaz geral. A sessão é as 18h e a entrada é gratuita (sem cartões nem complicações). O convite está lançado: Aparece, Apareça, Apareçam :)
Cineclube - 1º semestre 09/10
La Notte - Michelangelo Antonioni
22/10/09
The Elephant Man - David Lynch
05/11/09
Aguirre, der Zorn Gottes - Werner Herzog
19/11/09
Cool Hand Luke - Stuart Rosenberg
03/12/09
Los Lunes al Sol - Fernando León de Aranoa
Aparece.
A entrada é gratuita.
sábado, setembro 26, 2009
The 36th Chamber of Shaolin (1978)
Nunca me canso de ver este filme, por mais que o reveja é como se fosse sempre a primeira vez … Um clássico
quinta-feira, setembro 24, 2009
Samora-FanClub - Rogério Samora em "O Delfim"
O vídeo que me chamou a atenção para o Samora-Fanclub
P.S. – Se alguém tiver em casa, ou tiver acesso ao filme “ O Delfim” ou “ A Balada da praia dos cães “, faria de mim uma pessoa muito feliz, pois há já bastante tempo que os procuro para ver e simplesmente não consigo encontrar.
terça-feira, setembro 22, 2009
Porquê
segunda-feira, setembro 14, 2009
domingo, setembro 13, 2009
First Blood (1982)
sexta-feira, setembro 11, 2009
09/2010
Assim, divido em dois grupos os filmes sobre que de seguida escrevo: aqueles que todos irão ver, e aqueles que nem sequer nos vamos aperceber que por aqui passaram (porque, muitas vezes, de facto não passaram).
Aqueles que todos irão ver:
Avatar - James Cameron
De novo vos falo de Avatar, mas acreditem que compreensivelmente. Muitos são os que o vaticinam como a primeira grande aventura gráfica do novo século. Um "choque térmico" como foi Titanic, há 12 anos, também de James Cameron, que desde então tem-se mantido fora das luzes da ribalta, preparando um (este) regresso em alta.
Uma história de ficção-cientifica de que pouco se sabe ainda (ou sou eu que me tenho mantido bem resguardado). Promete, acredito.
District 9 - Neill Blomkamp
Outro repetido, mas se há meses tivesse dividido os filmes em dois grupos, este decerto ficaria no grupo d'aqueles que nem sequer nos vamos aperceber que por aqui passaram.
É a surpresa do ano, sem duvida. Do estreante Neill Blomkamp, uma aventura na terra, mas pouco terrestre.
The Informant! - Steven Soderbergh
Aborda a problemática da fraudulenta gestão de multinacionais, bem como o submundo do mundo dos negócios, tudo num registo humorístico algo negro. Com um Matt Damon que dizem surpreendente, um filme decerto interessante.
The Man who Stare at Goats - Grant Heslov
Uma fusão de ficção-cientifica, acção e comédia, com um elenco de luxo, encabeçado por George Clooney e Ewan McGregor.
Nine - Rob Marshall
Depois de Chicago (2002), outro musical de Rob Marshall destinado ao sucesso.
Também recheado de estrelas, e com a presença do misterioso e bastante selectivo Daniel Day-Lewis, é um filme que decerto fará as delicias de muitos.
Não aprecio o género, mas parece-me que daqui sairá uma boa produção.
The Lovely Bones - Peter Jackson
Admito que andei indeciso sobre em que grupo deveria colocar este filme. Mas no fim a escolha pareceu-me obvia. Peter Jackson é Peter Jackson. Peter Jackson é detentor de inumeros recordes no mundo cinematográfico, e vale milhões. Peter Jackson é o realizador da trilogia do Senhor dos Aneis, e um dos mais recentes produtores de sucesso em Hollywood.
De novo nos traz uma história fantástica, mas desta festa envolta em crime e suspense. Decerto surpreendente.
Aqueles que nem sequer nos vamos aperceber que por aqui passaram:
Where the Wild Things Are - Spike Jonze
Do visionário realizador de culto de inumeros videoclips das ultimas décadas, este filme é outro dos repetentes do meu post de há meses.
Uma adaptação ao cinema da obra de Maurice Sendak que promete encher o ecran de cenas fantásticas e comoventes. Um filme para a familia, que decerto no fim se descobrirá ser bem mais que isso.
The Imaginarium of Doctor Parnassus - Terry Gilliam
Aquele que para sempre ficará conhecido como o ultimo filme de Heath Ledger. Com o projecto ameaçado pela subita morte do actor, o realizador teve a brilhante ideia (que decerto acabará por levar o filme bem mais longe do que de inicio se esperaria) de fazer Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell filmarem as cenas que faltavam a Heath Ledger, ajustando o argumento a tal "aventura".
The Invention of Lying - Ricky Gervais e Matthew Robinson
De Ricky Gervais e com Ricky Gervais (o criador da série de sucesso, The Office), este filme decerto não deveria passar despercebido do grande publico.
Antichrist - Lars von Trier
Nomeado para a Palma de Ouro em Cannes, este filme gerou reacções bem distintas durante o certame. Violento e chocante, um filme a ver se se tiver estomago.
Gentlemen Broncos - Jared Hess
Uma aventura pelo mundo da comédia, com a participação de Jermaine Clement, meia-parte dos Flight of the Conchords.
Fantastic Mr. Fox - Wes Anderson
A primeira incursão pelo mundo digital do irrepreensivel Wes Anderson. Com um elenco de luxo, algo me fez coloca-lo neste segundo grupo. Não é por mal, adoro os seus filmes, mas não sei porquê acabam sempre por passar bem despercebidos do grande público.
The Girlfriend Experience - Steven Soderbergh
Cheira-me que é de facto uma experiência. Steven Sodenberg pegou numa bela actriz pornográfica, Sasha Grey, e fez dela uma actriz de cinema "normal". Dizem que a receita não ficou famosa, mas ainda assim surge em mim grande curiosidade. O argumento também não parece mau. Vou fazer por ver, sem duvida.
terça-feira, setembro 08, 2009
Inglorious Bastards - ainda a loucura,
A actriz chama-se Mélanie Laurent. Quando a vi, no filme de Tarantino, assomou-me imediatamente a certeza de que já tinha visto aquele encanto em qualquer lado. Como não sou actor de cinema nem frequento o meio - é pena, para o caso - tive que me mentalizar abatidamente que só a podia ter visto num outro filme.... Cruel, mas é assim a vida.
Hoje descobri que foi em Paris (2008), de Cédric Klapisch, que pela primeira vez me cruzei com tão desarmante charme e delicadeza. E fogo, também...
em Inglorious Bastards.
em Paris.
Ah, também é boa actriz. A sério. :)
segunda-feira, setembro 07, 2009
a loucura por detrás da loucura
É preciso muita loucura para realizar um filme da forma como Inglorious Bastards foi realizado. Quem o realizou?
Mas, por debaixo da ponta do iceberg, há mais: é preciso uma loucura ainda mais desconcertante para escrever o argumento de um filme como Inglorious Bastard. Quem o escreveu?
Pois. É insanidade a dobrar. E brilhantismo. Muito.
E este é, mesmo que não pareça à primeira vista ao leitor, o maior tributo que posso fazer ao homem.
Curvo-me.