domingo, novembro 25, 2012

27 Nov.:"Sombras dos Antepassados Esquecidos"



                                  Design: Teresa Chow
                                           
O Cineclube encerra, esta terça-feira, a sua programação regular com o filme Sombras dos Antepassados Esquecidos (1965), de Sergei Parajanov. Pelas 18h15, na sala 0.01. Todos convidados!

Oportunidade, ainda, para anunciarmos o nosso modesto presente natalício. Até lá!

terça-feira, novembro 20, 2012

In the mood for love



Desta parte ninguém se esquece!

Low Tide, LEFFEST'12


Sobre um dos filmes do LEFFEST' 12 para o qual o Cineclube FDUP ofereceu bilhetes, Nuno Galopim escreve aqui, descrevendo-o como um dos melhores filmes que viu nesta edição do festival.

"Segundo filme de Roberto Minervini, Low Tide é um olhar de poucas palavras construído em volta do dia a dia de um rapaz de 12 anos, algures numa pequena cidade americana (pela cena final, imaginamos que seja no litoral), durante os meses de Verão. Nas primeiras imagens vemo-lo a andar de bicicleta, dela saindo para apanhar uma cobra que vira entrar numa fissura no solo. Nos minutos seguintes transporta e arruma gelo, faz uma máquina de roupa... E só passado um quarto de hora uma voz rompe o silêncio de palavras. É a mãe, que no seu jeito indolente, lhe pede uma cerveja.

Ao longo dos cerca de 90 minutos do filme pouco mais vemos do que o quotidiano do rapaz e o mundo de contrastes da mãe (que de dia trabalha num lar de idosos, contando com a ajuda do filho que por ali almoça, e vive noites ruidosas de festa entre amigos). Mais de gestos de palavras, Low Tide é também mais feito de olhares que propriamente de uma trama. A câmara de Roberto Minervini aproxima-se por isso de um registo documental, procurando observar sem interferir, estudando o espaço, reparando nas rotinas, sugerindo que, além delas, pouco mais há naquelas vidas. E o aparente espaço de liberdade total que parece existir na vida do pequeno protagonista é, afinal, pouco mais que um terreno em potência onde parece que nada de novo ele próprio já espera que aconteça.

Destacando-se pelo cruzamento de uma linguagem documental com uma ideia minimalista de ficção, Low Tide tem como potenciais focos de interesse a espantosa interpretação do protagonista (Daniel Blanchard ) e uma demanda que parte da sugestão de uma muito ténue linha narrativa que vive sobretudo do tempo que passa, daquele lugar e suas personagens. E tal como o realizador ali não procurou mais (nem sequer o nome da mãe e do filho), não queiramos nós encontrar aqui o que aqui não está."

quarta-feira, novembro 14, 2012

Doclisboa'12: Roman Polanski: A Film Memoir



Crítica por: André Guerreiro

Embora seja apresentado como um documentário, só o é na sua definição mais restrita – em primeiro lugar, por não existir uma frieza analítica subjacente ao normal distanciamento proporcionado pela imparcialidade jornalística, pelo facto de a entrevista ser conduzida pelo seu amigo de longa data (apesar de ser filmada várias vezes a lareira introduzindo uma ideia de quão familiar está a ser a conversa, sempre uma lovely referência). Não significa necessariamente que estejamos perante um bias, porém. Enquanto vamos avançando no filme e,consequentemente, no detalhar dos infortúnios vividos por Polanski, percebemos que este filme constitui quase um direito de resposta de um individuo perante uma ordem natural e social que em nada foram fáceis para ele.
Torna-se também díficil rotular este filme de documentário quando é, essencialmente, uma longa entrevista pontuada com elementos visuais algo óbvios e literais (e melosos efeitos, diga-se, prestando uma memoir também ao powerpoint).
Ora, uma das valências anunciadas do filme seria o entrecruzar  o depoimento de Polanski retratando a sua própria existência e a correlação existente com os filmes que fez, explorando o normal e esperado acto de transpor, mesmo que inconscientemente, algo do ADN vivencial para a obra do artista. Esta premissa automaticamente afastar-lo-ia dos genéricos trabalhos documentais que se limitam a detalhar informações facilmente alcançáveis na memorabilia de dados que é a Internet. Na verdade, tal premissa está muito mal concretizada, sendo que só atinge a sua plenitude quando determinados momentos da vida de Polanski encontram suporte físico nos seus filmes, como no caso do seu pessoalíssimo O Pianista. Não deixa de ser interessante/agonizante perceber quão reais são os eventos do referido filme, porém, e é gerador de lágrimas percebermos o limite entre a ficção e a simples autobiografia.
Já nos restantes filmes que compõem a obra deste autor, só nos é dada uma ligeira contextualização do status quo de Roman Polanski na altura do lançamento de cada um.
Outra falha que se poderá apontar a este filme passa pelo estilo deficiente de entrevista de x, manipulando Polanski para uma realidade bem menos agressiva dos factos, fazendo parecer que todas as dificuldades de vida do realizador sejam uma desculpabilização do erro de Polanski, a suposta violação de uma menor .
Para além disto, X tem também um desejo desproporcionado de aparecer, quer seja pela quantidade de vezes que força a sua cara e expressão nos planos, ou pela necessidade incessante de acabar as frases de Polanski.
Embora estas falhas retirem alguma validade ao filme propriamente dito, à film memoir, a verdade é que dispõe de uma vantagem óbvia, que é dar-nos a possibilidade de assistirmos ao discurso directo de alguém tão interessante quanto Roman Polanski.
Este teve uma vida que, se fosse ficcional, seria com certeza acusada de ser um melodrama exagerado, cheio de negros twists. Desde a tocante descrição da vida no bairro judeu (sendo que bairro soa a eufemismo suburbano para tão real segregação), com toda a luta pela sobrevivência e perda que iriam influenciar mais tarde as suas opções de vida e, paralelamente, influenciar a escolha de direcção artística(mormente o facto de parecer uma redundância, há mais num homem que a sua história pessoal, como prova o seu ecletismo no que a géneros fílmicos diz respeito), até ao assassinato da sua esposa grávida por parte do gang de Charles Manson (exactamente o mesmo destino que a mãe dele sofreu pelas mãos das SS, único elemento coerente na aleatoriedade trágica da sua vida).
Temos, portanto, um detalhar de todos os infortúnios vividos por Polanski, que acabam por se confundirem com a própria vida deste, pelo facto desta se ter desenrolado sempre através da reacção a tragédias. Tristemente, quando houve algum exercício de livre arbítrio, foi consubstanciado na violação de uma menor, como já dissemos. Este acaba por ser um momento central do filme, porque Polanski evita o assunto no que diz respeito a motivações, preferindo focar-se na perseguição mediática a qual foi sujeito, surgindo também na persona de vítima. E talvez seja, em parte. Mas verdadeiramente importantes não são estas situações que irão ver  a sua importância diluída no tempo. O que acaba por ser importante é que temos aqui a dimensão humana de um realizador responsável por grandes obras, e um homem eloquente, cândido e sentimental. Se errou, ou se o universo errou com ele, serão só valorações que se dissiparão com o peso da importância do que criou.

Doclisboa'12: News From Home, Chantal Akerman


Crítica por: André Guerreiro

News From Home é uma obra absolutamente pessoal de Chantal Akerman. Por mais óbvia que pareça esta afirmação, a verdade é que nunca a vemos, nem há outras personagens que a representem como medium figurado ( como, por exemplo, nos trabalhos mais recentes de Woddy Allen, em que há uma transferência da sua persona para outro actor, outra realidade)
  É necessário atender ao contexto vivencial de Chantal Akerman para não confundir este filme com uma ode visual à America suburbana, qual início de Down By Law de Jim Jarmusch: Chantal, originária de Bruxelas, decide ir viver para os Estados Unidos, mais concretamente para Nova Iorque.


Como qualquer jovem que viva em saudável contacto com as autoridades parentais, Chantal recebia cartas da mãe a descrever assuntos familiares e a esgrimir as genéricas preocupações relativamente à vida da filha: Frio; fome;saúde; cabelo novo?Fica-te bem;amigos. Esta situação de temporário exílio e a manutenção de contacto com a sua anterior realidade alimentam de substrato humano o que conceptualmente é muito simples: longos planos da cidade americana entrecruzados com a leitura, em voz off, de Chantal do conteúdo das cartas da progenitora, representação ulterior de tudo o que conhecia e lhe era familiar.

O que torna este filme tão pessoal não é apenas o facto de serem concretamente as cartas da mãe de Chantal a serem lidas por Chantal, mas o que nos é deixado ver e ouvir ao mesmo tempo. Este voyerismo (que parece em tempo real) de algo tão intimo como a correspondência familiar está submergido não da glamourosa Nova Iorque, mas sim de paisagens desoladas, naturezas mortas de uma sociedade cinzenta. Vemos, portanto, a cidade, mas através do olhar de Chantal.
Percebemos, então, a sinestesia existente entre o que o olhar estranho e frio (real?) de Chantal opta captar da cidade e os sentimentos sobre ela, sabendo assim que Chantal sofre. Sofre da quase inevitável alienação urbana e o anonimato traduzível quer nas ruas vazias à noite quer no metro cheio de gente, onde os sons maquinais que todos ouvem são o único elemento comum a todas estas vivências e identidades tão dispares, que deixam de ser importantes na sua individualidade.  A própria voz da mãe e, consequentemente, a ligação familiar, começa a perder volume e intensidade, vergando-se perante a inevitável força negativa da distância e do meio urbano.

Esta tese de estarmos a receber a própria valoração da vida de Chantal por telepatia visual com esta é confirmada no final do filme, num longo plano filmado desde um barco, que lentamente ,afastando-se da paisagem nova iorquina, demonstra o finalizar da experiência e o regresso a casa.

Doclisboa'12: Lucky Three, Lucky Three: an Elliott Smith Portrait – Jem Cohen


Crítica por: André Guerreiro


Esta lindissíma curta tem como objecto Elliott Smith e o seu eu transplatado em canções, mais concretamente três musicas (e é aqui que reside a referida beleza da curta) : Angeles, Between The Bars e Thirteen, tudo clássicos, ainda que esta última tenha sido apenas editada em álbum póstumo.  
Como já referido, pouco mais acontece aqui que a beleza crua das canções, apesar de alguma footage do artista a caminhar e a conduzir pela cidade, no clássico estilo de Jem Cohen. Não há aqui um olhar compreensivo sobre Elliott Smith ou alguma consideração sobre a vida deste, mas quando as músicas são tão rendilhadas de sentimentos e profundidade emocional que palavras para além das que canta não se tornam necessárias.

Doclisboa'12: La Chambre, Chantal Akerman


Crítica por: André Guerreiro

Curta experimental (naquele sentido clássico em que não compreedemos muito bem o objectivo, se há algum, subjacente às simples imagens que vemos) de Chantal Akerman. Talvez o erro seja precisamente a procura de um significado além do encapsular de determinada realidade, embora talvez nos aborecessemos se não encontrassemos um propósito maior.

  Diga-seque o nome da curta constitui um spoiler compreensivo de toda a acção, sendo o quarto tudo o que a camara regista, em flutuante rotação de 360º sobre o mesmo. A única acção estranha ao elemento espaço, é o facto de Chantal se encontrar no quarto e, por vezes, trincar uma maçã.

 La Chambre, não deixando de fazer sentido com a restante obra de Chantal Akerman no que diz respeito à percepção do espaço e a integração do elemento humano neste, não conseguimos deixar de vê-lo como um exercício menor.

Doclisboa'12: Hotel Monterey, Chantal Akerman


Crítica por: André Guerreiro
Por muito que os filmes de Chantal Akerman possam divergir no enredo, e na acção objectiva que apresentam, nunca estão apartados de uma consciência do espaço de onde se desenrolam, quase como se fossem reflexo da vida do ser que albergam.  Em Hotel Monterey o espaço arquitéctonico não funciona como mais um elemento subtil de interpretação psicológica de uma determinada personagem, mas sim o unico elemento de caracterização existente, retrato de uma flutuante multidão anónima. A solidão do simples passageiro que nunca parte porque outra figura abstracta preenche o seu lugar, não há nomes, nem caras, no Hotel Monterey. Apenas a construção, em tempos com certeza grandiosa, mas agora desolada e esquecida, por mais que ainda em funcionamento. As paredes despidas e os cantos vazios demonstram a ausência de pessoas e longas estadias; são nos sítios de passagem encontramos alguma moldura humana. No elevador, nos quartos, onde param homens que não se mexem, ainda que num longo plano, se revelam quase como mobília do local : provavelmente um empregado. Mesmo Chantal (vemos apenas suas costas) aparece e desaparece de um quarto, mesmo ela é mais uma transeunte sem cara.

Para reforçar o sentimento de isolamento metafórico, o som está absolutamente ausente deste filme, nem sons ambiente que nos distraiam da propositada ausência de acção. São 65 minutos de quasi-retratos Hopper-like de um realismo urbano, consubstanciando a alienação da vida moderna americana (tal como era objectivo de Hopper, também). A partir dos 30 minutos, a camara começa a mover-se, e a desenhar esboços de travellings até ao que pode chamar o ponto de fuga das imagens que apresenta, até ao climax final, a fuga do prédio e o acesso à skyline americana.

Argumentam os detractores do filme que este não é mais que uma aborrecida colagem de imagens sem um objectivo prático, a verdade que este, por mais que seja marcado pela ausência de narrativa, não deixa de ter algo para dizer. E como é belo o cinema que mesmo com o movimento que o caracteriza estando algo ausente, consegue transmitir tantas ideias, pelo facto de escolher objectivamente representar as naturezas mortas tal como elas são.

Doclisboa'12: Genesis Encore Cascais 75

 
 

Crítica por: André Guerreiro

Tendo como móbil a vinda dos Genesis a Portugal em 1975, em pleno PREC, Genesis Encore Cascais 75 retrata e contextualiza toda uma geração de jovens, e de como a liberdade paulatinamente se iria revelando através da cultura e do acesso a esta. Diga-se desde já, que ser fã ou não de Genesis não interessa quase nada, interessando apenas, talvez, para partilhar o entusiasmo com os entrevistados.
Ultrapassando o problema de não existirem gravações video do concerto (apesar das gravações piratas de audio, que nos são aleatoriamente apresentadas durante o filme) com bem humoradas entrevistas a clássicos do mundo da música portuguesa e afins, tais como elementos dos Xutos e Pontapés, aparecendo como representantes das suas personas adolescentes relembrando todo o contexto em que se inseriu tal evento.

O ponto chave deste filme é obviamente a memória. A memória na sua acepção mais lata, de efectivamente aquelas pessoas entrevistadas se lembrarem perfeitamente de imensos pormenores do concerto e daquele dia, tendo sobrevivido à inevitável erosão que a selecção de memória proporciona, mesmo à mais bela recordação. Também é invocada (naquele epílogo algo desinteressante) a memória na sua acepção mais nobre e histórica, relativamente à necessidade de preservar a memória como se património de um povo se tratasse. Também, reforça a necessidade de preservar não apenas as instituições mentais, mas também as físicas e concretas, como o Dramático de Cascais, que albergou este e tantos outros históricos concertos, estando prestes a ser demolido.
Quer tenhamos vivido tal época, quer não, é sempre importante nunca o esquecer um passado recente, tão contextualizador é do presente e de todo o eventual futuro. Portanto, importante se torna ver este filme e manter tais eventos na memória colectiva.

Doclisboa'12: Tomorrow we Move, Chantal Akerman


Crítica por: André Guerreiro

Primeiramente, é importante congratular o DocLisboa e a Cinemateca (embora esta mereça um agradecimento vitálicio pela mera existência), pela oportunidade incrível que é a revisitação da obra integral de tão importante cineasta como Chantal Akerman .
Embora estivessemos a referir-nos à obra integral de Chantal, nunca pensariamos estar perante uma obra em particular que fosse tão integral quanto esta, no que diz respeito à sua falsa digestão. Para quem apenas tinha tido o prazer de ver Je, Tu, Il, Elle e Le Rendez-vous de Anna anteriormente a este ciclo, filmes caracterizados por longos e introspectivos silêncios, reflectindo alguma falta de sentido e direcção das personagens que serviam um propósito maior, de ilustração de algum vazio existencial do ser humano e, consequentemente, das relações que estabelecem entre si, nunca imaginaria ver um filme deste género, uma comédia ritmada, que ameaça tornar-se em musical a cada segundo. Embora tal nunca chegue a acontecer, e as palavras nunca cheguem a ser cantadas, ainda imperam, e são o maior veiculo de comunicação do filme.

Para além deste inesperado choque térmico de mood fílmico, começamos progressivamente a habituar à substituição da crueza  flagrante dos anteriores filmes para uma mais ligeira abordagem ao que podemos considerar problemas clássicos constantes da obra de Chantal Akerman, o isolamento do ser humano, quer face à plasticidade das relações, quer em relação ao isolamento como uma necessidade, para a prossecução de um determinado objectivo artístico. 
Objectivamente, temos a história de uma mulher-Catherine – que, na direcção inversa à uterina, muda-se para o duplex da filha Charlotte, devido à morte do marido. Consigo traz uma quantidade desproporcionada de bagagem, quer física quer emocional (sendo que a mala com que não dispensa dormir, repleta de antigos bens domésticos do marido, como cuecas e maquina de barbear, transformadas em preciosas memórias pelo toque de midas mental no sobrevivo que a morte constitui, representa bem a união destas duas dimensões), que desorganiza a vida da filha. Quando o que a filha mais precisa é uma reclusão artística, por não estar a conseguir escrever o livro erótico que lhe está encomendado. Por mais que procure no mundo que a rodeia o erotismo que lhe falta na criação mental, a mãe é uma das únicas fontes que rejeita, pelo facto na hierarquia feminina que definiu tacitamente para ela, surgir  primeiro mãe antes que mulher de plenos direitos.  Esta demonstração da sexualidade latente ser corolário óbvio de ser humano (isto já seria obvio pela nossa existência ser um extravasar dessa sexualidade latente, pondo a questão em eufemismos crípticos), surge logo na primeira cena do filme: ouvimos Catherine, desde fora de plano, a dar instruções relativamente ao transporte do piano para a sua nova casa, em tom ansioso.Quando a transladação se dá de forma bem sucedida altera-se o registo da voz, e a mudança para pequenos gritos de excitação combinada com os picos do sismógrafo respiratório dão origem a uma não-tão-subtil-assim analogia com um orgasmo.

 A diferença entre fuso horário de vida e necessidades entre as duas mulheres gera uma outra necessidade em Charlotte: a da mudança. Tal predisposição encontra uma real oportunidade prática quando esta conhece Popernick, agente imobiliário. Como eventualmente se torna óbvio, este é outros pontos absolutamente essenciais do filme (e tematicamente, como já referido, do cinema de Chantal): a mudança, o acto de procura de uma casa representam figuradamente o sentimento de exílio permanente, e a importante correlação entre o local de habitação e a identidade pessoal e cultural do sujeito. Tais realidades são evidenciadas em vários momentos centrais do filme, tais como o da descoberta de um apartamento decente para Charlotte viver, mas que devido à desinfecção que foi alvo, emana um cheiro que despoleta recordações das camaras de gás dos campos de concentração em Popernick, sobrevivente do Holocausto. Outro importante exemplo dá-se quando Cathrine e Charlotte tentam vender o duplex e surgem todo o tipo de casais, que representam o positivo e negativo das relações permanentes, tal como representam o facto da mudança de casa significa uma alteração das circunstâncias de vida e do relacionamento (Why put a new adress on the same old loneliness?, cantam os Songs:Ohia, e adequa-se perfeitamente, embora não estando na banda sonora do filme). Todas estas pessoas e relações são alegorias, mas complexas e reais, ao ponto de não parecerem carregar o peso do estereótipo fácil normalmente associado à comum alegoria. Desde o casal que em nada concorda mas que tem medo de existências não compartilhadas; a uma mulher grávida infeliz com a sua situação e com o seu overly-sexual marido; ao casal absolutamente neurótico que julga milimetricamente todos os elementos da casa, e imagina-se, cita leis e regulamentos. Engraçado se torna quando todas estas figuras se juntam e tentam cumprir a normalidade social.
Com todas estas camadas de alguma infelicidade doméstica, dos seus apêndices relacionamentais e da sua indissociável habitação, alguns padrões de felicidade e mudança de sorte aparecem também. Porque, tal como a casa, talvez amanhã encontremos algo melhor, talvez amanhã possamos ser felizes, onde quer que seja.

Cineclube FDUP no Doclisboa'12

 


O Cineclube FDUP marcou presença no Doclisboa'12 e aqui está o resultado: sete críticas bem fresquinhas, escritas por André Guerreiro.

Se também foste, envia-nos as tuas críticas, comenta, expressa-te! Caso ainda não tenha sido desta que marcaste presença no festival, esperamos pelo menos deixar-te com água na boca.

PASSATEMPO LEFFEST


Temos vencedores!
Ao passatempo lançado pelo Cineclube FDUP no passado domingo a resposta seria Monte Hellman. Assim, deixo aqui a lista de vencedores dos bilhetes oferecidos para o Lisbon and Estoril Film Festival.

Tânia Alexandra Leal da Silva Dias
Jorge Manuel da Silva Morais
Ana Isabel Macedo Falcão Fernandes
Rui Humberto Elisabeth Viegas

Bons filmes e bom festival!

segunda-feira, novembro 12, 2012

O SABOR DA CEREJA

 

Design: Teresa Chow
 
 
É já esta 3ª feira, dia 13 de Novembro, que o melhor cinema da UP regressa à sala 0.01 (piso do bar), da Faculdade de Direito, com O SABOR DA CEREJA(1997), de Abbas Kiarostami, Irão.
 A sessão tem início às 18h15.
 
Não percas, até lá!

domingo, novembro 11, 2012

Quem quer ir ao LEFFEST?


O Cineclube FDUP associa-se ao Lisbon and Estoril Film Festival (LEFFEST), tendo 4 bilhetes para oferecer. Aos primeiros a responderem à pergunta "Qual o realizador a ser homenageado hoje - domingo, 11 de Nov. - no LEFFEST?", para o email do Cineclube FDUP será atribuído um bilhete individual para o Festival. A resposta deverá ser acompanhada do nome completo.


Estes bilhetes destinam-se às seguintes sessões:

2 bilhetes individuais para Low Tide, Roberto Minervini, sexta 16 de Novembro, às 19h
2 bilhetes individuais para Rengaine, de Rachid Djaidani, sexta 16 de Novembro, às 22h.



 


Participa!