Aparece, e de novo escusas de trazer o revolver.
Traz um amigo ou dois.
segunda-feira, março 30, 2009
sexta-feira, março 27, 2009
M, por André Silva
“Who are you...all of you?...Criminals! Perhaps you're even proud of being able to break safes, to climb into buildings or cheat at cards...Things you could just as well keep your fingers off...But I...I can't help myself! I haven't any control over this evil thing that's inside me – the fire, the voices, the torment...I want to escape...but it's impossible.”
Hans Beckert
Alguém mata consequentemente crianças numa cidade alemã, sem que o criminoso seja encontrado pela polícia. Esta é a história que nos conta o realizador alemão Fritz Lang no filme “M” de 1931. Escrito pelo próprio Lang e pela sua mulher, The von Harbou, “M” é o primeiro filme sonoro alemão, apesar de já ter realizado diversos filmes anteriormente. Considerado como um drama-thriller, tornou-se num clássico do cinema, e das melhores obras de Lang. Importante obra durante a época da ascensão do Partido Nazi alemão, por fazer uma alusão à autoridade estadual e à necessidade de punição dos criminosos.
Supostamente baseado na vida real, no caso do serial killer Peter Kürten, o “ Vampiro de Düsseldorf ”, autor de vários crimes na década de 1920, não muito tempo antes deste filme ter sido realizado. Um fantástico filme noir alemão, onde não faltam diversos elementos que compõe o estilo noir: uma cidade escura com ruas desertas, ambientes instáveis, cânticos negros como por exemplo sobre o famoso “Bogeymen” e sobre assassinos, as patológicas paranóicas dos indivíduos e o clássico fatalismo a que estas obras nos habituaram. Através do contraste da iluminação, dos efeitos fortes, e dos grandes ângulos, Lang consegue sugerir-nos uma presença espiritual maléfica que paira sobre a cidade, e nos traduz uma sensação de perdição dos seus habitantes. “M” é mais do que uma paisagem sobre uma mente humana desequilibrada. Com o seu clima de terror palpável e a sua directa ligação à mentalidade da máfia alemã, esta obra desenha com uma assustadora precisão, os escuros contornos da sociedade nazi. Há um constante paralelismo entre a polícia e o submundo da máfia, e a forma como eles funcionam e se organizam. Típico de Fritz Lang, o filme vê a polícia e os criminosos de uma forma quase indistinguível.
Não há qualquer violência na tela, mas o sentimento de ameaça é insuportavelmente intenso e persegue o espectador durante todo o filme, especialmente quando o assassino assobia uma melodia musical ameaçadora. O filme contém duas sequências constantes; por um lado uma escala de diálogos, e por outro lado espaços de música e efeitos sonoros. Lang utilizou o som como se fosse um outro elemento visual, editando-o livremente. Inicialmente, o criminoso não é mostrado ao espectador, fazendo com que cada pessoa individual crie os detalhes e características do assassino, de acordo com a sua própria imaginação e criatividade. Destaque para o cativante desempenho de Peter Lorre, que interpreta o assassino Hans Beckert.
“M” é um dos filmes mais conhecidos de realizador Fritz Lang, e provavelmente a sua maior obra cinematográfica. Praticamente inventando o psicopata serial killer típico do cinema, “M” esteve bem à frente do seu tempo, tanto em termos de estilo como em termos de história, ao passar uma mensagem de protecção familiar ás mães daquela época. Visivelmente impressionado com os registos deste realizador, sem dúvida.
autor: André Silva
quarta-feira, março 25, 2009
Watchmen
segunda-feira, março 23, 2009
Un Perro Andaluz, por André Silva
“Un Perro Andaluz” é uma curta-metragem muda de 17 minutos, escrita, produzida e dirigida por Luís Buñuel em 1929, com a colaboração de Salvador Dali. Considerado como o primeiro filme surrealista do cinema, “Un perro andaluz” teve como principal objectivo provocar um impacto moral no espectador, através de imagens agressivas. Remete constantemente ao sonho e à loucura, tanto nas imagens produzidas, como na não utilização de uma sequencia cronológica. Socialmente simbólica e vanguardista, esta obra é considerada como uma das mais famosas da história do cinema. A utilização de temas como a violência, a brutalidade e a sexualidade fizeram aumentar a polémica deste primeiro filme do realizador, precisamente devido à contrariedade à normalidade dos típicos filmes mudos da época. As ideias de Buñuel e Dali chocaram o público europeu ao romper com as formalidades cinematográficas do tempo, o tradicionalismo e o conservadorismo a que o período estava habituado. Servindo-se de imagens que oscilam entre o erótico, o assustador, o engraçado, o estranho, e o simbólico, “Un Perro Andaluz” foi escrito em apenas uma semana, seguindo apenas uma regra muito simples, a de não aceitar ideias ou imagens que pudessem dar lugar a uma explicação racional, psicológica ou cultural. Para sempre imortalizada no cinema a imagem do corte do olho com uma navalha, esta obra nasceu da convergência dos sonhos de Buñuel e Dali. Obra de arte e do ensaio cinematográfico, “Un Perro Andaluz” é um filme de culto único, resultado da extraordinária imaginação de dois jovens na altura, Luís Buñuel com 29 anos e Dali com 25 anos, portadores de um singular talento. Por ultimo, como nos disse o jovem realizador Luís Buñuel: “Opino que una película, salvo que sirva sólo para pasar el rato, siempre debe defender y comunicar indirectamente la idea de que vivimos en un mundo brutal, hipòcrita e injusto. Y exactamente eso es lo que no suele hacer el cine”. Sem duvida uma obra muito interessante, recheada de misticismo e imaginação, que nos faz alargar os limites da própria criatividade humana.
autor: André Silva
quinta-feira, março 19, 2009
sugestões de leitores
Há algum tempo que iniciei uma viagem pela obra de Pedro Almodóvar. Fiquei simplesmente fascinado com o surpreendente trabalho deste realizador. A forma humana e real como nos é transmitida a sociedade actual é simplesmente fantástica. Pedro Almodóvar consegue desenvolver o conceito de ser humano, transformando-o numa série de importantes relações de sociabilização e sentimentalismos necessários à própria convivência humana. È esta natural capacidade do cineasta em traduzir a vida quotidiana em situações pessoais e intimas do próprio espectador, que me fascinou particularmente. Por motivos de conveniência não apresentarei mais criticas sobre trabalhos de Pedro Almodóvar, passando a participar com outras pseudo-criticas num diferente sentido e rumo cinematográfico. Porém apraz-me por ultimo sugerir duas obras também muito boas do autor: “Carne trémula” (1997) e “La mala educación” (2004). Registos diferentes e que abordam temáticas diferentes, mas com a humanidade e naturalidade a que o realizador nos habituou.
autor: André Silva
autor: André Silva
Todo sobre mi madre, por André Silva
Arrepiante é a palavra que encontro para descrever o trabalho do realizador Pedro Almodóvar. Neste minha demanda a ver algumas obras do cineasta espanhol, tenho sido invadido sempre pelo mesmo sentimento: uma simples e humana sensação de tristeza. Não só pelas histórias dramáticas que nos são apresentadas, mas também pela descomplexa forma como é traduzida a realidade social. Hoje apresento “Todo sobre mi madre”, produzido em 1999. Apesar de drama, encontramos rasgados traços de uma comédia leve e descomprometida, contributo do excelente desempenho das personagens femininas como Cicilia Roth, Marisa Paredes, Penélope Cruz e Antónia San.
Manuela, interpretada por Cicilia Roth, é uma enfermeira que mora sozinha com o filho, que acaba de festejar o seu 17º aniversário. No dia do aniversário, os dois vão assistir a um espectáculo de teatro, trazendo à memória do rapaz o objectivo de encontrar e conhecer o seu pai. Porém, a vida acaba para o filho de Manuela, consequência de um atropelamento mortal. Disposta a reencontrar o pai do rapaz e revelar-lhe toda a verdade, Manuela deixa o emprego e parte para Barcelona. A personagem acaba tornando-se o núcleo da história que dará um novo sentido à sua vida, enquanto que a sua ajuda e influência acabam por mudar o rumo das vidas das pessoas que a rodeiam.
Vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro e Palma de Ouro de Melhor Director no Festival de Cannes de 1999, “Tudo sobre minha Mãe” é uma obra por vezes bizarra, tocante, chocante, mas muito interessante. Mergulhar no universo de Pedro Almodóvar parece significar entrar na própria realidade da sociedade contemporânea, conhecendo muitos dos problemas e limites à condição humana. Exibe-nos a história de várias actrizes que vivem constantemente numa situação de dupla representação, no palco e na vida real, sujeitas a simular e dissimular sentidos para viver e sobreviver.
O nome original do filme é uma homenagem de Pedro Almodóvar ao filme All About Eve (em português, A Malvada), do realizador Joseph L. Mankiewicz, de 1950. Relembro uma frase dita pela personagem Agrado que me ficou na cabeça: “Uma pessoa é tanto mais autentica quanto mais se parece com aquilo que sempre sonhou para si mesma".
“Todo Sobre Mi Madre” tem o invulgar atributo de nos desvendar situações aparentemente surreais, que estão indiscriminadamente mais presentes na nossa vida do que aquilo que imaginamos.
autor: André Silva
Manuela, interpretada por Cicilia Roth, é uma enfermeira que mora sozinha com o filho, que acaba de festejar o seu 17º aniversário. No dia do aniversário, os dois vão assistir a um espectáculo de teatro, trazendo à memória do rapaz o objectivo de encontrar e conhecer o seu pai. Porém, a vida acaba para o filho de Manuela, consequência de um atropelamento mortal. Disposta a reencontrar o pai do rapaz e revelar-lhe toda a verdade, Manuela deixa o emprego e parte para Barcelona. A personagem acaba tornando-se o núcleo da história que dará um novo sentido à sua vida, enquanto que a sua ajuda e influência acabam por mudar o rumo das vidas das pessoas que a rodeiam.
Vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro e Palma de Ouro de Melhor Director no Festival de Cannes de 1999, “Tudo sobre minha Mãe” é uma obra por vezes bizarra, tocante, chocante, mas muito interessante. Mergulhar no universo de Pedro Almodóvar parece significar entrar na própria realidade da sociedade contemporânea, conhecendo muitos dos problemas e limites à condição humana. Exibe-nos a história de várias actrizes que vivem constantemente numa situação de dupla representação, no palco e na vida real, sujeitas a simular e dissimular sentidos para viver e sobreviver.
O nome original do filme é uma homenagem de Pedro Almodóvar ao filme All About Eve (em português, A Malvada), do realizador Joseph L. Mankiewicz, de 1950. Relembro uma frase dita pela personagem Agrado que me ficou na cabeça: “Uma pessoa é tanto mais autentica quanto mais se parece com aquilo que sempre sonhou para si mesma".
“Todo Sobre Mi Madre” tem o invulgar atributo de nos desvendar situações aparentemente surreais, que estão indiscriminadamente mais presentes na nossa vida do que aquilo que imaginamos.
autor: André Silva
terça-feira, março 17, 2009
Brief Encounter - Crítica
Uma estação de comboios no norte de Inglaterra. Um comboio, movido a vapor, parece passar mesmo em frente ao espectador; momentos depois, outro atravessa a plataforma na direcção contrária. Nenhum teve tempo de parar, mas por um fugaz momento, despercebido, eles encontram-se. A sequência que dá título à fita concentra o simples enredo deste filme, em que duas pessoas encontram inesperadamente o seu grande amor, apenas para descobrir que as suas vidas caminham em sentidos opostos. Laura (Celia Johnson) e Alec (Trevor Howard) são casados – com outras pessoas. O seu jovem amor permanece tão incompleto como a sua existência quotidiana, à qual retornarão após o seu romance proibido.
Apesar de a história não ir muito para além disto, muitos ainda consideram este clássico britânico o maior filme romântico alguma vez feito – uma espécie de “Casablanca” sem Casablanca, uma trágica narrativa amorosa sem os Nazis, a Resistência ou a Guerra. Os protagonistas não são estrelas, mas são profundamente convincentes nos seus papéis. Ela é uma vulgar dona de casa que nunca poderia ter imaginado tal situação; ele é médico, decente, meigo. Até os mais pacatos cidadãos de classe média têm direito a um drama a sério.
O quarto filme de David Lean agarra numa história banal e transforma-a numa experiência intensa. A película é baseada em “Still Life”, uma peça de um acto escrita em 1936 por Noël Coward. Por ter sido originalmente pensada para teatro, toda a acção se desenrola numa loja de chás em Milford Junction, onde Laura e Alec inicialmente se encontram. Em colaboração com Lean, Coward expandiu a história. O casal encontra-se uma vez por semana, sistema ditado pelo horário do comboio. Vão ao cinema, passeiam, e juntam-se secretamente no apartamento de um amigo. E depois de cada vez, Laura regressa a casa, aos seus filhos e ao seu preocupado mas aborrecido marido, Fred (Cyril Raymond). Fred adora fazer palavras cruzadas, e uma vez, a palavra “romance” cruza-se com a palavra “delírio”. Laura conhece este tipo de delírio, desde os primeiros momentos de selvagem alegria até à consciência opressora do perigo, culpa e desonestidade. Ela nunca poderia contar a Fred sobre o seu affair, embora não desejasse mais nada: “It’s awfully easy to lie when you know that you’re trusted implicitly. So very easy, and so very degrading”.
O monólogo interior de Laura, a sua muda confissão ao marido, compensam em emoção a ausência de espectacularidade das imagens - nunca vemos mais do que um beijo. A audiência já está avisada do trágico final, antecipado pela voz trémula de Laura, pois o filme começa com os últimos dolorosos momentos, antes de o apito do comboio os separar para sempre. Este inteligente truque dramatúrgico é um dos instrumentos favoritos de Lean: voltou a usá-lo em “Lawrence da Arábia” (1962), quando o protagonista morre na cena inicial. Embora pudéssemos esperar que tal fosse distanciar o espectador dos eventos subsequentes, acontece o oposto: somos conduzidos directamente ao coração do drama, à confusão mental de Laura, e à compreensão de que esta oportunidade perdida irá assombrá-la até ao fim dos seus dias. Esta divisão é também expressada através de uma incongruência estilística deliberada: Brief Encounter é um filme noir romântico, filmado em locais inóspitos como a estação de comboios, pouco iluminada e obscurecida pelo vapor das carruagens que partem – um dos motifs preferidos de Lean. O elemento romântico consiste quase exclusivamente no Segundo Concerto para Piano, de Rachmaninov, ponto alto da banda sonora. Nem todos sucumbirão a esta perfeita simbiose entre som e imagem, dissolvendo-se em lágrimas; de facto, a luta devastadora de Laura com a sua consciência tem sido parodiada quase tanto como a cena do aeroporto em “Casablanca”. Mas David Lean tomou a decisão certa ao localizar esta história entre guerras. Apenas a Segunda Guerra propiciou a evolução social e moral que tornou o adultério tão-somente equacionável para a maioria das pessoas. Para Alec e Laura, foi tarde demais.
Apesar de a história não ir muito para além disto, muitos ainda consideram este clássico britânico o maior filme romântico alguma vez feito – uma espécie de “Casablanca” sem Casablanca, uma trágica narrativa amorosa sem os Nazis, a Resistência ou a Guerra. Os protagonistas não são estrelas, mas são profundamente convincentes nos seus papéis. Ela é uma vulgar dona de casa que nunca poderia ter imaginado tal situação; ele é médico, decente, meigo. Até os mais pacatos cidadãos de classe média têm direito a um drama a sério.
O quarto filme de David Lean agarra numa história banal e transforma-a numa experiência intensa. A película é baseada em “Still Life”, uma peça de um acto escrita em 1936 por Noël Coward. Por ter sido originalmente pensada para teatro, toda a acção se desenrola numa loja de chás em Milford Junction, onde Laura e Alec inicialmente se encontram. Em colaboração com Lean, Coward expandiu a história. O casal encontra-se uma vez por semana, sistema ditado pelo horário do comboio. Vão ao cinema, passeiam, e juntam-se secretamente no apartamento de um amigo. E depois de cada vez, Laura regressa a casa, aos seus filhos e ao seu preocupado mas aborrecido marido, Fred (Cyril Raymond). Fred adora fazer palavras cruzadas, e uma vez, a palavra “romance” cruza-se com a palavra “delírio”. Laura conhece este tipo de delírio, desde os primeiros momentos de selvagem alegria até à consciência opressora do perigo, culpa e desonestidade. Ela nunca poderia contar a Fred sobre o seu affair, embora não desejasse mais nada: “It’s awfully easy to lie when you know that you’re trusted implicitly. So very easy, and so very degrading”.
O monólogo interior de Laura, a sua muda confissão ao marido, compensam em emoção a ausência de espectacularidade das imagens - nunca vemos mais do que um beijo. A audiência já está avisada do trágico final, antecipado pela voz trémula de Laura, pois o filme começa com os últimos dolorosos momentos, antes de o apito do comboio os separar para sempre. Este inteligente truque dramatúrgico é um dos instrumentos favoritos de Lean: voltou a usá-lo em “Lawrence da Arábia” (1962), quando o protagonista morre na cena inicial. Embora pudéssemos esperar que tal fosse distanciar o espectador dos eventos subsequentes, acontece o oposto: somos conduzidos directamente ao coração do drama, à confusão mental de Laura, e à compreensão de que esta oportunidade perdida irá assombrá-la até ao fim dos seus dias. Esta divisão é também expressada através de uma incongruência estilística deliberada: Brief Encounter é um filme noir romântico, filmado em locais inóspitos como a estação de comboios, pouco iluminada e obscurecida pelo vapor das carruagens que partem – um dos motifs preferidos de Lean. O elemento romântico consiste quase exclusivamente no Segundo Concerto para Piano, de Rachmaninov, ponto alto da banda sonora. Nem todos sucumbirão a esta perfeita simbiose entre som e imagem, dissolvendo-se em lágrimas; de facto, a luta devastadora de Laura com a sua consciência tem sido parodiada quase tanto como a cena do aeroporto em “Casablanca”. Mas David Lean tomou a decisão certa ao localizar esta história entre guerras. Apenas a Segunda Guerra propiciou a evolução social e moral que tornou o adultério tão-somente equacionável para a maioria das pessoas. Para Alec e Laura, foi tarde demais.
sexta-feira, março 13, 2009
quarta-feira, março 11, 2009
Mean Streets por André Silva
Realizado por Martin Scorsese em 1973, Mean Streets ou “Caminhos Perigosos” conta-nos a história de quatro amigos: Charlie (Harvey Keitel), sobrinho de um mafioso local que tenta obter algum tipo de perdão pelos seus pecados, mas como afirma e bem um belo principio, os pecados são pagos não na Igreja mas verdadeiramente nas ruas e em casa, Johnny Boy (Robert de Niro), personagem com o vicio do jogo e que o leva a ficar a enormes quantidades de dividas, Tony (David Proval), proprietário de um bar, mítico local que serve de ponto de encontro do grupo, e Michael (Richard Romanus), um típico contrabandista americano da década de 70.
“Caminhos perigosos”, titulo possivelmente influenciado pela eterna procura da harmonia num clima complicado, onde se seguem caminhos nem sempre os mais adequados, para completar um único objectivo: Sobreviver.
Além disso, foi a primeira parceria do jovem actor Robert de Niro com o realizador, facto que se repete em mais sete filmes. Muitas vezes anunciado como o primeiro filme de Scorsese, é verdadeiramente o seu terceiro trabalho, com os anteriores “Whos That Knocking at My Door” e “Boxcar Bertha”. Obra-prima que fez aumentar o nível da crítica, “ Mean Streets” é claramente autobiográfico, uma vez que a história tem por base as vivencias e experiencias do autor, enquanto jovem que vivia no bairro de Litle Italy. Um drama muito original e especialmente fresco para a época onde foi apresentado, sobre a violência e actividades criminosas no bairro nova-iorquino.
Primeiro da pretensa trilogia cinematográfica ítalo-americana, já encontramos aqui inícios das temáticas mais tratadas no trabalho do realizador: culpa, fé, religião, violência, redenção, pecado, e conflitos sentimentais humanos. Ao que parece filmado com baixíssimos recursos, e nuns surpreendentes 24 dias e 24 noites, encontramos uma fantástica e rara técnica que a meu ver foi muito bem utilizada, a improvisação. “Mean Streets” significou um sério aviso ao público mundial, para o brilhante futuro de Martin Scorsese. Sem duvida uma obra forte e violenta na forma como nos é apresentada uma parte da sociedade americana, mas sem aquela paixão que por vezes sentimos. Na minha opinião, um drama que marca mas que não impressiona.
autor: André Silva
“Caminhos perigosos”, titulo possivelmente influenciado pela eterna procura da harmonia num clima complicado, onde se seguem caminhos nem sempre os mais adequados, para completar um único objectivo: Sobreviver.
Além disso, foi a primeira parceria do jovem actor Robert de Niro com o realizador, facto que se repete em mais sete filmes. Muitas vezes anunciado como o primeiro filme de Scorsese, é verdadeiramente o seu terceiro trabalho, com os anteriores “Whos That Knocking at My Door” e “Boxcar Bertha”. Obra-prima que fez aumentar o nível da crítica, “ Mean Streets” é claramente autobiográfico, uma vez que a história tem por base as vivencias e experiencias do autor, enquanto jovem que vivia no bairro de Litle Italy. Um drama muito original e especialmente fresco para a época onde foi apresentado, sobre a violência e actividades criminosas no bairro nova-iorquino.
Primeiro da pretensa trilogia cinematográfica ítalo-americana, já encontramos aqui inícios das temáticas mais tratadas no trabalho do realizador: culpa, fé, religião, violência, redenção, pecado, e conflitos sentimentais humanos. Ao que parece filmado com baixíssimos recursos, e nuns surpreendentes 24 dias e 24 noites, encontramos uma fantástica e rara técnica que a meu ver foi muito bem utilizada, a improvisação. “Mean Streets” significou um sério aviso ao público mundial, para o brilhante futuro de Martin Scorsese. Sem duvida uma obra forte e violenta na forma como nos é apresentada uma parte da sociedade americana, mas sem aquela paixão que por vezes sentimos. Na minha opinião, um drama que marca mas que não impressiona.
autor: André Silva
atentado
guilherme silva, a.k.a., segundo algumas considerações ditas em surdina, líder, acabou de sobreviver a um atentado. o método usado já ofereceu frutos no passado: uma cadeira sabotada.
guilherme silva sobreviveu incólume e, em conferência de imprensa, anunciou:
- não será com estes actos nada demoplenariocráticos, perfeitamente esdrúxulos, que abalarão a minha simpatia para com Butch Cassidy e Sundance Kid.
guilherme silva, logo que recomposto, consubstanciará a vingança já pensada.
guilherme silva sobreviveu incólume e, em conferência de imprensa, anunciou:
- não será com estes actos nada demoplenariocráticos, perfeitamente esdrúxulos, que abalarão a minha simpatia para com Butch Cassidy e Sundance Kid.
guilherme silva, logo que recomposto, consubstanciará a vingança já pensada.
terça-feira, março 10, 2009
Butch Cassidy and the Sundance Kid - Crítica
Quando pensava já ter visto de tudo, acabei surpreendido com o que menos esperava, um western. O mais bem disposto western de todos os tempos, quero acreditar.
'Butch Cassidy and the Sundance Kid' recriou todo este velho estilo de cinema americano, tornando-o mais leve, acessível, mas nem por isso menos bem conseguido, cativante e sublime.
À data da sua estreia, em 1969, este filme teve um enorme sucesso, arrecadando um vasto leque das mais variadas críticas. Enquanto uns o acusam de ter desvirtuado parte da história e cultura norte-americana, outros intitulavam-no de inovadora obra-prima. Os últimos vingaram…
Com a realização a cargo do George Roy Hill, este moderno western mostra todo um extenso rol de inovações, temáticas e técnicas. Agora, os cowboys não mais são sisudos forasteiros, sem amigos ou outros sonhos que não roubar e pilhar, sendo retratados como mais afáveis, descontraídas e imperfeitas personagens. Mais humanos.
As marcantes interpretações de Paul Newman e Robert Redford, à altura já ícones vivos do cinema norte-americano, muito pesam nesta inesperada reviravolta no género western. A amizade com traços de irmandade que os dois cultivavam na vida real “escorreu” para o grande ecrã, resultando numa perfeita simbiose de interpretações. Dá prazer vê-los juntos a roubar bancos e fugir ás autoridades. A sério que dá.
Um inesperado e inteligente humor acompanha as duas personagens ao longo de todo o filme, e tende a aproximar o espectador de todo o enredo e aventura, ao contrário do habitual western, sempre “gelado” nos mais inóspitos desertos do Velho Oeste.
Como disse, também os amantes da técnica cinematográfica rejubilaram com o filme. Todo ele demonstra uma incansável minúcia na prossecução da inovação técnica. Planos inovadores, tratamentos de cor até então sem comparação, e o virtuoso usufruto das funcionalidades dos aparelhos de captação de imagem, tudo isto foi conseguido sob a direcção de George Roy Hill. A Academia a isto não ficou indiferente, e entre os quatro Óscares atribuídos a 'Butch Cassidy and the Sundance Kid' figurava o de Melhor Fotografia.
Ainda hoje este filme é considerado uma obra exemplar do género western, e uma inesperada incursão pelo mundo da comédia.
Ainda hoje este filme é homenageado anualmente através do festival de Sundance, presidido por Robert Redford, cujo nome advém da personagem deste no filme.
Ainda hoje milhões relembram o falecido Paul Newman como o terno e sorridente Butch Cassidy.
Guilherme Silva
'Butch Cassidy and the Sundance Kid' recriou todo este velho estilo de cinema americano, tornando-o mais leve, acessível, mas nem por isso menos bem conseguido, cativante e sublime.
À data da sua estreia, em 1969, este filme teve um enorme sucesso, arrecadando um vasto leque das mais variadas críticas. Enquanto uns o acusam de ter desvirtuado parte da história e cultura norte-americana, outros intitulavam-no de inovadora obra-prima. Os últimos vingaram…
Com a realização a cargo do George Roy Hill, este moderno western mostra todo um extenso rol de inovações, temáticas e técnicas. Agora, os cowboys não mais são sisudos forasteiros, sem amigos ou outros sonhos que não roubar e pilhar, sendo retratados como mais afáveis, descontraídas e imperfeitas personagens. Mais humanos.
As marcantes interpretações de Paul Newman e Robert Redford, à altura já ícones vivos do cinema norte-americano, muito pesam nesta inesperada reviravolta no género western. A amizade com traços de irmandade que os dois cultivavam na vida real “escorreu” para o grande ecrã, resultando numa perfeita simbiose de interpretações. Dá prazer vê-los juntos a roubar bancos e fugir ás autoridades. A sério que dá.
Um inesperado e inteligente humor acompanha as duas personagens ao longo de todo o filme, e tende a aproximar o espectador de todo o enredo e aventura, ao contrário do habitual western, sempre “gelado” nos mais inóspitos desertos do Velho Oeste.
Como disse, também os amantes da técnica cinematográfica rejubilaram com o filme. Todo ele demonstra uma incansável minúcia na prossecução da inovação técnica. Planos inovadores, tratamentos de cor até então sem comparação, e o virtuoso usufruto das funcionalidades dos aparelhos de captação de imagem, tudo isto foi conseguido sob a direcção de George Roy Hill. A Academia a isto não ficou indiferente, e entre os quatro Óscares atribuídos a 'Butch Cassidy and the Sundance Kid' figurava o de Melhor Fotografia.
Ainda hoje este filme é considerado uma obra exemplar do género western, e uma inesperada incursão pelo mundo da comédia.
Ainda hoje este filme é homenageado anualmente através do festival de Sundance, presidido por Robert Redford, cujo nome advém da personagem deste no filme.
Ainda hoje milhões relembram o falecido Paul Newman como o terno e sorridente Butch Cassidy.
Guilherme Silva
segunda-feira, março 09, 2009
10 Março - Butch Cassidy & the Sundance Kid
sábado, março 07, 2009
Hable con Ella por André Silva
Apaixonante! Assim posso classificar esta obra do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, realizada em 2002. Neste belo filme, a alma feminina é apresentada através do amor profundo de dois homens que, inconformados com a morte cerebral das suas paixões, conversam com elas, acreditando que assim as trarão de volta à vida. Um filme que nos convida, entre sedução e sussurros, a descobrir cada pormenor da própria película em vez de sermos invadidos por conceitos e definições humanas. Simples, genuína, humana, assim é a obra do realizador, que foge ao popular misticismo e cinema ficção a que “infelizmente” estamos habituados. O ponto central do filme é justamente a mulher, vista através do olhar masculino, que leva o espectador a entrar num processo de dramaticidade, culminando num limite extremo, que é o surpreendente fim do filme. Sem duvida um belo filme que, tal como na vida, aborda personagens complexas e relações peculiares, com sentimentos que vão do amor ao desespero, tocando em géneros como o drama, mas também onde se encontram traços de comédia. Onde, a certa altura uma das personagens faz alusão à ideia do feminino emergir do masculino. Uma referência à homenagem de Almodóvar ao cinema mudo, realizada através da introdução de uma cena muda algo surrealista ("Amante menguante") com a lindíssima actriz espanhola Paz Vega, paixão partilhada por duas das personagens, Alicia e Benigno. Quanto à banda sonora, uns parabéns bem merecidos. Musica muito adequada, necessária e impecavelmente relacionada com momentos chave da história. Cena especialmente fantástica com a participação musical do cantor brasileiro Caetano Veloso, com a arrepiante “Cucurrucucu Paloma”. Formidáveis actores, com particular destaque para Javier Camára que interpreta o emotivo Benigno.
Almodóvar aprofunda o conceito de loucura neste filme, uma loucura que se confunde com a normalidade, conferindo mesmo, paradoxalmente, mais encanto a esses seres humanos. Existe uma complexa ligação entre o patológico (Benigno: perverso, violador, "psicopata") e a dita normalidade que se traduz na sensibilidade e na dedicação do mesmo ao seu grande amor, Alicia. Uma loucura que vive paredes-meias e está mesmo na origem dos sentimentos mais autênticos.
A obra de Pedro Almodóvar revela-se comovente, numa técnica própria, e incitando a uma intima relação com o espectador, algo que me surpreendeu bastante. Neste filme, como o título sugere, importa falar (hablar). Não com todas as pessoas, mas nomeadamente com elas, Mulheres. O principal ponto é de facto um convite por excelência a falar (hable): Fale! Baseando-se no princípio que a palavra e a linguagem produz efeitos terapêuticos, o realizador transporta-nos para a necessária dimensão humana onde a comunicação assume um papel fundamental dentro da sociedade. Uma obra que nos faz reflectir….
autor: André Silva
terça-feira, março 03, 2009
Cineclube 2º Semestre
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