quinta-feira, dezembro 29, 2011



Não é que tenha achado por aí além o mais recente filme de G. Clooney, mas o que segue aqui abaixo (cujo texto original se encontra neste blog) não deixa de fazer sentido (não no que respeita à linha política da crítica, mas no resto):


"Há um aspecto curioso na crítica cinematográfica portuguesa que eu arrisco a chamar de mais “conservadora” e “direitista”, apesar de hoje em dia grande parte dela se poder integrar neste rótulo (ao contrário do que aconteceu nos tempos áureos da crítica, nos anos 50, 60 e 70, onde era maioritariamente “de esquerda” e dita “progressista”). Esse aspecto repete-se de filme para filme, quando estes tentam de alguma forma criticar, ou beliscar sequer, o sistema capitalista e as estruturas políticas norte-americanas ou de outros países de democracias ocidentais. Quando surge um filme destes, como o recente caso de “Nos Idos de Março”, a crítica mais insistente é que o título não traz nada de novo e se mostra uma repescagem do cinema “progressista” dos anos 70, de Sidney Lumet, de Martin Ritt, de Sidney Pollack ou Alan J. Pakula.
Curiosamente (e isto só é visível para quem já tenha uns anos destas lides e alguma memória, como é o meu caso), nos anos 70, não estes críticos, mas alguns outros idênticos a estes, diziam que os filmes de Sidney Lumet, de Martin Ritt, de Sidney Pollack ou Alan J. Pakula não traziam nada de novo e repescavam o cinema “progressista” dos anos 30 e 40, onde aí sim, havia John Ford, Frank Capra, William Wyller e quejandos. Ou seja, quando se problematizam questões sociais e poliíticas, o melhor é enxotar a obra e depreciá-la, sobretudo em função do passado, porque esse já parece não incomodar ninguém, encerrado em cinematecas para cinéfilos e curiosos, longe dos olhares do grande público".

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