O Mágico de Sylvain Chomet é uma animação inspirada no universo de Jacques Tati onde as imagens falam por si. Sim, este filme quase não tem diálogo, porém prima pelas deleitosas imagens, por uma animação extremamente bem construída e por uma história simultaneamente encantatória e dolorosa.
Um mágico perde público para as grandes e muito mais modernas bandas de rock, vendo-se obrigado a apresentar a sua arte em locais decadentes ou em ambientes onde as pessoas demonstram interesse em tudo, menos nele. Forçado por estes motivos a abandonar a sua cidade, não desiste da magia, procurando público em lugares distintos, pelo que acaba por conhecer uma jovem rapariga que a partir de então o irá acompanhar nas suas viagens.
Porém, o mágico e a jovem rapariga enconcontram-se em posições aburda e inevitavelmente incompatíveis: se o primeiro representa a classe artística cuja obra num passado remoto foi reconhecida e apreciada, mas que na actualidade se encontra numa trágica e fatídica decadência (e veja-se que não é caso singular, se tivermos em consideração os hóspedes do hotel onde se virá a instalar), a segunda, por sua vez, é a imagem da nova geração, aquilo que principia a constituir-se e que será indubitavelmente o futuro.
Em suma, ele representa os que foram e que não mais serão, ela os que ainda virão a ser, sendo que esta sua ascensão padece de uma quase irrisória ironia do destino, na medida em que só se torna possível com o apoio do mágico, que lhe oferece, sem pedir nada em troca, tudo o que ela necessita para emergir.
Gostei muito!
2 comentários:
É lindo! Comovente, bonito, sem adjectivos! :)
Adorei esse filme! :)
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