quinta-feira, julho 16, 2009
o pecado dos guionistas
A propósito do ciclo de cinema do Campo Alegre, já por aqui publicitado, apraz-me fazer um breve comentário sobre o filme de terça: Mio Fratello è Figlio Unico (Itália, 2007), de Daniele Luchetti.
A melhor forma de iniciar este comentário é explicar o porquê de ter ido ver o filme, já que esse iter é para aqui fundamental: quis ver Mio Fratello è Figlio Unico quando soube que os guionistas da película eram os mesmos responsáveis pelo filme La meglio gioventù (Itália, 2003), de Marco Tullio Giordana. Isto porque gostei tremendamente deste último. Com outro dos responsáveis pelo Cineclube da FDUP, o Tiago, partilhei (aquando da ida) e partilho ainda hoje apontamentos sobre esse filme maravilhoso.
Mas adiante.
Exposta esta relação causa-efeito, devo então dizer que este Mio Fratello è Figlio Unico apresenta uma história perfeitamente decalcada do La megliò gioventú, com a agravante de ser francamente mais vulgar, monótono, sem chama. Isto aos olhos de quem viu anteriormente o La meglio gioventù. Acredito que Mio Fratello è Figlio Unico possa eventualmente ser bem mais vibrante quando visto sem conhecimento prévio do outro.
Retomando o apontamento: decalcado porquê?
As personagens: a família italiana pitoresca, os dois jovens irmãos como personagens principais e uma mulher entre os dois (e os dois apaixonados, em tons diferentes).
O contexto histórico: anos 60/70 no fervilhar dos movimentos operários, meias-revoluções, comícios de estudantes esquerdistas, marxismos-leninismos, fascismos e saudosismos da vecchia signora da camisa negra , etc. etc..
A nostalgia: catrapada de despedidas, meias-despedidas; umas físicas, outras mais espirituosas.
A perturbação emocional de um dos irmãos ao longo de toda a fita: no caso de Mio Fratello è Figlio Unico, o jovem Accio.
O carinho inatacável entre os dois irmãos, não obstante as divergência marcantes na personalidade, nos afectos, ou até, a dada altura, nas convicções políticas.
A mulher: serena, belíssima, apaziguadora. Um híbrido elo entre os dois irmãos.
Concluindo: foi ver um remake ou uma sequela sem o encanto e profundidade do original.
Salva-se a lindíssima actriz Diane Fleri (Francesca), a excelente interpretação de Elio Germano (Accio Benassi) e, curiosamente, a meu ver, o título do filme: numa família com três filhos, Accio comporta-se, de facto, como um verdadeiro filho único - e ignoremos por agora os contornos mais ou menos definidos do termo.
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2 comentários:
discordo completamente da tua análise.
já vi os dois várias vezes e não me parece que os pontos de contacto sejam assim tantos.
Mas nos que eu refiro, estás de acordo? É que já são alguns... (e preponderantes para a "plot", isto é, sem esses pontos (de contacto) temáticos, seriam outros filmes que não os que estão em causa).
Um abraço
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