Design: Teresa Chow
Caros cineclubistas e amigos,
O Cineclube FDUP está de volta!
Para este semestre, o Cineclube propõe uma programação rica e diversificada que, como sempre, tem como escopo fundamental a sensibilização para as diferentes estéticas e filmografias da história do cinema, procurando "saltar" entre épocas, correntes e geografias. Deste modo permitindo ao público apalpar o terreno para, posteriormente - espera-se -, explorar mais por si e desenvolver os seus gostos próprios.
Assim, começaremos, já esta terça-feira, dia 2 de Outubro, com F, DE FRAUDE (1975), documentário paredes meias com a ficção (ou efabulação), assinado por um dos maiores realizadores da história, Orson Welles (com intervenção activa no próprio filme). Nova aposta, portanto, no registo documental (com as reservas acima mencionadas) por parte do Cineclube, e oportunidade para ver um dos filmes menos falados do cineasta americano.
A 16 de Outubro, Mizoguchi deixará de ser o único representante do cinema japonês no histórico das programações da casa. Nagisa Ôshima, um dos expoentes do cinema japonês pós-clássico, trará CONTOS CRUÉIS DA JUVENTUDE (1960), filme percursor da Nuberu Bagu japonesa, corrente integradora do movimento, mais genérico, das novas vagas que, por volta dos anos 60, e tendo em Godard, Truffaut e companhia o seu epicentro, emergiu um pouco por todo o mundo, desconstruindo a linguagem cinematográfica clássica e questionando os seus paradigmas teóricos e técnicos. No caso nipónico, a Nuberu Bagu significou, poder-se-á dizer, um duplo corte: cinematográfico, na medida em que revoluciona a forma de fazer cinema dos clássicos (Ozu, Naruse, Mizoguchi); e cultural, por retratar um Japão também ele pós-clássico, isto é, um Japão "ocidental", sob influência dos EUA, com tudo o que de mais virulento isso acarretou (o consumismo, a violência, a sexualidade, o rompimento da família, o desnorteamento da juventude, o abuso de bebidas alcoólicas, etc.).
30 Outubro será o dia de Sergei Parajanov, realizador em contra-corrente com a ditadura soviética da "arte socialista", e que teve em SOMBRAS DOS ANTEPASSADOS ESQUECIDOS (1965) um dos seus grandes filmes, fruto de um brilhantismo técnico e visual que o aproxima de Tarkovsky, não descurando, simultaneamente, o seu interesse pelo mundo rural e foclórico da Ucrânia soviética.
Seguiremos com O SABOR DA CEREJA (1997), o aclamado filme do iraniano Abbas Kiarostami, outra estreia absoluta no Cineclube, que lhe valeu a Palma de Ouro, em Cannes, em 1997
A fechar a programação para este semestre, nova aposta no cinema português, como que para deixar bem acessível aquilo (o cinema de autor nacional) que o mercado não deixa. Depois da exibição de "Mutantes", o Cineclube FDUP propõe aquele que é um dos grandes filmes na história do cinema português: O SANGUE (1989), o primeiro filme de Pedro Costa, realizador multi-premiado no circuito internacional, mas que tem vindo, no entretanto, a construir uma abordagem cinematográfica distante dessa primeira obra. Oportunidade, também, para apreciar dois grandes actores de uma geração: Pedro Hestnes e Inês de Medeiros.
Em Dezembro, o Cineclube oferecerá uma sessão especial e, quem sabe, algo mais!
Até terça-feira, às 18h15, na sala 0.01 (piso do bar). Todos convidados.