A crítica a propósito de Le Havre é, para mim, uma das melhores de Luís Miguel Oliveira no ipsílon em muito tempo. Não falta nada: começa no título e acaba no "plano-ozu".
De resto, apetece dizer que Kaurismäki fez uma coisa lindíssima, um Le Quai des Brumes (1938, Marcel Carné) - curiosamente, ou nada curiosamente, filmado também em Le Havre - séc. XXI, prestando homenagem ao cinema clássico francês [anos 30 - cinema mediado (e influenciado) pelas duas grandes guerras] e à sua mundividência local (aquele bairro é uma autêntica "cápsula do tempo" e aquele bar é o bar Panamá do filme de Carné), mas, simultaneamente, embebendo-o na contemporaneidade, i.e., no global dos nossos dias - a imigração, o racismo, a xenofobia e, porque não dizê-lo, a crise económica. Tudo num fairy tale em que, como escreve LMO, "o cinema ainda pode mais que a vida". E se não é por isto que (também) vamos ao cinema...
Sem comentários:
Enviar um comentário