domingo, dezembro 27, 2009

blasfémia!, dirão alguns

Há quase quase um ano exactamente atrás, escrevi isto a propósito de Goodfellas (1990, Martin Scorsese). Hoje não escreveria algo substancialmente de muito diferente depois de ver Scarface (1983, Brian De Palma).
Perdoem-me os aficionados (nomeadamente um cá da casa, o Zé) pela desrespeitosa (e quiçá ignorante) discordância; como escreveu Pessoa: "Assim é a vida, mas eu não concordo".

nota solta:
Quando o Cineclube passou
Aguirre, der Zorn Gottes, lembro-me de um amigo meu comentar que a cena final - onde Aguirre, sem nada nem ninguém, numa jangada condenada ao naufrágio num rio perdido da Perú, bradava aos céus que era o conquistador da América do Sul - trazia metaforicamente à memória (até pela personalidade de Werzog) os últimos momentos de um Hitler derreado, tentando o tudo por tudo pela manutenção do jugo nazi.
O mesmo me veio agora à memória com Al Pacino, na última cena de
Scarface. Um Tony Montana sozinho, deprimido, psicótico e enterrado em coca; cercado por todos os lados, baleado aturadamente, sempre grita "YOU FUCKING MARICONS! YOU THINK YOU CAN TAKE ME? YOU NEED A FUCKING ARMY TO TAKE ME! I'M TONY MONTANA, YOU FUCK WITH ME, YOU FUCK WITH THE BETTER".
Claro, Tony: "The world is yours".

sexta-feira, dezembro 18, 2009

"go ahead, you'll never ask for vanilla swirl again"*



* Da rubrica re:Discovery, por Andrew Mason, na revista Wax Poetics NOV/DEC 2009.

Cinema e convites para o fim-de-semana - Parabéns à Medeia!


A Medeia Filmes comemora 20 anos e vai festejá-los a 19 e 20 de Dezembro.
Com antestreias (UM PROFETA, de Jacques Audiard; O SÍTIO DAS COISAS SELVAGENS, de Spike Jonze; CINERAMA, de Inês Oliveira). Com a exibição de curtas metragens de jovens cineastas portugueses, premiadas em vários festivais (Rodrigo Areias, André Gil Mata, Rita Nunes, José Maria Vaz da Silva, Edgar Pêra e outros), ou da artista Joana Areal. Com a exibição de NOITES DE LUA CHEIA, de Eric Rohmer, assinalando o lançamento de um pack em dvd de 6 dos seus filmes dos anos 80, do ciclo “Comédias e Provérbios”. Com uma homenagem ao cineasta Joaquim Pinto. 2 dias a assinalar 20 anos. De diversidade cinematográfica. De descoberta de novas cinematografias e novos cineastas. De reposições de clássicos em cópias novas. De debate. Com bilhetes a 2 euros. De encontro com realizadores, actores e técnicos. No cinema Medeia Cidade do Porto e Teatro do Campo Alegre. Um fim-de-semana a não perder. Bilhetes já à venda.

Sábado, 19 de Dezembro
Cinema Medeia Teatro do Campo Alegre

18h30 > CURTAS DA CASA (DIA TRIUNFAL, de Rita Nunes; SEREIA e CARAVAGGIO, de José Maria Vaz da Silva; DORA, de Isabel Aboim; O SENSO DOS DESATINADOS, de Paulo Guilherme)
22h > NOITES DE LUA CHEIA, de Eric Rohmer

Domingo, 20 de Dezembro
Cinema Medeia Cidade do Porto

14h30 > CINERAMA, de Inês Oliveira (antestreia, com a presença da realizadora)
17h > O SÍTIO DAS COISAS SELVAGENS, de Spike Jonze (antestreia)
19h30 > ONDE BATE O SOL, de Joaquim Pinto (homenagem a Joaquim Pinto)
22h > UM PROFETA, de Jacques Audiard (antestreia)

Cinema Medeia Teatro do Campo Alegre

18h30 > CURTAS JOANA AREAL (13/14; DOMINGÃO)
22h > BANDO À SOLTA (CORRENTE, de Rodrigo Areias*; CRIME ABISMO AZUL REMORSO FÍSICO, de Edgar Pêra; ARCA D’ÁGUA, de André Gil Mata*, CIEL ÉTAINT, de F. J. Ossang *(com a presença dos realizadores)


O Cineclube FDUP tem para oferecer 10 convites duplos para a sessão "Bando à Solta", Domingo às 22h no Teatro do Campo Alegre. Enviem email para o habitual cineclubefdup@gmail.com, com o vosso nome e contacto telefónico!

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Amanhã há cinema!!!

5ª F - 18h - última sessão - às segundas ao sol


Terá dito Dostoievsky qualquer coisa como "para reduzir um homem a nada basta dar ao seu trabalho um carácter de inutilidade".
À beleza da citação literária contrapõe-se a riqueza do mundo real. Assim neste filme: um grupo de trabalhadores de meia-idade é despedido dos estaleiros navais, passando a lutar dia-a-dia pela reconstrução das próprias vidas. Homens que podiam ser pais de qualquer um de nós, viris, marcados pela idade, mas ao mesmo tempo frágeis, à deriva, em busca de qualquer ponto onde se apoiar - contando apenas uns com os outros e com as segundas ao sol.
Um filme, diria eu, sobre os efeitos, sobre o relevo do trabalho na vida das pessoas. Ou da ausência forçada dele.
É 5ª-Feira, no Cineclube FDUP, às 18h00, sala 1.01.

terça-feira, dezembro 15, 2009

o "Play Time" é um filme sobre o qual dá para escrever um ensaio mas como eu não tenho nem arte nem engenho para isso

... limito-me a deixar que a imagem fale por si. Afinal de contas, dizem alguns, vale ela mais do que cem dezenas de palavrinhas.







domingo, dezembro 13, 2009

play time




Guardo estas duas fotografias há já nem sei quanto tempo no meu computador. Encontrei-as já nem sei bem como, nem o porquê ou o caminho que me levou até ela. O que sei ao certo é que me fascinaram desde o primeiro instante.
Quando as encontrei, e quando as soube pertencentes ao filme Play Time (1967), de Jacques Tati, formulei para mim um intenso desejo de o ver. Por falta de oportunidade, por esquecimento ou por coisa outra, a verdade é que já lá vão uns aninhos e nunca o vi.
Passado tanto tempo, soube que o Cine-Clube Escola das Artes da Universidade Católica (Pólo da Foz), vai passar o filme na próxima segunda-feira, dia 14, pelas 21h. Não sei se é bom, muito bom ou muito mau (só vi um filme de Tati - "Há festa na Aldeia" no hoje desaparecido Nun'Álvares, teria eu uns 10 ou 11 petizes anos - do qual guardo excelentes recordações!)... mas estão todos convidados! :)

sábado, dezembro 12, 2009

procura-se (bom) filme



... que encaixe com este álbum como banda sonora. Preve-se resultado final retumbante.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Para os (poucos) que não vão ao Jantar de Natal da FDUP...

Debate sobre o novo filme de Michael Moore:

Amanhã, quinta-feira, 10 de Dezembro , na sessão das 21h30

Cinemas Medeia Cidade do Porto

Jorge Campos (documentarista e professor do curso de Artes da Imagem, da ESMAE);

Fernando dos Santos Neves (reitor da Universidade Lusófona do Porto; professor de Ciências Políticas)

 

A Medeia Filmes tem, ao longo dos anos, trazido a debate muitos dos filmes que exibe, participando de forma activa no espaço público em que se insere o trabalho que vem desenvolvendo. Nesse sentido, organizou um debate em torno do último filme de Michael Moore, em exibição no cinema Medeia Cidade do Porto, CAPITALISMO: UMA HISTÓRIA DE AMOR, em que o cineasta aborda as origens e consequências da actual crise financeira mundial. Polémico, irreverente, desafiador, e actual, o cinema de Moore tem vindo a afirmar-se ao longo de duas décadas, tendo recebido muitos e prestigiados prémios e obtido grande sucesso junto do público.

 

 

CAPITALISMO: UMA HISTÓRIA DE AMOR / CAPITALISM: A LOVE STORY >Michael Moore

Festival de Veneza > Selecção Oficial em Competição

 

“Capitalismo: Uma História de Amor” é, vinte anos depois, o “fecho do círculo” iniciado com “Roger e Eu”. […] é o filme de alguém que admitiu que a América em que vive já não é (ou talvez nunca tenha sido) a América em que julgava viver, e que compreende que ao mesmo tempo, a força e a limitação do que a sua câmara pode fazer. E aí, ganha-se como, provavelmente, o mais sincero dos filmes de Moore – e, provavelmente, o mais interessante.

Jorge Mourinha, Público

 

Moore denuncia que o sistema faliu […,] exibe as ilegalidades e afrontas das grandes empresas, da banca, e dos especuladores financeiros.

Manuel Halpern, JL

 

Se ainda não viu “Capitalismo, Uma História de Amor” de Michael Moore, vá ver. Pode não simpatizar com o homem, mas fica logo a perceber os casos BPN e BPP.

Eduardo Pitta, blog Da Literatura
www.capitalismalovestory.com

 


Kramer vs Kramer (1979), Robert Benton

Gostei bastante.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

a provar

... que ainda se conseguem fazer bons filmes sobre Nova Yorque, em Nova Yorque, sobre as pessoas de Nova Yorque, está New York I Love You.
É evidente que prová-lo não é tarefa fácil e nem tudo corre bem - é quando o filme não consegue ser criativo na reelaboração de clichês associados à vida mundana de uma cidade cosmopolita, aos encontros fortuitos geradores de emoções fortíssimas, aos diálogos adolescentes entre pessoas adultas, àquele teasing cheio de pinta entre homens e mulheres ainda com mais pinta.
Mas quando o consegue, o filme atinge picos deliciosos.
E depois é uma cambada de actores e actrizes cada um melhor que o outro. Deles destaco a prestação de Shia LaBeouf (onde quer que tenha ido buscar aquele passo canhestro, foi buscá-lo muito bem), Hayden Christensen, Ethan Hawke, Chris Cooper, Julie Christie, Eli Wallach e Uguer Yecel. E entretanto, enquanto vou apontado os nomes e revendo o filme na cabeça, começo a duvidar se esta minha avaliação não tem tanto em conta as interpretações quanto as cenas em si em que elas se revelam... (e isto acaba por reflectir um pouco o que foi dito no segundo parágrafo).



Um dos "takes" que mais gostei, filmado por Shekhar Kapur, creio (ah, pois, esqueci-me de mencionar o facto do filme, ou dos filmes, serem realizados por pessoas diferentes - como o inevitável IMBD nos mostra). Na imagem, Julie Christie e Shia LaBeouf em cena sublime.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

AVISO

A sessão de amanhã, dia 3, será adiada para dia 17, por motivos de força maior.