segunda-feira, abril 30, 2012

IndieLisboa 2012: Terri, de Azazel Jacobs (2011)



Terri , inadaptado social na proporção da sua gordura corporal e miríade de pijamas que constituem o seu uniforme personalizado na escola (embora estes sejam de uma elevada maleabilidade social, sendo que inclusive dispõe de um elegante pijama negro para funerais, embora todos eles fazendo um belo pandam com a sua reconhecida estranheza naquele meio).

Seguindo as clássicas etapas de retrato de um coming of age de uma adolescência atormentada pela percepção de ser um monstro, comparando com a dita normalidade ( que neste tipo de filmes é sempre retratado através de putos imbecis que dificilmente o alibi hormonal desculpabiliza, exactamente para reforçar o sentimento de incompreensão da personagem), Terri demonstra os típicos sinais de exclusão no seu comportamento escolar, chegando atrasado à escola, notas a descer, e o já referido hábito de usar pijamas todos os dias (dificilmente será este um sinal típico, antes Terri como trendsetter).

Estes sinais são interpretados por Mr. Fitzgerald, que se revê nessa condição, pelo facto de ter tido um passado semelhante; o que aliás atesta a tese que uma das ilações morais do filme seria a de que as pessoas apenas agem numa base de compaixão (como no caso de Heather, mas já lá iremos).

Mr. Fitzgerald é uma espécie de professor Xavier com o seu séquito de Mutantes, de quem não conhecemos as qualidades, apenas as maleitas que os tornam representantes de uma singularidade não socialmente aprovada.

Para além da ajuda deste raro paladino do sistema escolar, outra das parcas relações que o protagonista mantem é com o seu tio, com quem vive. Porém, neste caso a posição de dependência é inversa à encontrada na esfera escolar, porque Terri é a autoridade, devido ao Alzheimer que o tio sofre.
Através de Terri e das suas relações, forma-se um encapsular do afastamento provocado por um existencialismo social, nas três grandes idades do homem: Terri representando a adolescência; Mr. Fitzgerald na idade adulta, apesar do estigma supostamente ultrapassado deste encontrar validade de testemunho para os seus semelhantes de diferente geração. O Tio é também um outcast, porque a sua condição médica incapacita-o de possuir a habilidade humana de reter todo o conhecimento das formalidades sociais, sendo ele a personagem tipo da 3º idade, incapaz de definir o seu próprio destino.

O filme apresenta-nos também uma passageira ocasional neste mundo, a referida Heather, condenada à queda sempre vertiginosa na mobilidade social, pela sua má conduta a roçar o sexual numa aula.

A aparente falta de novidade da história podia ser ultrapassada com um bom argumento/decente/outro qualquer, sendo que este é tão previsível e cliché como as situações que pretende retratar. Obviamente que falamos de um filme que não é um decalque conceptual do clássico filme de adolescentes, devido a à solidez técnica que o sustenta, naquele espirito indie que o coloca na escola genérica de grande parte das submissões para o festival de Sundance.

Sem comentários: