Pensar o conceito de cineclube
universitário não implica, hoje, considerar somente os epifenómenos que terão,
em tempos, conduzido à sua proliferação na cidade do Porto na primeira década
do milénio. Assumindo-se aqui uma perspectiva actualista quanto àquilo que seja
a realidade da oferta cinematográfica na cidade, a questão passará agora por
saber da ainda necessidade destes
clubes.
Numa cidade onde a exibição
cinematográfica se afigurava, à data em que foram criados, imoderadamente
parca, os cineclubes universitários surgem com o intento de possibilitar o
acesso às distintas filmografias e estéticas da história do Cinema, bem como
servir de mote para o impulso de uma postura crítica e reflexiva sobre as obras.
Ainda que a génese do
cineclubismo universitário em nada se tenha retractado, não deixa de ser exacto
afirmar a suplantação daquele cenário. Entre o deserto de então e o presente, vimos
germinar uma série de projectos caracterizados pelas suas frases-signo onde se
declaram devolutivos do Cinema ao Porto. E fazem-no bem! Porém, com uma
distribuição que olvida tudo o que seja pré-década de 90 – salvo estes mais
recentes e louváveis esforços de restauro que, ainda assim, são apontamentos –
continua a não ser possível a exibição de quase toda a história do cinema.
Porque o Cinema é também Memória e é em particular a sua própria memória que se
quer preservar, estão os cineclubes universitários ainda no papel de trazer ao público em construção, o jovem, todo o
cinema a que de outra forma não conseguem aceder. Trata-se, afinal, de não se
perder a ideia de cinefilia, no
sentido que Rancière lhe atribui, “um caso de paixão”, com tudo o que ela
acarreta.
Cineclube FDUP
Texto do Cineclube FDUP para a Agenda do Cinema Independente no Porto, Maio 2015. Pode ser visto ali.
Sem comentários:
Enviar um comentário