quarta-feira, agosto 08, 2007


Há coisas inacreditáveis.

Segunda-feira, dia 30 de Julho, morre Ingmar Bergman, em casa, na pequena ilha sueca de "Faro", onde havia vivido os seus últimos anos em isolamento. Tinha 89 anos.

Poucas horas mais tarde, no mesmo dia, morre Michelangelo Antonioni, na sua residência em Roma. Tinha 94 anos.


Antonioni começou a sua carreira integrado no movimento Neorealista italiano, contudo, cedo divergiu, criando o seu próprio estilo, centrado em temas filosóficos e existencialistas. Anti-moralista, filmava ao sabor dos seus instintos e com uma espontaneidade única:

"When I am shooting a film I never think of how I want to shoot something; I simply shoot it. My technique, which differs from film to film, is wholly instinctive and never based on prior considerations. (...) I am not a theoretician of the cinema. If you ask me what directing is, the first answer that comes into my head is: I don't know. The second: All my opinions on the subject are in my films."


Entre as largas dezenas de filmes que realizou, escreveu, produziu e editou, destacamos "L´Avventura" (1960), "La Notte" (1961), "L´Eclisse" (1962), "Il Deserto Rosso" (1964), "Blow-Up" (1966), "Zabriskie Point" (1970), "The Passenger" (1975), "Il mistero di Oberwald" (1981), e "Identificazione di una Donna" (1982).


O Cineclube presta, mais uma vez, a sua homenagem a dois dos maiores realizadores vivos, que num tão curto espaço de tempo nos deixaram. A sua memória e o legado incomparável das suas obras permanecerá, infinitamente, revisitado. Faremos por isso.

3 comentários:

Guilherme Silva disse...

Muito bem...são sempre boas as homenagens póstumas.
Apesar de apenas conhecer a obra de Bergman, decerto o mundo do cinema perdeu dois grandes vultos.

joaquim.guilherme.blanc disse...

Excelente texto, Maria João.
Acabei mesmo agora de ler um pequeno artigo, muito interessante, sobre o funeral do Bergman. Planeou meticulosamente toda a cerimónia antes de morrer: pessoas, local, caixão, carpinteiro do caixão, e até a música de fundo. Bach, pois haveria de ser, como no seu Sarabande de despediada da sétima arte.
Bergman e Antonioni deixam um legado tão intenso e genial que fazem acontecer a Vida sob outras formas.

x disse...

vês mj!tens é de cumprir o teu dever e aparecer no blog mais vezes :) (e o sr. aquiles também). o texto está óptimo.gostei muito. lembro-me bem que comentei com o meu pai - é estranha a sensação que tenho, nestas alturas,é como se o mundo perdesse mais alguma coisa, como se os grandes homens (e mulheres), que vão perecendo, deixassem a esperança menos densa, mais fria. parabéns pelo texto *