:: CICLO DE CINEMA / Cinema Passos Manuel / 4-7 NOV ::
O Ciclo de Cinema apresenta um conjunto óbvio de quatro filmes incontornáveis, pontos de referência na linha da história de Berlim, que serão analisados e contextualizados por intelectuais apaixonados pelo cinema e pela cidade.
4 NOV 21h30
BERLIM, SINFONIA DE UMA GRANDE CIDADE
Walter Ruttmann, 1927
Analisado por Nuno Portas
5 NOV 21h30
GERMANIA, ANNO ZERO
Roberto Rosselini, 1947
Analisado por Abílio Hernandez Cardoso
6 NOV 21h30
ASAS DO DESEJO
Wim Wenders, 1987
Analisado por Pedro Barreto
7 NOV 21h30
BERLIN BABYLON
Hubertus Siegert, 2001
Analisado por Hubertus Siegert
Com Manoel de Oliveira em Serralves, um Ciclo de Cinema Italiano no TECA, um Festa do Cinema Francês no Cidade do Porto e agora este novo ciclo, pode-se dizer que o cinema está de pedra e cal na Invicta! Venha daí a Cinemateca... (?)
domingo, outubro 26, 2008
segunda-feira, outubro 20, 2008
21/10/2008 - Los Olvidados
A segunda sessão do Cineclube FDUP é já amanhã.
Após o sucesso de Love and Death de Woody Allen, segue-se outra fabulosa obra cinematográfica, desta feita Los Olvidados de Luís Buñuel.
Com apresentação de Inês Silvestre e crítica de Francisco Noronha, Los Olvidados promete fazer as delícias da plateia ávida de bom cinema.
Até já.
Após o sucesso de Love and Death de Woody Allen, segue-se outra fabulosa obra cinematográfica, desta feita Los Olvidados de Luís Buñuel.
Com apresentação de Inês Silvestre e crítica de Francisco Noronha, Los Olvidados promete fazer as delícias da plateia ávida de bom cinema.
Até já.
domingo, outubro 19, 2008
sexta-feira, outubro 17, 2008
Hell Ride – Antevisão
Já o tenho e sinceramente guardo grandes espectativas. Um elenco de luxo, entre os quais Vinnie Jones (que se esquece dos seus papeis em “ Snatch “ , e “ Lock Stock and two smoking Barrels “), o grande Michael Madsen, e um dos meus heróis de sempre o Dennis Hopper. Produzido por Tarantino, uma historia de vingança com motas, rock’n’roll, álcool mulheres bonitas, e violência, muita violência. Isto é arte, a arte do puro entretenimento, espero que o filme corresponda a todas as expectativas … Domingo farei uma critica ao filme, até lá fica o trailer para aguçar apetites.
terça-feira, outubro 14, 2008
domingo, outubro 12, 2008
sexta-feira, outubro 10, 2008
Grazie!
CICLO DE CINEMA ITALIANO
O cinema italiano vive de novo um momento alto. O sucesso recente de alguns filmes (exibidos e premiados nos melhores festivais de cinema do mundo) trouxe consigo uma «espécie de euforia» (JLR, Expresso) e um aumento significativo de espectadores. A Medeia Filmes propõe para esta rentrée cinematográfica no Porto, um CICLO DE CINEMA ITALIANO. A exibir no Teatro do Campo Alegre, a partir de 9 de Outubro, e ao longo de 3 semanas. São 21 filmes, a partir do pós-neo-realismo até aos nossos dias. Obras incontornáveis dos «mestres» Viconti, Fellini, Antonioni, Pasolini. As gerações que se lhe seguiram: Bertolucci, Belochio, Moretti..., até ao novo cinema napolitano, como Mario Martone. Actores e actrizes, como Marcello Mastroianni, Claudia Cardinale, Alida Valli, Silvio Orlando, Nicoletta Brashi, Michele Placido... Argumentistas como Tonino Guerra. Músicos como Ennio Morricone, Nino Rotta... Para ver ou rever. Sim, porque como dizia Mastroianni, nós amamos [este] cinema.
TEATRO DO CAMPO ALEGRE - 9 A 29 DE OUTUBRO
Quinta, 9 Outubro
SENSO / SENTIMENTO
de LUCHINO VISCONTI
Sexta, 10 Outubro
IL GATTOPARDO / O LEOPARDO
de LUCHINO VISCONTI
Sábado, 11 Outubro
LA DOLCE VITA / A DOCE VIDA
de FEDERICO FELLINI
Domingo, 12 Outubro
AMARCORD
de FEDERICO FELLINI
Segunda, 13 Outubro
FELLINI 8 E ½
de FEDERICO FELLINI
Terça, 14 Outubro
IL DECAMERON / DECAMERON
de PIER PAOLO PASOLINI
Quarta, 15 Outubro
I RACONTI DI CANTERBURY / OS CONTOS DE CANTERBURY
de PIER PAOLO PASOLINI
Quinta, 16 Outubro
IL FIORE DELLE MILLE E UNA NOTTE / AS MIL E UMA NOITES
de PIER PAOLO PASOLINI
Sexta, 17 Outubro
BLOW UP
de MICHELANGELO ANTONIONI
Sábado, 18 Outubro
THE PASSENGER / PROFISSÃO : REPÓRTER
de MICHELANGELO ANTONIONI
Domingo, 19 Outubro
LAST TANGO IN PARIS / O ULTIMO TANGO EM PARIS
de BERNARDO BERTOLUCCI
Segunda, 20 Outubro
IL MOSTRO / O MONSTRO
de ROBERTO BENIGNI
Terça, 21 Outubro
APRILE / ABRIL
de NANNI MORETTI
Quarta, 22 Outubro
APASSIONATE / APAIXONADAS
de TONINO DE BERNARDI
Quinta, 23 Outubro
RESPIRO
de EMANUELE CRIALESE
Sexta, 24 Outubro
LA FINESTRA DI FRONTE / A JANELA EM FRENTE
de FERZAN OZPETEK
Sábado, 25 Outubro
LA MEGLIO GIOVENTÙ / A MELHOR JUVENTUDE (parte 1)
de MARCO TULLIO GIORDANA
Domingo, 26 Outubro
LA MEGLIO GIOVENTÙ / A MELHOR JUVENTUDE (parte 2)
de MARCO TULLIO GIORDANA
Segunda, 27 Outubro
CANTANDO DIETRO I PARAVENTI / CANTANDO POR DETRÁS DAS CORTINAS
de ERMANNO OLMI
Terça, 28 Outubro
BUONGIORNO, NOTTE / BOM DIA, NOITE
de MARCO BELLOCCHIO
Quarta, 29 Outubro
L'ODORE DEL SANGUE / O ODOR DO SANGUE
de MARIO MARTONE
Sessões às 18h e 22h. Bilhetes 3.5euros.
Ontem fui ver o primeiro do ciclo, Sentimento, do Visconti. Fantástico...
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Ciclo Cinema italiano,
Teatro do Campo Alegre
quarta-feira, outubro 08, 2008
07/10/2008 - Love and Death
A primeira sessão do Cineclube FDUP foi um sucesso.
Após uma cativante apresentação de Lídia Queirós, Woody Allen fez rir uma plateia com cerca de 45 pessoas.
Um excelente começo para o Cineclube, que mais uma vez promete trazer cinema de qualidade ao anfiteatro 1.01, e à biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade do Porto.
Até daqui a 15 dias…
sexta-feira, outubro 03, 2008
Cineclube, o regresso.
O cartaz está aí, o Cineclube voltou.
É já na próxima terça-feira, 7 de Outubro, que o Cineclube regressa à actividade, com mais um semestre de bom cinema na Faculdade de Direito da Universidade do Porto.
Este será um semestre em que a programação nos levará à volta do mundo, percorrendo realizadores de várias nacionalidades e estilos. Abrimos com Love and Death de Woody Allen, seguindo-se Los Olvidados de Luís Buñuel, Tales of Ugetsu de Kenji Mizoguchi, e How Green Was My Valley do famigerado John Ford. Para terminar o semestre em grande e com um sorriso na face, fecharemos com Rushmore do aclamado Wes Anderson.
Mais uma vez, neste semestre continuaremos com a estrutura de apresentação aos filmes no início das sessões, com o mesmo objectivo de conduzir a uma compreensão contextualizada das obras, ao nível estético e histórico.
Assim, esta terça-feira o Cineclube volta a encher a faculdade de cultura, e a acolher o Porto cinéfilo em sessões bem-humoradas de cinema.
Estão todos convidados…
É já na próxima terça-feira, 7 de Outubro, que o Cineclube regressa à actividade, com mais um semestre de bom cinema na Faculdade de Direito da Universidade do Porto.
Este será um semestre em que a programação nos levará à volta do mundo, percorrendo realizadores de várias nacionalidades e estilos. Abrimos com Love and Death de Woody Allen, seguindo-se Los Olvidados de Luís Buñuel, Tales of Ugetsu de Kenji Mizoguchi, e How Green Was My Valley do famigerado John Ford. Para terminar o semestre em grande e com um sorriso na face, fecharemos com Rushmore do aclamado Wes Anderson.
Mais uma vez, neste semestre continuaremos com a estrutura de apresentação aos filmes no início das sessões, com o mesmo objectivo de conduzir a uma compreensão contextualizada das obras, ao nível estético e histórico.
Assim, esta terça-feira o Cineclube volta a encher a faculdade de cultura, e a acolher o Porto cinéfilo em sessões bem-humoradas de cinema.
Estão todos convidados…
quinta-feira, outubro 02, 2008
Gomorra: A outra Face
Tive já também a oportunidade de ver o referido filme. Começando pelo seu sucesso, ser uma grande escolha de um festival como Canne acho que simplesmente fala por si e pelo que o filme conseguiu captar, se falarmos de sucesso em Portugal o caso muda de figura obviamente, as nossas escolhas não são claramente pautadas por uma aposta no cinema europeu e sim nos blockbusters americanos. Se para muitos os Óscares são o topo, não escondo que Canne é a minha preferência pessoal. Passando ao filme propriamente dito, é uma verdade que não acrescenta nada de novo, mas também estamos a falar de um género que já dá cartas pelo menos desde os anos 20 em que víamos um Dr Mabuse de Fritz Lang a controlar todo o submundo do crime. Esgotado portanto o conceito acho que este filme enova pelo facto de sair dos moldes clássicos do tema, historia de amor entre do protagonista ( torna assim de certa forma a personagem mais humana e leva ao publico a desculpar involuntariamente os seus actos, ora como seria o “ era uma vez na América “ se o Robert De Niro não fosse “ perdidamente apaixonado ? ), quebrando também com a clássica versão de Hollywood do príncipe ladrão, que apesar de roubar matar e traficar até e uma boa pessoa, aquele que leva a muitos dizerem “ quero ser como ele “ ( Pensando agora na legião de fans que Vito Corleone Move, tornando-se mais que um ídolo, um ícone Pop). Este filme não é mais um daqueles em que assistimos a uma ascensão apogeu e queda de um que um dia quis ser o rei do seu bairro. Este filme retrata a dura realidade das ruas napolitanas, desde as crianças a que no Brasil chamam de Vapores, aos traficantes, vários tentáculos de um polvo (a camorra), que chega a todos os ramos da sociedade. A senhora Maria que recebe de Don Ciro uma maquia certa por mês pelo seu marido preso (membro da camorra), até à Diva que se passeia em desfiles na televisão com um vestido contrafeito pelo senhor Pasquale. È também clara a alusão à crise provocada pela camorra no caso do lixo, à altura do filme éra a questão dos resíduos tóxicos, neste verão foi a recolha de lixo da cidade inteira de Nápoles, que levou a actuação das Forças Armadas para suster a crise. A brutalidade das máfias italianas, muito acima de qualquer outra que me recorde (apesar de falarem de máfias russas e de outros países, Itália é o único país que eu conheço em que Juízes como o Juiz Falcone são assassinados de forma impune e à luz do dia e com meios de uma autentica guerra, ou as actuações de personagens como o Scana Cristiani, e as ordens de Totó Riina) é neste filme uma constante, e apesar de noutros filmes como “ Scarface “ haver mais mortos em numero, neste sabemos que ninguém está a safo numa guerra entre gangs, há aquilo a que chamamos de “ danos colaterais “ em linguagem militar, vitimas inocentes que nada fizeram para merecer o seu fim. O filme ganha no meu entender nos detalhes que compõem o retrato, os dois tontos que entram em acção no filme a imitar a sequencia final do Scarface de Brian de Palma (o cineclube no semestre passado exibiu a versão original de 1932 ), passando o resto do filme perseguindo o sonho de violência e conquista do poder desmedido sem o mínimo de cabeça, assim se perderam muitos no meu entender, com mensagens de violência a quem não tem nada e anseia por tudo. O fim dos dois é o fim de todos o que escolhem aquele caminho ….
Por ultimo e em toda a dureza do filme, há uma esperança. Roberto (não revelo o porque desta mensagem pois estragaria a historia, mas depois de visto o filme percebe-se o porque da sua existência no filme). Quanto à fotografia e aos pormenores de realização confesso que não tenho capacidade de analisar como o resto (arrogância de parte, sempre me interessei mais pelo conteúdo dos filmes, pecando pela falta de conhecimento em aspectos mais técnicos, não obstante invejo quem disso sabe mais do que eu), noto no entanto que em certas alturas torna um filme um pouco cansativo a quem esta a ver e quebra um pouco a dinâmica que se procura com câmaras sempre em movimento. Ainda um remate final para a banda sonora e os adereços usados pelos criminosos, não é um filme com uma música apoteótica na queda e auge na cena, nem os criminosos a morrerem em fatos deslumbrantes. São execuções a musica é pastilha, tem um estilo a que os espanhóis chamam de “ chungo “ que tão bem descreve aquilo que no bairro se veste e que cá a expressão adquire um sentido mais lato. Apesar de algumas falhas, acho um bom filme no geral, com uma visão inovadora e dinâmica de um mundo que tantos ouvimos falar mas que tão pouco conhecemos. Todos até hoje conhecíamos a máfia siciliana chamada de Cosa Nostra, mas não sabíamos que a Camorra é bem mais antiga e sangrenta, e que estende a sua mão a quase tudo o que dá lucro.
Um pequeno aparte à margem do filme sobre o Comment do Francisco, bem o filme passa-se na altura do livro que lhe serviu de suporte, ou seja a actualidade. Quanto as afirmações bombásticas, são devidamente sustentadas. O jornal o Publico durante este verão foi trazendo a conta gotas, como todas as informações do género que chegam a Portugal, uma serie de noticias acerta da Camorra, também o livro de Roberto Saviano foi alvo de um especial pelo suplemento P2. Outro livro que fala no tema, embora não seja sobre ele, é o “ Cosa Nostra “ de Dickie, aquele que se propõe a ser o 1º livro independente de “ Historia “ e sublinho Historia da Máfia em Itália, não um romance com fundo de verdade. Obviamente para quem vê o filme pela primeira vez isto cai um pouco de para quedas e neste caso tens toda a razão tudo parece um pouco confuso, mas como bem sabes interesso-me bastante por este tema o pelo que em mim não se declararam estas dificuldades, mas sim são pontos negativos para o filme. Não concordo que seja um cidade de Deus Italiano, isso seria diminuir um em prol de outro. Seguindo o Raciocínio podíamos afirmar então que o Cidade de Deus é o Los Olvidados Brasileiro.
Por ultimo e em toda a dureza do filme, há uma esperança. Roberto (não revelo o porque desta mensagem pois estragaria a historia, mas depois de visto o filme percebe-se o porque da sua existência no filme). Quanto à fotografia e aos pormenores de realização confesso que não tenho capacidade de analisar como o resto (arrogância de parte, sempre me interessei mais pelo conteúdo dos filmes, pecando pela falta de conhecimento em aspectos mais técnicos, não obstante invejo quem disso sabe mais do que eu), noto no entanto que em certas alturas torna um filme um pouco cansativo a quem esta a ver e quebra um pouco a dinâmica que se procura com câmaras sempre em movimento. Ainda um remate final para a banda sonora e os adereços usados pelos criminosos, não é um filme com uma música apoteótica na queda e auge na cena, nem os criminosos a morrerem em fatos deslumbrantes. São execuções a musica é pastilha, tem um estilo a que os espanhóis chamam de “ chungo “ que tão bem descreve aquilo que no bairro se veste e que cá a expressão adquire um sentido mais lato. Apesar de algumas falhas, acho um bom filme no geral, com uma visão inovadora e dinâmica de um mundo que tantos ouvimos falar mas que tão pouco conhecemos. Todos até hoje conhecíamos a máfia siciliana chamada de Cosa Nostra, mas não sabíamos que a Camorra é bem mais antiga e sangrenta, e que estende a sua mão a quase tudo o que dá lucro.
Um pequeno aparte à margem do filme sobre o Comment do Francisco, bem o filme passa-se na altura do livro que lhe serviu de suporte, ou seja a actualidade. Quanto as afirmações bombásticas, são devidamente sustentadas. O jornal o Publico durante este verão foi trazendo a conta gotas, como todas as informações do género que chegam a Portugal, uma serie de noticias acerta da Camorra, também o livro de Roberto Saviano foi alvo de um especial pelo suplemento P2. Outro livro que fala no tema, embora não seja sobre ele, é o “ Cosa Nostra “ de Dickie, aquele que se propõe a ser o 1º livro independente de “ Historia “ e sublinho Historia da Máfia em Itália, não um romance com fundo de verdade. Obviamente para quem vê o filme pela primeira vez isto cai um pouco de para quedas e neste caso tens toda a razão tudo parece um pouco confuso, mas como bem sabes interesso-me bastante por este tema o pelo que em mim não se declararam estas dificuldades, mas sim são pontos negativos para o filme. Não concordo que seja um cidade de Deus Italiano, isso seria diminuir um em prol de outro. Seguindo o Raciocínio podíamos afirmar então que o Cidade de Deus é o Los Olvidados Brasileiro.
Gomorra ou a Cidade de Deus italiana
Fui ver há dias o tão propalado filme de Matteo Garrone, Gomorra. E o que posso dizer é que o que mais gostei em toda a fita foi a fotografia. Ora isto pode traduzir diferentes perspectivas da apreciação pessoal de um filme. Para o caso concreto, o que mais gostei foi a fotografia é em tom depreciativo.
Gomorra é mais do mesmo, na minha modesta opinião. Mais máfia, mais tiros, mais droga, mais miudos perdidos na teia do crime organizado, mais isto e aquilo. Está certo que à partida Garrone é corajoso por apostar num filme cuja temática já foi saturadamente explorada. E certo está que o argumento não é original mas inspirado no livro Gomorra de Roberto Saviano. Mas a verdade é que para pegar num tema velho como este, mais valia pegar com originalidade e reflexão. Sou suspeito no entanto, dada a minha parca paciência para filmes com muitos bosses, droga e armas.
Mas vamos ao filme: Gomorra retrata a delinquência dos bairros sociais de Nápoles nos anos 60 e 70 através de uma camera espectadora, expectante, narradora, quase que em registo documental. Deliquência essa que tem como epicentro o poderoso negócio da droga, e com ele das armas e da corrupção.
Apesar de pegar em 5 histórias diferentes, o realizador vai conduzindo-nos fundamentalmente através dos olhos e pensamento de Toto, um miudo filho de uma merceeira que enquanto vai vendendo as coisas da loja da mãe de porta em porta vai observando a repetição exaustiva de cenas de tráfico e violência. O quê que isto nos faz lembrar? Muitos outros filmes, pois claro.
Outras quatro histórias se nos deparam. A de um Don que explora aterros para lá esconder "resíduos químicos"; a de dois jovens turbulentos que se iniciam na vida do crime mas só fazem asneiras da grossa; a de Don Ciro, um intermediário de uma das máfias que paga as contas da organização de porta em porta; e a de um empregado de um fábrica de costura pertencente a um patrão que não paga a ninguém e que quando sabe que o seu empregado faz horas extra numa fábrica chinesa clandestina o manda assassinar.
Na minha opinião, muito do insucesso deste filme passa pela inexistência de uma linha coerente entre estas histórias. Chegar a parecer um amontoado de cenas chocantes. Se se pretendia denúncia e crítica social, tudo bem. Parabéns! Se se pretendia realismo, tudo bem. Hiper-realismo, sem dúvida! Agora se não se pretende mais do que isso, então é uma pena.
Talvez o filme acabe por desenhar uma linha evolutiva da delinquência (multifacetada): o pequeno Toto, os dois adolescentes; o aprendiz do Don que controla os aterros; o costureiro; e Don Ciro como conclusão aterradora de uma vida de tensões, medo e violência.
Também a forma como se expõe a estupidez xenófoba está interessante: chineses, italianos, colombianos e outros. Todos contra todos. Todos a negociar uns com os outros. Ali, a vida negoceia-se.
Por outro lado, não se chega a compreender se existe ou não uma unidade na máfia napolitana. Se existe uma máfia da Gomorra, ou apenas bandos atrás de bandos. Para piorar as coisas, fica-se ainda mais confuso quando no fim passam uma série de frases bombásticas em que numa delas se lê qualquer coisa como: "A Máfia de Gomorra investiu milhões de dólares na reconstrução do Ground Zero de Nova Yorque".
Destaque para as actuações de Gianfelice Imparato (Don Ciro) e do empregado da fábrica de costura, do qual não sei o nome neste momento. Representam ambos uma geração mais velha, uma geração cansada da realidade circundante e procurando um sentido mais claro para o seu dia a dia. A angústia está fortemente enraizada nestas personagens.
Como referi no início, o que mais gostei em Gomorra foi mesmo a fotografia. Por isso aqui ficam dois exemplares de uma cena em que a violência é pintada nos seus tons (humanos) mais absurdos: loucura, irracionalidade, estupidez, histeria, selvajaria.
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